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A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 8. Física Médica
DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE ISODOSE NUMA SALA DE MAMOGRAFIA
Maria Cecília Baptista Todeschini Adad 1, 2   (autor)   ceciliatodeschini@yahoo.com.br
Elaine Evani Streck 1, 2   (orientador)   streck@pucrs.br
Gabriela Hoff 1, 2   (co-orientador)   ghoff@pucrs.br
Rochelle Lykawka 2   (colaborador)   
1. GESiC, Faculdade de Física, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul-PUC-RS
2. SIDI
INTRODUÇÃO:
A incidência do câncer de mama vem aumentando muito nos últimos anos. A neoplasia de mama apresentava uma incidência de 36,5% por 100.000 habitantes em 2001, no Brasil, sendo um dos que mais cresceu dentre os tipos de câncer malignos. E é no estado do Rio Grande do Sul que se encontra a terceira maior incidência de câncer de mama no Brasil. [MS/INCA].
A mamografia tem sido a técnica mais indicada para a detecção precoce do câncer de mama pelos mastologistas, que a consideram o exame mais eficaz dentre os existentes atualmente, devido principalmente a grande resolução espacial dessa técnica.
Durante um exame mamográfico são realizadas quatro incidências, duas em cada mama, e, embora esta técnica radiográfica não produza altas doses durante o exame, é importante que a mesma seja minimizada tanto para os pacientes quanto para os técnicos.
A monitoração é uma forma de certificar que as doses recebidas pela paciente e pelos trabalhadores estão sendo mantidas tão baixas quanto é possível e de garantir que essas doses sejam mantidas incondicionalmente abaixo dos limites máximos autorizados quando pertinente, a fim de minimizar o detrimento que podem causar. Uma forma indireta de realizar a monitoração é a partir da distribuição de exposição no ambiente, o que pode ser feito determinando-se as curvas de isodose neste ambiente.
Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi obter experimentalmente as curvas de isodose numa sala de mamografia durante a realização do exame radiológico da mama.
METODOLOGIA:
A sala de mamografia onde foram coletados os dados para este trabalho faz parte de uma clínica de radiologia da grande Porto Alegre. Nesta sala está instalado um mamógrafo Senograph (GE) 600T-Senix HF .
Para a realização das medidas, foram simulados exames radiológicos de mama utilizando um simulador de mama, BR12, o qual representa uma mama média de 5 cm de espessura composta de 50% de gordura e 50% de tecido glandular. Com uma combinação filtro/alvo de Mo/Mo. Os parâmetros técnicos empregados nas exposições foram 28KVp e 77,3mAs, que são os valores típicos utilizados no exame para mamas com as características deste simulador.
Para as medidas de dose absorvida no ar, 158 pastilhas de CaSO4 foram distribuídas em três malhas retangulares, de 10cm de espaçamento lateral, no plano xy, a partir do bucky mural do mamógrafo, onde foi definida a origem, em três alturas diferentes para cada malha, na altura do bucky (z=0cm), 10cm acima do bucky (z=+10cm) e 10cm abaixo do bucky (z=-10cm). Para cada conjunto de pastilhas, foram realizadas 15 exposições, com a finalidade de garantir o limiar de registro das pastilhas (10mR).
O espectro de energia do feixe, necessário para a determinação da dose absorvida, foi obtido simulando por Monte Carlo, com o programa Access-ITS 3.0, a realização do exame.
A partir dos valores de doses absorvidas registradas pelas pastilhas de CaSO4, foi elaborada a distribuição destas ao redor do mamógrafo utilizando o programa Transformer 3.0.
RESULTADOS:
A posição das pastilhas foi definida segundo um sistema de coordenadas (x;y;z) com centro no bucky mural, onde x e y são, respectivamente, os eixos horizontal paralelo e transversal à direção do braço do mamógrafo e z é a altura.
Os resultados das simulações realizadas por Monte Carlo mostraram que a energia da radiação espalhada variava desde 14,04 KeV nas posições (30,00;48,50;0,000)cm e (24,50;-29,50;+10,00)cm até 15,62 KeV na posição (30,00;37,5;0,000)cm. Em média a energia da radiação espalhada era de 14,68 KeV. Essa energia média foi utilizada na avaliação das doses registradas pelas pastilhas de CaSO4.
A dose registrada na posição correspondente à (-10,00;0,000;0,000)cm, local onde o dosímetro foi colocado sobre o simulador, foi de 8,330mGy.
As doses absorvidas registradas, para as três diferentes alturas em relação ao bucky, apresentaram, a valores máximos de 0,02900mGy, na posição (10,00;27,00;-10,00), 0,09700mGy na posição (13,80;-17,50;+10,00)cm, e 0,09400mGy na posição, (0,000;-29,50;0,000)cm.
O padrão de curvas de isodose obtido, mostra claramente a redução da dose absorvida com o aumento da a distância em relação ao feixe, como era esperado. Na posição mais distante, em relação ao feixe, para a qual foi medida a dose absorvida, em (50,50;39,00;-10,00)cm, verificou-se que esta foi igual a 0,008000mGy.
Os resultados mostram que os maiores valores de dose absorvida ocorrem para as regiões frontais ao mamógrafo, ou seja, na posição onde ficam os pacientes.
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos indicam um comportamento fisicamente correto, visto que as maiores doses absorvidas ocorrem na frente do mamógrafo e são reduzidas com o aumento da distância em relação ao feixe.
A análise destes resultados enfatiza a importância da proteção do pacientes e, por outro lado mostram que a situação dos trabalhadores e de layout da sala, não é crítica na medida em que os valores de dose absorvida, obtidos em cada incidência, são inferiores a 0,09400mGy para distâncias superiores a 29,50cm a partir da altura do bucky mural.
Instituição de fomento: FAPERGS
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  curvas de isodose; mamografia; radioproteção.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004