IMPRIMIRVOLTAR
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 11. Economia
NOVOS DESAFIOS DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO BRASIL
Maria Cristina Ortigão Sampaio Schiller 1   (autor)   cristinaschiller@terra.com.br
1. Profa Dra da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE-ENCE
INTRODUÇÃO:
O objetivo deste estudo é analisar a dimensão científica e tecnológica da inovação no Brasil através da análise da infra-estrutura de C&T. Um balanço quantitativo e qualitativo do sistema brasileiro de Ciência e Tecnologia se faz necessário para mapear as possibilidades do País de impulsionar o progresso tecnológico.O sistema de Ciência e Tecnologia é uma construção institucional resultado de um somatório de ações que conduzem à inovação e/ou ao crescimento. A partir dos dados disponíveis e das estatísticas publicadas, foram realizados exercícios para uma avaliação da dimensão do sistema brasileiro de C&T. A elaboração de indicadores permite uma melhor avaliação da situação do sistema e da trajetória adotada. O trabalho é composto de três partes sem a introdução e a conclusão.A segunda parte apresenta a base teórica sobre a qual se apóia este estudo. A terceira parte descreve com o uso de indicadores o sistema público de C&T. Nesta seção, será apresentada a evolução dos pesquisadores e da produção científica no Brasil por unidades da Federação. A quarta seção avalia o grau do esforço científico para realização da pesquisa através da infra-estrutura de ciência e tecnologia, a contribuição para o desempenho econômico e a articulação com o sistema produtivo. Finalmente, a quinta seção apresenta a conclusão do trabalho.
METODOLOGIA:
Para este estudo, duas abordagens teóricas são utilizadas: a literatura sobre a economia da mudança tecnológica e o debate sobre crescimento endógeno. O conhecimento científico e tecnológico impulsionado pelo esforço em P&D e em capital humano vem concorrendo para o aumento da produtividade, criando um novo padrão de desenvolvimento sistêmico e integrado que consolida o conhecimento e a informação como as chaves do crescimento e desenvolvimento econômico. O presente estudo tem três unidades de análise: os docentes, os pesquisadores ambos por grau de formação e segundo cada unidade da Federação e a produção científica por área de conhecimento segundo cada unidade da Federação tendo como recorte temporal o período 1995/2000. Para fim de análise o estudo está dividido em dois períodos que correspondem aos anos que se iniciam em 1995 até 1997 e o outro em 1997 até 2000. Utilizou-se como fonte de dados, a base de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais do Ministério de Educação, a base de dados do CNPq – Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil nas versões 3.0 e 4.1, que correspondem aos dois períodos citados e os do IBGE referentes á contagem da população 1996 e ao Censo Demográfico 2000, resultados do Universo. A partir destes dados foi possível construir os indicadores de participação por região geográfica, por grande área de conhecimento e pelo número de habitantes de cada unidade da federação para cada uma das unidades de análise supracitadas.
RESULTADOS:
Considerando o período estudado na pesquisa de 1995 a 2000 podemos relatar algumas conclusões. É notório, o destaque da região sudeste dado que concentra o maior número de pesquisadores respectivamente, 64,4% e 53,5% nos dois períodos estudados 1995/97 e 97/2000. No entanto, comparando-se os dois períodos, podemos observar uma redistribuição das participações a favor das regiões norte, sul, nordeste e centro-oeste em detrimento do sudeste. As mudanças ocorreram também a favor da maior qualificação dos pesquisadores em termos do mestrado e doutorado. Ficou evidente um aumento do número de pesquisadores em todas as regiões do país e em todos os Estados. Os pesquisadores da área de ciências sociais aplicadas tiveram um crescimento significante, juntamente com as ciências humanas e agrárias. Ficou evidente a primazia da região sudeste por sediar a maior parte dos pesquisadores em quase todas as áreas e evidencia-se a quase totalidade dos pesquisadores nas áreas de saúde e engenharia e computação. Um retrato da produção científica revela um crescimento significante da produção nos dois períodos considerados. A produção total no Brasil triplicou. No entanto, essa variação não ocorreu igualmente em todas as regiões. Os resultados mostram que a região Sul acompanhou a variação ocorrida no Brasil, mas que as regiões nordeste, centro-oeste e, sobretudo a norte, apresentaram índices de crescimento bem superiores á média do país.
CONCLUSÕES:
O objetivo central deste estudo foi oferecer evidências empíricas a respeito do mapeamento da C&T no Brasil. Os resultados deste estudo indicam que um aumento no número de pesquisadores e na produção científica em todo o país. Da mesma forma que o volume de pesquisadores, o esforço da produção científica apresentou-se expressivo assim como houve uma redistribuição a favor das regiões norte, centro-oeste e nordeste. A C&T constitui um componente central do desenvolvimento endógeno e constata-se o grau de concentração espacial elevado nas regiões sudeste e sul tanto dos pesquisadores como da produção científica. Apesar do esforço recente de desconcentração, a C&T encontra-se espacialmente concentrada. A análise realizada mostrou que a região Sudeste apresentou uma taxa de crescimento menor ainda que seja considerada a região mais desenvolvida do país. Observamos que a formação de pesquisadores tem reflexos nos Estados e para fora de suas fronteiras e é um mecanismo fundamental para a proliferação da produção científica do país. Os indicadores de eficiência - produção /pesquisador revelaram resultados bastante positivos com aumento da produção científica. O aumento da produtividade ocorreu principalmente na região sudeste. As áreas de conhecimento apresentaram comportamento diferenciado.Observamos um destaque para as áreas de saúde, humanas e agrárias.
Palavras-chave:  Ciencia e Tecnologia; espaço; desenvolvimento.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004