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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
PRINCIPAIS CAUSAS DA DECADÊNCIA NO CULTIVO DO ALHO NA COMUNIDADE DE RIBEIRA, CABACEIRAS, PB.
Carlos José Duarte Pereira 1   (autor)   
Hermes Alves de Almeida 1   (orientador)   hermes_almeida@uol.com.br
Lucas da Silva 1   (colaborador)   lucasgeografia@yahoo.com.br
Juliana Nóbrega de Almeida 1   (colaborador)   julianageografia@bol.com.br
Iane Andrade de Oliveira 1   (colaborador)   
1. Depto. de História e Geografia, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
INTRODUÇÃO:
A cultura do alho (Allium sativum) na comunidade Ribeira, município de Cabaceiras, PB, teve inicio no século XX cujo plantio utilizava sistemas de leirões construídos nas margens do Rio Taperoá. Durante muitas décadas, a produção de alho foi considerada ascendente e somente a partir da década de 90, evidenciou-se um declínio de produção e produtividade que culminou num aumento do êxodo rural. As principais causas dessa emigração estão intimamente relacionadas as freqüentes estiagens e a falta de políticas públicas.
A precipitação pluvial no semi-árido nordestino é, sem duvida, o elemento meteorológico que apresenta maior variabilidade, tanto em quantidade quanto em distribuição mensal e anual, cuja média anual varia entre 250 e 800 mm e a estação chuvosa dura de três a quatro meses. Mesmo nos anos que chove acima da média esperada, não há uma regularidade na distribuição mensal e, portanto, os risco da agricultura familiar e de sequeiro são relativamente alto. Assim, a busca da explicação pelo declínio da produção de alho na referida comunidade, associando-se o regime de distribuição de chuva e a aplicação de políticas públicas, constituíram os objetivos principais do presente estudo.
METODOLOGIA:
Para realização do presente do trabalho utilizaram-se os dados mensais e anuais de precipitação pluvial, do correspondente ao período de 1930 a 2001, da cidade de Cabaceiras, PB, latitude 07o30´S, longitude 36o17´W e altitude de 390m. A área de estudo foi à comunidade da Ribeira, pertencente ao referido município. Com os dados da série pluvial foram calculadas as medidas de tendência central: média aritmética, mediana e moda e de dispersão: amplitude e desvio padrão. Utilizando-se a distribuição de freqüência, os dados anuais de chuva foram agrupados em classes, sendo quantificados as freqüências de anos com totais de precipitação acima e abaixo da média esperada por décadas.
A cultura era molhada (irrigada), usando-se água do Rio Taperoá. Contabilizaram-se, também, os dados de área plantada, a produção e o número de família. As análises estatísticas dos dados, incluindo-se a confecção de histogramas e polígonos de freqüências, foram feitas usando-se a planilha Excel.
RESULTADOS:
Os resultados mostraram que as dispersões, em relação ao valor médio esperado, foram superiores as médias esperadas na maioria dos meses do ano. Já, o total anual apresentou oscilação de cerca de 60%, ou seja, o valor observado em qualquer ano pode oscilar, tanto para mais quanto para menos, em 60% do seu respectivo valor médio esperado. Existem décadas que são mais chuvosas que as outras, embora não tenha sido encontrada evidência que mostrasse tendências de diminuição na quantidade de chuva anual.
Os registros da cultura do alho na comunidade da Ribeira mostraram que a área plantada em 1982 era de 90 ha contra duas hectares em 2002. Constatou-se, também, que, para esses mesmos anos, o número de família envolvida, na referida cultura, decresceu de 120 para dez, enquanto que a produção teve uma expressiva redução de mais de 5000%, ou seja, saiu de 450 para apenas oito toneladas.
Os relatos apresentados pelos pequenos produtores demonstraram ausência de assistência técnica adequada e, por isso, o manejo inadequado dede “molhamento”, durante o ciclo da cultura, provocou a salinização do solo, assoreamento do Rio Taperoá, pela retirada de água através da perfuração de cacimba no leito do rio, e outros tipos de degradação ambiental. Constatou-se, também, a ausência de políticas públicas- técnica e de fomento- para a cultura do alho na região, o que demonstra, portanto, não ser a chuva ou a sua distribuição, a piore, as responsáveis principais pela decadência da cultura do alho no cariri paraibano.
CONCLUSÕES:
Com base nos resultados encontrados, conclui-se que a precipitação pluvial apresentou uma elevada variabilidade natural tanto mensal quanto anual, cuja dispersão foi superior, na maioria dos meses, a sua própria média esperada. Há décadas mais chuvosa que outra, embora não exista nenhuma evidência de diminuição das chuvas. Na região. Constatou-se elevadas reduções em termos de área plantada, número de famílias envolvidas e produção de alho nos últimos vinte anos. A prática de molhamento inadequada provocou salinização do solo além de outros danos ambientais aos escassos recursos hídricos disponíveis. Não há políticas públicas- técnica e de fomento- claras que permitam o incentive da cultura do alho na região.
Palavras-chave:  Clima; Cultura do Alho; Agricultura familiar.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004