IMPRIMIR VOLTAR G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem ENSINO DA DIGESTÃO: SITUAÇÃO ATUAL E PROPOSTA PARA UMA ABORDAGEM ECOLÓGICA, COM ÊNFASE NAS INTER-RELAÇÕES E SEUS ASPECTOS COEVOLUTIVOS Lúcia Maria Paleari 1   (orientador)   lpaleari@ibb.unesp.br Fabiana Gaspar Gonzalez 1   (autor)   bibagonzalez@hotmail.com 1. Departamento de Educação- Instituto de Biociências de Botucatu-UNESP INTRODUÇÃO: A importância do estudo da digestão tanto para o desenvolvimento de conceitos básicos em ciências como para a compreensão de hábitos alimentares de diferentes espécies, e desenvolvimento de condutas alimentares adequadas à boa saúde humana, é inegável. Ainda que pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio privilegiem a interdisciplinaridade, o raciocínio e capacidade de aprender e questionar dos alunos, por diversas razões a prática adotada destoa dessas orientações. Inúmeros professores de ciências e biologia tem reduzido as possibilidades teórico-práticas de abordagens integrativas das ciências físicas e biológicas a uma série de nomes a serem memorizados, em meio a informações descontextualizadas e desestimulantes ao estudante. Sem a construção de conhecimento significativo, sobre um tema vital como a digestão, como poderão os jovens compreender, debater e se posicionar diante de questões de saúde alimentar e do sistema digestório? Como valorizar processos como a mastigação e estabelecimento de dieta balanceada? Diante desses questionamentos, o nosso objetivo foi o de avaliar o conhecimento e dificuldades de estudantes do ensino fundamental e médio das redes de ensino pública e particular de Botucatu, e as práticas adotadas por professores no estudo da digestão, visando a elaboração de uma proposta para envolver o aluno em um processo dinâmico de desenvolvimento de conceitos básicos em digestão, integrando aspectos co-evolutivos nos vertebrados. METODOLOGIA: A investigação foi conduzida a partir de uma amostra de 120 estudantes das redes de ensino pública (PU) e particular (PA) de Botucatu, que já haviam tido o conteúdo de digestão. Por meio de desenho e aplicação de um questionário verificamos o conhecimento deles sobre esse assunto (processo, constituição do aparelho digestivo, importância das relações superfície/volume, dieta alimentar/saúde, conceitos como digestão e enzima). Entrevistas e aplicação de questionário a 14 professores nos forneceram dados sobre as práticas adotadas e contribuíram para a caracterização da situação e elaboração de uma proposta educativa. Analisamos os dados coletados em busca das relações entre o saber dos alunos e o conhecimento científico existente, considerando a forma como o assunto foi abordado pelos professores e tratado nos livros didáticos por eles utilizados. RESULTADOS: Os alunos apresentam conhecimentos vagos, inexpressivos e desvinculados do cotidiano, semelhante ao que verificamos nos livros didáticos utilizados. Ao alimento atribuem a função de produção de energia (26,7%-PA e 14,17- PU) e apenas uma pequena parte (8,33%-PA e 4,17%-PU) conhece a trajetória feita pelos alimentos no tubo digestivo humano. Os conceitos de digestão e enzima são desconhecidos. As práticas adotadas pelos professores indicaram a existência de um processo unidirecional no qual o aluno não passa de receptor passivo de informações. Os temas Hábito Alimentar e Saúde, Adaptação e Relação Mutualística fazem parte do conteúdo trabalhado e foram considerados importantes por 21,43% e 14% dos docentes (N = 14), respectivamente e revela a pouca relação que se faz para compreensão da vida e das inter-relações. Com base nesse estudo elaborou-se uma proposta geral para envolvimento dos alunos em atividades práticas, que permitem o desenvolvimento de conceitos e idéias principais, nodos em rede de significados. A produção um jogo de cartas associado à montagem de tubo digestivo padrão (Com a digestão na ponta da língua) e de um jogo de encaixe com sistemas digestórios de 5 grupos de vertebrados, complementam a proposta com abordagem evolutiva, considerando as respectivas adaptações, e mostram-se úteis no processo de avaliação. CONCLUSÕES: A natureza das práticas docentes e as abordagens dadas ao estudo da digestão que foram avaliadas, não permitem o envolvimento dos alunos na construção de um conhecimento significativo, enquanto negligenciam as possibilidades de integração dos conteúdos das Ciências Físicas e Biológicas. Considerando as dificuldades e necessidades dos alunos e resultado de experiência pessoal no ensino desse tema, deslocamos, na nossa proposta, a prática da linearidade e passividade, para o dinamismo das atividades práticas e abordagem ecológica, com ênfase nas inter-relações e seus aspectos co-evolutivos, que permite a sistematização de conhecimentos e posturas reflexivas e críticas dos alunos. Palavras-chave:  digestão; vertebrados; abordagem sistêmica. Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004