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C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
IDENTIFICAÇÃO E TRATAMENTO DE PARASITAS EM JIBÓIAS (Boa constrictor constrictor Linnaeus, 1758) MANTIDAS EM CATIVEIRO.
Abraão Ribeiro Barbosa 3, 4   (autor)   abraaobiologo@uol.com.br
Humberto Silva 1   (orientador)   humbertosilva@uol.com.br
Helder Neves de Albuquerque 2, 4   (co-orientador)   helderalbuquerque@bol.com.br
1. Prof. Dr. do Depto. de Farmácia e Biologia, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
2. Prof. MSc. do Depto. de Farmácia e Biologia, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
3. Graduando do Depto. de Farmácia e Biologia, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
4. Pesquisador do Centro de Conservação de Répteis da Caatinga - CCRC
INTRODUÇÃO:
A Boa constrictor constrictor, comumente conhecida como jibóia, é uma espécie de serpente muito difundida nos centros de pesquisas e criadouros especializados em répteis. A confiabilidade de estudos científicos com esta espécie em cativeiro está diretamente relacionada com o manejo e a manutenção da saúde das serpentes. Estudos sobre agentes patogênicos que podem acometer o adequado manejo em cativeiro, são essenciais para a prevenção de doenças e conseqüentemente promoção da saúde. Tendo em vista a prevalência de endoparasitas e ectoparasitas, este trabalho objetivou identificar os ectoparasitas e endoparasitas encontrados em jibóias mantidas em cativeiro, verificar a eficácia de tratamentos preventivos contra parasitos, como também delinear os métodos mais eficazes de tratamento no combate de parasitos encontrados.
METODOLOGIA:
Os estudos foram realizados no Centro de Conservação de Répteis da Caatinga – Campina Grande – PB (CCRC), onde oito Boa constrictor constrictor foram acomodadas individualmente em cativeiro tipo terrário, com iluminação artificial, e temperatura entre 22o e 26o C. As serpentes foram divididas igualmente em dois grupos, ambos possuíam como dieta ratos albinos, mas apenas um grupo recebeu esta dieta previamente tratada com Mebendazol. O diagnóstico de ectoparasitas macroscópicos foi feito a olho nu, para ectoparasitas microscópicos foram coletados resíduos sólidos alojados entre escamas ventrais para serem analisados em microscópio óptico e um exame oral para diagnóstico de estomatite ulcerativa. O diagnóstico de endoparsitas foi realizado com auxílio de microscópio óptico através de exames coproscópicos, pelos Métodos de Willis, para ovos leves, e de Lutz, para corpos pesados. Os exames foram repetidos bimestralmente, obedecendo aos mesmos critérios de análise até o fim experimento. O tratamento parasitológico para ectoparasitas foi bimestral, usando Kalium Permanganat e para endoparasitas, semestral usado Ivermetina e Praziquantel. Os terrários foram borrifados trimestralmente com Cipronil. Para o tratamento dos sintomas de estomatite ulcerativa foram feitas assepsias diárias com água oxigenada a 10% e soro fisiológico, remoção dos pontos purulentos e uso tópico de pomada a base de Cloranfenicol, conforme metodologia recomendado pelo CCRC, 2002.
RESULTADOS:
Os ectoparasitas encontrados foram o Ophionyssus natricis, (ácaro hematófago de serpentes) (identificado pelo Prof. Fernando de F. Fernades, Lab. de Artropodologia Médica e Veterinária - LAMV da Universidade Federal de Goiás - UFG), Siphonapteras (pulgas), Hirudínea (sanguessugas) e fungos. No exame oral foram detectadas três serpentes com sintomas de estomatite ulcerativa. Nos exames de endoparasitas através do método de Willis forma encontrados ovos de nematóides do gênero Kalicephalus sp e ovos de Entamoeba sp e Giardia sp. Pelo método de Lutz foram identificados ovos e larvas de nematóides do gênero Physaloptera sp. A administração bimestral de Kalium Permanganat no tratamento contra ectoparasitas obteve a eficácia de 100% durante os meses posteriores à assepsia trimestral do terrários com Cipronil. O tratamento preventivo para estomatite ulcerativa desenvolvido e recomendado pelo CCRC obteve 100% de eficácia. A identificação de sanguessugas em um das serpentes foi um fato inesperado neste experimento, sendo feita à remoção, com pinça, dos mesmos e observação em regime intensivo da serpente que os hospedava, não sendo adotada nenhuma medida medicamentosa. No tratamento contra endoparasitas usando Ivermetina e Praziquantel foi verificado, por ambos os métodos coproscópicos, uma eficiência de até 100% nas serpentes do grupo que recebeu como dieta ratos vermifugados e de até 50% para o grupo que não recebeu esta dieta.
CONCLUSÕES:
A presença de ovos de nematóides Kalicephalus sp e Physaloptera sp coincidem com os resultado de outros trabalhos nos quais constata-se que estes endoparasitas são comuns em jibóias. A Entamoeba sp e a Giardia sp são comuns em jibóias e provavelmente são provenientes do tubo digestório dos ratos oferecidos como dieta, vez que, estes endoparasitas foram identificados em fezes destes roedores. A administração associada de Kalium Permanganat e Cipropil mostrou-se um método eficiente de controle, em terrário, de carrapatos, ácaros e pulgas. O tratamento de estomatite ulcerativa desenvolvido pelo CCRC (2002) e constante na metodologia, foi essencial para o prosseguimento do experimento. As diferentes dietas proporcionam diferenças significativas no número de reinfestações, sendo que o grupo que recebeu ratos vermifugados apresentou os melhores resultados.
Instituição de fomento: CNPq/PIBIC/UEPB
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Serpentes; Parasita; Patologia.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004