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G. Ciências Humanas - 5. História - 8. História Regional do Brasil
CUIABÁ NAS DÉCADAS DE 1950 E 1960: ENTRE O ANTIGO E O MODERNO
Fernanda Quixabeira Machado 1   (autor)   quixabeiraf@terra.com.br
Pio Penna Filho 2   (orientador)   piopenna@uol.com.br
1. Mestranda do Depto. de História, Universidade Federal de Mato Grosso-MT
2. Prof. Dr. do Depto. de História, Universidade Federal de Mato Grosso-MT
INTRODUÇÃO:
Há épocas na história em que as mudanças parecem ocorrer com maior velocidade. A segunda metade do século XX, foi uma dessas épocas. No discurso jornalístico das décadas de 1950 e 1960, Cuiabá estava correndo atrás dessas mudanças como se tivesse despertado de um longo sono. O discurso do progresso ressurge com toda força, havendo uma luta para construir a imagem de uma cidade moderna. A sensação dos brasileiros, ou pelo menos de grande parte dos que viveram entre 1950 e 1979, como destacam João. M.C de Melo e Fernando. A. Novais “era de que faltava dar alguns passos para finalmente nos tornarmos uma nação moderna”. Neste sentido a pesquisa teve por objetivo investigar as mudanças ocorridas na infra-estrutura da cidade no decorrer das décadas de 1950 e 1960, bem como realizar um estudo da história cotidiana da população cuiabana.
METODOLOGIA:
Foram utilizadas fontes impressas: o jornal O Estado de Mato Grosso, do período de 1950 e 1968, disponíveis nos acervos do Núcleo de Documentação e Informação Histórica e Regional da Universidade Federal de Mato Grosso (NDIHR) e no Arquivo Público de Mato Grosso (APMT); os Recenseamentos de 1950 e 1960 fornecidos pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) e fontes orais.
RESULTADOS:
No inicio do século XX, Cuiabá passa por um período de estagnação econômica decorrente do declínio da produção das usinas de cana-de-açúcar. A situação começou a mudar da década de 1940, com a política do Estado Novo que assegurava maiores recursos financeiros para as capitais. Constata-se que a transferência da capital federal para a Região Centro-Oeste em 1961 estimulou o crescimento das cidades da região. Foi na década de 60, que Cuiabá sofreu grandes transformações, graças à política de ocupação da Amazônia Meridional adotada pelo Governo Federal. De 1950 a 1970 a população urbana de Cuiabá quase que dobrou, de 56.204 habitantes em 1950, passa para 100.865 em 1970. Com isto, a sua paisagem urbana e a dinâmica populacional adquirem uma nova fisionomia. No entanto, o progresso material requer também a mudança de hábitos e costumes que não ocorrem repentinamente. Ao mesmo tempo em que o progresso era almejado pela sociedade cuiabana, ele era igualmente temido. Toda sociedade cria normas de conduta e o descumprimento destas é vista com desconfiança e temor pelas forças conservadoras.
CONCLUSÕES:
Percebe-se em Cuiabá, um duelo entre o passado e o presente, entre o antigo e o moderno. Havia uma distância entre a cidade que se tinha e a cidade que se queria ter. O discurso jornalístico investia em previsões e expectativas de progresso enquanto crescimento econômico e modernização da estrutura e dos serviços. Porem, tal aspiração modernizadora contrastava com o conservadorismo cuiabano. Era uma cidade de “vida calma e pacata, vivendo em um clima de intima cordialidade”, e que aspirava “viver uma vida de grande metrópole”, segundo os jornais. Inevitavelmente, Cuiabá passou por um processo de crescimento acelerado, um crescimento que se deu de forma caótica e desordenada e cujos reflexos fazem sentir até hoje no dia a dia da cidade.
Instituição de fomento: CAPES
Palavras-chave:  Progresso; Cuiabá; Décadas de 50 e 60.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004