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H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 5. Letras
VARIAÇÃO DA POSIÇÃO DO ADJETIVO NA LINGUAGEM JORNALÍSTICA ESCRITA EM REVISTAS
Sergio Eduardo Port 1   (autor)   seport@uol.com.br
1. Depto. Pós-graduação, Faculdade Padre João Bagozzi - Bagozzi
INTRODUÇÃO:
Nas gramáticas convencionais, o estudo e análise do adjetivo, vêm associados ao pressuposto de que sua colocação no sintagma nominal é variável. Essa variação tem sido explicada por fatores estilísticos. Segundo alguns autores (Bueno 1968; Cunha & Cintra 1985; Bechara 1985; Neves 1996; Miguel 1989; Lima 1979; dentre outros), a alteração desta ordem canônica interferiria de forma drástica na semântica do vocábulo, uma vez que nenhuma alteração à norma seria totalmente isenta de conseqüências. Então julgamos procedente a realização de um estudo sobre quais fatores semânticos condicionariam a alteração da ordem do adjetivo no sintagma nominal.
METODOLOGIA:
A pesquisa fundamenta-se nos pressupostos da Sociolingüística Quantitativa, portanto seguindo o algoritmo proposto por Labov, no que tange ao emprego do pacote informático Varbrul (Variable Rules), sem contudo caminhar no modelo teórico estrito daquela área da ciência. Em resumo, buscamos condicionamentos semânticos e estruturais que interfiram ou determinem usos lingüísticos, entretanto, não nos preocupando, com os fatores sociais envolvidos. Os dados analisados são provenientes de seis revistas: Veja, Época, Isto é, Caras, Quem e Veja São Paulo. Foram abordados diversos assuntos: (Economia, Saúde, Política, meio ambiente, dentre outros). Hipotetizamos que a ordem do adjetivo estaria associada a um número de sílabas, que determinaria a anteposição dos vocábulos com uma ou duas sílabas. Ademais, a questão estilística poderia ter atuação importante se conjugada aos traços [+ contável] e [+ concreto] do substantivo modificado pelo adjetivo.
RESULTADOS:
Após análise de 200 sintagmas nominais, observamos que os substantivos concretos perfizeram um total de (42%) em oposição aos abstratos (58%). Encontramos, nos primeiros, que a ordem neutra é a anteposição (51,5%) de adjetivos de até duas sílabas ao passo que, com três ou mais sílabas o índice seria bem próximo (48,5%). O comportamento dos adjetivos em relação aos substantivos abstratos manteve paridade com a dos concretos, já que os adjetivos com até duas sílabas atingiram um índice de (73,4%) e os de três ou mais sílabas um total de (26.6%). Incluímos o grupo de fator [+- contável], em uma segunda correlação, e notamos que o índice de não contáveis (54,8%) era superior àquele auferido pelos contáveis (45,2%). Correlacionamos à ordem, observamos que a anteposição também é ordem não marcada, sinalizando na categoria dos contáveis (52,5%) de recorrência de adjetivos de até duas sílabas, contra (47,5%) de adjetivos de três ou mais sílabas. Comportamento similar demonstrou a categoria dos não-contáveis, cujo índice ficou em (74,9%) em sintagmas com adjetivos de até duas sílabas e de (25,1%) em cadeias contendo adjetivos com mais de duas sílabas.
CONCLUSÕES:
Com estes resultados concluímos que os adjetivos antepostos detêm os seguintes grupos de fatores atuando como condicionadores lingüísticos: até duas sílabas, com substantivos abstratos e não-contáveis. Tendo em vista que os grupos de fatores elencados para correlações levaram seus resultados aos mesmos resultados da ordem, concluímos que traços semânticos são os critérios intervenientes que melhor explicam a variação da ordem do adjetivo na linguagem jornalística escrita em revistas, a despeito das explicações estilísticas apoiadas em corpora literários.
Palavras-chave:  adjetivo; sintagma nominal; ordem.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004