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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
AVALIAÇÃO DE DIRECIONADORES DE EFICIÊNCIA DA CADEIA PRODUTIVA DA SOJA
Giselle de Freitas Batista 1   (autor)   gfbatista@bol.com.br
Diogo Altoé Zandonadi 1   (autor)   xlmail@bol.com.br
Viviani Silva Lirio 2   (orientador)   vslirio@mail.ufv.br
1. Depto. de Economia, Universidade Federal de Viçosa - UFV
2. Depto. de Economia Rural, Universidade Federal de Viçosa - UFV
INTRODUÇÃO:
O processo de abertura comercial na década de 90 possibilitou a expansão do agronegócio, ficando, este, intimamente ligado à economia mundial. A combinação de competitividade externa, aliada à situação interna, exige a crescente busca de vantagens comparativas por parte dos setores e empresas participantes da cadeia da soja, que é considerada um exemplo do sucesso de inserção no mercado internacional. O Brasil, nos últimos anos, teve um extraordinário crescimento em sua participação no comércio dos produtos do complexo soja, perdendo apenas para os Estados Unidos. Impulsionada pela expansão da demanda, principalmente internacional, e devido ao seu reconhecido potencial, a soja começou a receber mais crédito, investimentos em pesquisas e infra-estrutura. Esse reconhecimento a fez avançar para além da região Sul do Brasil, expandindo principalmente para o Centro Oeste, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, é o responsável, atualmente, por mais de 40% da produção. Os estados maiores produtores de soja, além dos do Centro Oeste, são: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, o setor produtivo é a essência da cadeia agroindustrial da soja, uma vez que é a produção que movimenta e interliga os demais segmentos. O objetivo desse trabalho é, portanto, avaliar a competitividade do setor analisando a contribuição de cada segmento para o sucesso da cadeia produtiva da soja.
METODOLOGIA:
Uma maneira de se avaliar a competitividade de um setor é através de direcionadores de eficiência, que se referem a um segmento específico da cadeia ou a fatores que estariam ligados ao nível sistêmico de coordenação desses segmentos. Este trabalho combinou informações de fontes secundárias com a realização de entrevistas, por processo de amostragem intencional, seguindo os seguintes passos: delimitação da área de abrangência, enfocando os principais estados produtores de soja; levantamento de antecedentes, através de fontes secundárias, para a identificação dos atores-chave; realização de entrevistas com Sindicatos Rurais e Federações Rurais, a fim de validar e complementar o pré-diagnóstico; e avaliação dos direcionadores de eficiência, os quais envolvem uma ampla variedade de dimensões, e que, por conveniência analítica, foram agregadas nos aspectos de tecnologias adotadas, gestão empresarial, insumos produtivos utilizados, estrutura de mercado, relações de mercado dos agentes da cadeia e ambiente institucional em que esta se insere. Posteriormente, cada um dos direcionadores foi dividido em subfatores, de acordo com as especificidades do segmento sojícola. Avaliou-se qualitativamente a intensidade do impacto dos subfatores e sua contribuição para o efeito agregado, estabelecendo uma escala do tipo "likert" e atribuindo pesos relativos aos subfatores, a fim de gerar uma avaliação para cada direcionador de competitividade, obteve-se a combinação quantitativa dos subfatores.
RESULTADOS:
A análise dos direcionadores descritos na metodologia foi realizada com o intuito de avaliar a competitividade do setor verificando a contribuição de cada segmento para a cadeia produtiva da soja. Os dados obtidos nas entrevistas foram tabulados e analisados graficamente, chegando-se aos resultados: Para todos os indicadores, controláveis ou não pelos produtores, percebeu-se a presença de elementos capazes de contribuir para a manutenção de um patamar satisfatório de eficiência produtiva. A tecnologia foi considerada favorável obtendo 0,65 numa escala de -2 a 2, e seu único subfator considerado desfavorável foi a tecnologia de conservação da soja no transporte e manuseio. O quesito insumo obteve um indicador muito favorável, uma vez que se constatou a facilidade de adquiri-los na própria região. A estrutura de mercado obteve 1 na escala, sendo, portanto, um indicador favorável e os direcionadores relações de mercado e gestão ficaram quase neutros. A relativa tranqüilidade em relação aos demais indicadores não acontece quando se analisa o ambiente institucional em que esse setor está inserido. Constatou-se que este é desfavorável e os principais subfatores que contribuem para esse resultado são o sistema de regulamentação e a carga tributária que recai sobre os produtores e que onera muito a produção, visto que o imposto não é cobrado sobre o valor adicionado, e que ao possuir uma estrutura burocrática reduz a competitividade da soja brasileira frente ao mercado internacional.
CONCLUSÕES:
A observação de diferentes elementos constitutivos da cadeia agroindustrial da soja nos principais estados produtores evidenciou a existência de um importante conjunto de fatores que influem positiva ou negativamente, em variados graus, na eficiência do setor. A partir da análise dos indicadores conclui-se que o item insumo é o mais representativo direcionador da eficiência do setor sojícola e que sua disponibilidade próximo às regiões produtoras reduz custos e favorece o deslocamento dos recursos para áreas que deles necessitam. No entanto, problemas com relação a fertilizantes carecem de resolução. Nas relações de mercado, os itens mais desfavoráveis se referem à formação de preços e de parcerias, o que necessita de maior detalhamento para se chegar a uma conclusão definitiva, enquanto a utilização de contratos possui um peso positivo na construção desse indicador. A constatação de relativa neutralidade dos indicadores de gestão e relações de mercado não permite inferir que o conjunto dos subfatores analisados não seja representativo na definição do grau de eficiência do setor; para o caso analisado, as vantagens e desvantagens são quase compensatórias. Dentre os subitens analisados no ambiente institucional, o sistema de padronização demonstrou não ser um problema pois a soja é um produto voltado para exportação e precisa estar em conformidade com certas exigências e o sistema de crédito que tem atendido com relativa satisfação os produtores de soja dos estados analisados.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  competitividade; soja; direcionadores de eficiência.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004