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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
PRÁTICAS DE SAÚDE E INTERAÇÕES COTIDIANAS: NOVAS FORMAS DE VÍNCULO
Roseni Pinheiro 1   (orientador)   roseni@uerj.br
Bruno Pereira Stelet 1   (autor)   brunopst@yahoo.com.br
Felipe Rangel de Souza Machado 1   (autor)   rangfe@yahoo.com.br
Francini Lube Guizardi 1   (autor)   flguizardi@hotmail.com
Rafael Vieira Braga da Silva 1   (autor)   rafaelvb@uol.com.br
1. Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro
INTRODUÇÃO:
O relacionamento entre usuários e instâncias públicas é um dos maiores problemas enfrentados pelos serviços públicos de saúde. Dos motivos que contribuem para isso, destacamos a percepção dos usuários de que suas demandas não são atendidas; a oferta de serviços que pode ser insuficiente e não contemplar às demandas/necessidades das pessoas; e, por último, a oferta de uma atividade, programa ou campanha que esteja descontextualizada dos problemas de saúde da vida cotidiana de uma comunidade. Entretanto, muitos serviços conseguiram estabelecer um diálogo com os usuários, buscando respostas positivas às suas demandas. É o caso, por exemplo, dos serviços que optaram trabalhar com formas alternativas de cuidado à saúde, proporcionando aos usuários o direito de escolha da forma como preferem se cuidar. Este trabalho visa compreender a relação existente entre os diferentes sujeitos das instâncias que integram os serviços de saúde a fim de: a) identificar as percepções dos sujeitos sobre o termo vínculo nos programas/serviços selecionados; b) descrever a maneira como os vínculos são estabelecidos e mantidos; e c) Analisar o vínculo como uma diretriz de organização das práticas integrais de saúde seja em projetos institucionais ou terapêuticos.
METODOLOGIA:
Como estratégia metodológica optou-se pela abordagem sócio-política e pela realização de estudos comparados de experiências sobre Programas de Saúde da Família (PSF) em três localidades fora da região metropolitana: Juiz de Fora (MG), Resende e Cantagalo (RJ). Os critérios de escolha das instituições consistiram em: a) ser de natureza pública, formalmente vinculado a uma secretaria municipal de saúde; b) ser integrante do SUS; e c) apresentar uma proposta institucional que contemple a aplicação de práticas e terapêuticas alternativas voltadas para a integralidade da atenção na oferta do cuidado em saúde. Foram utilizadas as seguintes técnicas de coleta de dados: a) realização de entrevistas; b) oficinas sobre Integralidade; c) conversas no cotidiano; d) Análise de documentos institucionais; e e) observação direta.
RESULTADOS:
Constatamos nas localidades estudadas a existência de três tipos de vínculo, onde, embora estejam presentes no mesmo espaço institucional, surgem em momentos e por razões distintas. O primeiro tipo, o vínculo usuário-equipe, relaciona-se com a capacidade individual dos profissionais de interagirem diretamente com os usuários e de irem além de seus domínios técnicos, permitindo que a "configuração das práticas assuma forma de encontro" (Mattos, 2001). O segundo, o vínculo usuário-equipe, está além das capacidades individuais e relaciona-se com os processos de trabalho e de organização da equipe, incluindo, assim, uma maior habilidade da equipe em manejar situações/problemas de saúde-doença. Dessa maneira, são instituídos projetos terapêuticos integrados com participação do usuário no planejamento e execução as ações voltados ao exercício efetivo de práticas integrais de saúde. No caso do último, vínculo usuário-instituição, são desenvolvidos mecanismos progressivos de responsabilização do cuidado por parte das instituições (gestores) mediante a oferta de ações e serviços capazes responder positivamente às demandas das pessoas por saúde. Para sua construção são considerados o acesso, o acolhimento, a resolutividade, a aquisição gratuita de medicamentos, as práticas alternativas e as práticas de saúde.
CONCLUSÕES:
Por fim, ressalta-se que a construção desses tipos vínculo é influenciada por diversos fatores, que se relacionam à permeabilidade das instituições de conceberem a coexistência de diferentes saberes e práticas na relação entre a oferta dos serviços de saúde e a demanda da população. No contexto do Programa de Saúde da Família, o vínculo tem sido cotidianamente evocado como a base para o diálogo entre os sujeitos, caracterizando-se não somente como diretriz operacional, mas como um valor ético-político das relações de saúde como alternativa ao padrão econômico-corporativista predominante nos modelos de atenção tradicionais. Acreditamos que esses encontros que concedem ao PSF a capacidade de se constituir em "dispositivos abertos", permitem a institucionalização das práticas de saúde e das práticas alternativas, criando condições favoráveis à construção da saúde como direito de cidadania, sobretudo o direito de escolha da terapêutica, do cuidado e da saúde que se deseja obter. Este trabalho de iniciação científica integra a pesquisa "Integralidade: saberes e práticas no cotidiano das instituições de saúde".
Instituição de fomento: FAPERJ e CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Vínculo; Práticas de Saúde; Integralidade.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004