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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
ESTIMATIVA DO POTENCIAL DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA NUM ASSENTAMENTO RURAL
Lucas da Silva 1   (autor)   lucasgeografia@yahoo.com.br
Hermes Alves de Almeida 1   (orientador)   hermes_almeida@uol.com.br
José Ferreira da Costa Filho 2   (co-orientador)   
1. Depto. de História e Geografia, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
2. Depto. de Solos e Engenharia Rural da UFPB - Areia, PB
INTRODUÇÃO:
Atualmente a escassez de água potável tem se constituído num dos maiores problemas sociais do mundo, pois a população tem crescido numa proporção muito maior do que os mananciais hídricos do Planeta. No Brasil, apesar de dispor da maior reservar hídrica da Terra, estima-se que de cada dez brasileiros, dois não tem acesso à água potável, porque cerca de 78% da água está localizada na região amazônica, onde vivem 5% da população nacional, o restante (20%) destina-se a abastecer 95%dos brasileiros.
O semi-árido nordestino é caracterizado por uma elevada irregularidade na distribuição da precipitação pluvial, tanto espacial quanto temporal, cuja média anual varia entre 250 e 800 mm e a estação chuvosa dura de três a quatro meses. Mesmo nos anos considerados normais, quanto à distribuição de chuva, há necessidade de armazenar água para o consumo humano durante os meses secos. A técnica simples de captar água de chuva, usando o telhado das casas, e armazenar em cisterna permite solucionar o problema da demanda de água difusa (beber e cozinhar).
Como a precipitação pluvial é o elemento de maior variabilidade intra e interanual além de ser decisivo para estimar o volume potencial de captação de água e armazenamento em cisterna, há necessidade de um estudo estatístico detalhado que permita estabelecer o regime de distribuição de chuva- mensais e anual- o mais próximo da realidade, objetivo principal do presente estudo.
METODOLOGIA:
Para realização do presente do trabalho, utilizaram-se os dados mensais e anuais de precipitação pluvial, correspondente ao período de 1920 a 2002, coletados na Estação Meteorológica do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Areia -PB, latitude 06o 58'S, longitude 34o 51' W e altitude de 642 m. A área de estudo foi o Assentamento Manoel Joaquim (INCRA), localizado no sitio Vaca Brava, zona rural do município de Areia e a 10 km da sede.
Com os dados da série pluvial foram calculados as medias de tendência central: média aritmética e mediana e de dispersão: amplitude e desvio padrão. Em seguida, ordenaram-se os dados anuais em ordem crescente, sendo determinado a probabilidade empírica e escolhidos os níveis de 25, 50 e 75%. Mediram-se o comprimento e largura das vinte e nove casas do Assentamento, o tipo de cobertura (telha de barro) e o número de pessoas residentes.
De posse dos totais anuais de chuva da série selecionaram-se: a média esperada, o mínimo, o máximo e os valores correspondentes aos três níveis de probabilidade e da área de cobertura das casas foram estimados os volumes (VC, em litros) de captação mediante a expressão: Vc= total de chuva (mm) x área do telhado (m2) x 0,75.
Utilizou-se a distribuição de freqüência para agrupar em classe os dados de: chuva, área de captação, volume de captação e consumo, com análise de freqüência e confecção de histograma e polígono de freqüências feitas usando-se a planilha Excel.
RESULTADOS:
Os volumes potenciais de água de chuva para os seis cenários estatisticamente possíveis, demonstram o grande potencial que a referida microrregião do brejo paraibano, polarizada pela cidade der Areia, dispõe para a captação da água de chuva. Admitindo-se o pior cenário (o ano mais seco da série 1920 a 2003), ainda é possível captar pelo telhado um volume de 30 mil litros. Já, com um nível de probabilidade de 25%, que corresponde a um ano a cada quatro anos, a chance é de coletar 49,3 mil litros, enquanto que, para a média esperada, o volume é de 62 mil litros. Fazendo-se uma análise comparativa entre o potencial de captação e o consumo difuso familiar, assumindo-se a necessidade de uso da água para todo o ano e não somente para a estação seca, verificou-se que o consumo seria inferior ao volume captado, até mesmo para o pior cenário de ocorrência de chuva e para famílias com quatro a cinco pessoas.
CONCLUSÕES:
Conclui-se que a precipitação pluvial apresentou uma elevada variabilidade natural tanto mensal quanto anual., embora a referida microrregião polarizada por Areia disponha de uma grande disponibilidade para a captação de água de chuva. O volume potencial de água escoado nos telhadas das casas do Assentamento Manoel Joaquim, mesmo na pior situação, garante o abastecimento de água potável para famílias com cinco pessoas durante todo o ano.
Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UEPB
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  clima; captação de água; cisternas.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004