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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo
A CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO NA IMPLANTAÇÃO DE CICLOS: O PAPEL DAS PROFESSORAS NO COTIDIANO DE UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE RONDONÓPOLIS
Érika Virgílio R. Cunha 1   (autor)   sekinha@terra.com.br
Jorcelina E. Fernandes 1   (orientador)   jorce@cpd.ufmt.br
1. Instituto de Educação, Universidade Federal de Mato Grosso
INTRODUÇÃO:
Sob influência dos movimentos de reforma progressistas desencadeados na década de 90 (Escola Plural, em Belo Horizonte, MG; escola Cidadã, em Porto Alegre, RS e Escola Candanga, no Distrito Federal) a Secretaria Municipal de Educação o regime de ciclos implanta em 2001 em todas as escolas da rede municipal de ensino de Rondonópolis como uma proposta de escola crítica, como culminância de uma série de discussões e estudos (envolvendo a comunidade escolar) ao longo de quatro anos e mediante a aprovação da maioria das escolas.
É neste contexto de proposição de mudança pelo macro sistema que se desenha nossa investigação, cujo recorte estrutura a análise sobre os aspectos da prática curricular dos professores da rede municipal de ensino no cotidiano de uma escola. Objetivamos compreender alguns elementos que fundamentam e configuram a prática curricular dos professores do 1ºCiclo do Ensino Fundamental no cotidiano de uma escola no processo de reforma educativa emanado do macro sistema.
Esta pesquisa está enraizada na problemática das políticas públicas educativas emanadas pelo sistema e a relação da escola com tais proposições, bem como do fazer materializado a partir destas, tendo como pano de fundo o permanente questionar sobre o papel das esferas e dos agentes do processo educativo na mudança. Desejamos contribuir com algumas informações para uma mudança significativa da educação, materializada por uma prática mais progressista, mais democrática e mais inclusiva.
METODOLOGIA:
Esta investigação que realizamos sobre as práticas curriculares dos professores no cotidiano de uma escola da rede pública municipal de Rondonópolis/ MT tem como abordagem metodológica a investigação qualitativa interpretativa e está se caracterizando como um estudo de caso, dado o nosso interesse em aprofundar no conhecimento dos determinantes da generalização ou da especificidade no processo de construção da reforma nas escolas.
Neste sentido, nosso trabalho tem se desenvolvido na seguinte perspectiva: caracterização da escola , destacando as relações entre os diferentes segmentos, bem como de sua instâncias coletivas/ individuais; identificação e análise da natureza das intenções educativas explicitadas no Projeto Político Pedagógico da escola; análise da compreensão que detém os agentes do processo educativo na escola sobre seu próprio papel na mudança; caracterização dos processos coletivos e individuais de definição sobre o currículo, identificando e descrevendo o papel assumido pelos professores na definição e desenvolvimento curricular na escola.
A investigação está sendo balizada por observação direta, com registro em caderno de campo, entrevistas semi-estruturadas e análise documental. Os sujeitos da pesquisa são sete professoras do primeiro ciclo do ensino fundamental de uma escola pública da rede municipal de ensino de Rondonópolis/ MT.
RESULTADOS:
As professoras posicionam-se frente ao trabalho de construção curricular com atitudes e características freqüentes e diferenciadas. Estamos buscando compreender estes papéis por elas assumidos que se configuram, por ora, em três categorias: a) professoras executoras de propostas; b) professoras adaptadoras de propostas e c) professoras curriculistas.
Na nossa breve análise, o processo de implantação de ciclos está sendo compreendido pelas professoras da categoria curriculistas como uma necessária reorganização curricular que passa pela assunção da construção do currículo pelos professores na busca de uma escola crítica materializada por uma pedagogia crítica. A discussão dos saberes está intrinsecamente sugestionada à prática metodológica que permanentemente se questiona acerca das possibilidades de construção e acumulação de conhecimentos que são criadas para as crianças.
Outros agentes do processo educativo interferem significativamente neste processo. Diretora e coordenadoras pedagógicas da escola orientam, mas não determinam a construção do currículo, anunciando a necessidade de se construir permanentemente e de forma participativa o currículo da escola.
CONCLUSÕES:
As demais professoras, bem como as categorias de análise estão sendo estudadas para uma consideração mais consistente. A reforma educativa, a prática curricular, o cotidiano são nossas principais categorias de análise, sendo que o embasamento teórico se dá especialmente em: POPKEWITZ (1991) e APPLE (2000); SACRISTÁN (1991); GARCIA (1994); CERTEAU (1994); OLIVEIRA (2002).
Como a pesquisa tem como objetivo compreender como está se configurando a prática curricular dos professores no processo de implantação de ciclos de formação, na condução da reforma emanada pelo macro sistema, estamos considerando que o estudo do cotidiano deve ser cuidadoso pelas múltiplas manifestações simbólicas que o constituem. A análise dos fazeres que constituem esta trama complexa que é a realidade escolar, portanto, precisa ser conduzida com rigor e fundamentação e, desta forma, podemos afirmar que ainda nos faltam alguns levantamentos e uma análise mais aprofundada de nosso objeto para uma divulgação de considerações finais e que permitam um olhar mais abrangente à comunidade sobre a realidade por nós estudada.
Palavras-chave:  Professor curriculista; Cotidiano escolar; ciclos.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004