IMPRIMIRVOLTAR
G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia
FILOSOFIA DA MENTE: A CONSCIÊNCIA COMO UM PROCESSO BIOLÓGICO
Mariluze Ferreira de Andrade e Silva 1   (autor)   mariluze@ufsj.edu.br
1. Profa Dr a do Dpto das Filosofias e Métodos, Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ
INTRODUÇÃO:
Em Filosofia da mente aborda-se muitas questões sobre o Homem, tanto a partir dos processos biológicos como dos fenômenos mentais. Quando se pergunta o que é a mente não encontramos consenso entre filósofos e cientistas. Alguns separam uma coisa (mente) da outra (corpo) e adotam solução cartesiana, sustentando que as mentes são entidades espirituais que ingressam no corpo no momento da concepção, nele residem por algum tempo e dele saem na hora da morte. Outros negam a existência dessas entidades. Outros, ainda, afirmam que as mentes são apenas os cérebros. No meio dessa discussão encontramos filósofos afirmando que os fenômenos mentais como a intencionalidade, consciência, subjetividade, têm origem biológica localizada no cérebro. Entre esses filósofos citamos John Searle (1932-). Em seu livro O Mistério da Consciência (São Paulo: Paz e Terra, 1998), afirma que a consciência existe e argumenta que os processos cerebrais causam a consciência mas que a consciência, propriamente dita, é uma "propriedade" do cérebro. Searle abandona o dualismo de substâncias quando aceita que a consciência é um fenômeno biológico atribuindo-lhe "uma concepção causal capaz de evidenciá-la como parte de uma realidade biológica ordinária" (p. 34). O presente trabalho tem como objetivo mostrar, a partir da fundamentação teórica oferecida por Searle, a relevância dessas discussões para as pesquisas no campo do conhecimento filosófico científico -- Filosofia da mente.
METODOLOGIA:
Os métodos usados pelos filósofos da ciência para abordar questões de Filosofia da mente são de dois tipos, epistemológico e metafísico. O método epistemológico define o conhecimento e mostra como obtê-lo. Diz respeito aos processos pelos quais a mente é capaz de alcançar o conhecimento. O método metafísico volta-se para a investigação da origem principal do pensamento. Esse método metafísico delimita um sub-campo, que caberia denominar ontológico. Ele identifica e caracteriza as espécies de objetos existentes no mundo. A consciência, como um problema biológico, é discutida por Searle pela via do método epistemológico uma vez que ele mostra como a consciência (um fenômeno subjetivo) interage com o conhecimento (objetivo); adota a via do método ontológico , pois investiga os processos causais da consciência.
RESULTADOS:
Searle mostra como os processos neurobiológicos que ocorrem no cérebro causam a consciência através das variedades de estímulos que nos afetam sensorialmente a partir da percepção. Mostra que esses processos ultrapassam os dados da percepção. Eles incluem as experiências de ações voluntárias, os processos internos -- como a preocupação com o pagamento de impostos ou o esforço por lembrar o número de um telefone. Searle explica, pela causalidade, a ocorrência de estados atuais de consciência e os processos neurobiológicos que os causam. Procura compreender como os processos cerebrais, que são fenômenos objetivos publicamente observáveis, podem causar estados internos qualitativos de ciência e sensibilidade uma vez que eles são particulares.
CONCLUSÕES:
Searle abandona o dualismo e conclui que a consciência é um fenômeno biológico. Ela é um fenômeno interno qualitativo, de primeira pessoa. No campo da consciência há estados de intensidade que variam desde a sonolência até a consciência totalmente desperta. Todos os aspectos de nossa vida consciente, desde a sensação de dores, as coceiras, a angústia, até o êxtase, são causados por processos cerebrais. Finalmente conclui que entender a consciência como uma propriedade do cérebro fornece uma solução ao tradicional problema corpo-mente.
Palavras-chave:  Mente; Consciência; Mente - corpo.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004