IMPRIMIR VOLTAR E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia O PREPARO DE ÁREA SEM QUEIMA ATRAVÉS DO IMPLEMENTO MOTOMECANIZADO, E SEU EFEITO NA MESOFAUNA DO SOLO Paulo Vinícius Braga Marinho 1   (autor)   Pvicmarinho@yahoo.com.br Maria do Socorro de Andrade Kato 2   (orientador)    1. Bolsista de Iniciação Científica CNPq/BMFT. graduando do 7º semestre do curso de Engenharia Florest 2. Dra. Pesquisadora, Embrapa Amazônia Oriental - Tv. Enéas Pinheiro s/n, Marco, CEP 66095-100, Belém-P INTRODUÇÃO: Há mais de um século, pequenos produtores do nordeste paraense utilizam o sistema de corte e queima como única forma de preparo de área visando a agricultura familiar, porém a sustentabilidade desta atividade encontra-se comprometida em função da queima da vegetação, na qual provoca além de grandes perdas de nutrientes por volatilização, afeta também diretamente na abundância e diversidade da mesofauna edáfica. Tal abundância e diversidade dessas comunidades da fauna do solo são indicadores de qualidade e influenciam as propriedades físicas do solo, bem como a taxa de decomposição e ciclagem de nutrientes (Bachelier, 1978). Collembola e Oribatida são grupos pertencentes a mesofauna e constituem de 72% a 97%, em número de indivíduos, da fauna de artrópodes do solo, podendo ser considerados como decompositores primários e/ou secundários da matéria orgânica. As collembolas influenciam indiretamente na fertilidade do solo, criando um balanço entre bactérias e fungos (Sautter et al., 1996). Uma alternativa para melhorar o sistema tradicional do agricultor familiar com vistas à eliminação do uso do fogo no preparo de área e ao aumento da produtividade do sistema é o preparo de área através do corte e trituração de vegetação secundária. O presente trabalho tem como objetivo analisar a abundância e distribuição vertical da mesofauna do solo em áreas preparadas com queima e sem queima, visando conhecer as modificações que ocorrem com a decomposição da matéria orgânica. METODOLOGIA: O trabalho de campo foi realizado no município de Igarapé-Açu - PA (1º 1,5’ S, 47º 3’ 5,8’’ W), na estação experimental da UFRA. A área total do experimento é de 4 ha onde foram preparadas duas áreas de 2 ha para cada tipo de preparo de área (com queima e sem queima da capoeira). O preparo de área sem queima foi realizado com um maquinário agrícola (triturador florestal RT-350) que tritura a capoeira e todo material triturado fica sob o solo como cobertura morta (mulch). O sistema de cultivo plantado foi milho associado com mandioca em ambas as áreas. Na área sem queima foi realizada adubação de 12 g/planta da formulação 60-60-30 NPK. Na área queimada não foi realizado nenhum tipo de adubação, pois a parcela representa o método de cultivo tradicional dos agricultores. Em cada área (com e sem queima) foi demarcado 5 parcelas e em cada parcela foram retiradas 5 sub-amostras nas profundidades 0-5cm, 5-10cm e litter para formar uma amostra composta. As amostras foram retiradas com uma sonda redonda antes do preparo de área e após o preparo. A extração da fauna foi realizada pelo método de Berlese-Tulgreen, sendo utilizado como líquido coletor, formol a 1%. Após a extração, toda a mesofauna foi conservada em álcool à 70%, para posteriormente ser identificada e separada em grupos taxonômicos (classes e ordem em caso de insetos). RESULTADOS: Na análise dos dados coletados no mês de Maio de 2002 e Junho de 2003, meses estes que compreendem ao período seco, foi notório que a metodologia do preparo de área com corte e queima da vegetação reduziu drasticamente a abundância dos indivíduos da espécie Acari oribatida, estes sendo o principal grupo decompositor da matéria orgânica e o responsável pela ciclagem de nutrientes. O preparo de área que demonstrou um melhor resultado com relação ao número de invertebrados decompositores foi a área preparada através do corte e trituração da vegetação de pousio, pois o número de indivíduos/m2 da espécie Acari Oribatida foi superior a quantidade encontrada na capoeira (testemunha), entretanto houve uma perda considerável na diversidade de espécies se comparada a mesma capoeira. A baixa densidade de Collembola registrada na área queimada sugere a sensibilidade deste grupo de insetos à ação do fogo e sua recolonização está fortemente relacionada com o desenvolvimento da cobertura vegetal (Franklin & Oliveira, 1993). CONCLUSÕES: O preparo de área com corte e trituração da vegetação secundária apresentou melhores resultados em termos de abundância e diversidade da mesofauna, se comparada com o preparo de área com corte e queima. Na área com a metodologia de corte e trituração da capoeira, o Acari oribatida foi o grupo de decompositores mais abundante na mesofauna do solo. O sistema de corte e trituração mostrou-se bastante benéfico, pois possibilita a manutenção da fauna edáfica presente no solo. Instituição de fomento: Convênio CNPg/BMFT Trabalho de Iniciação Científica Palavras-chave:  Mesofauna do solo; Preparo de área; Vegetação secundária. Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004