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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ACERCA DE PESQUISA: Caminho para um novo Ensino-Aprendizagem
CRISTINA NOVIKOFF 1   (autor)   mithi.koff@quick.com.br
CLARILZA PRADO DE SOUZA 3   (orientador)   - clarilzaprado@pucsp.br
MÍRIAM PAÚRA ZIPPIN GRINSPUN 2   (co-orientador)   mzippin@yahoo.com.br
1. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA - UNIFOA
2. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO - UERJ
3. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - PUCSP
INTRODUÇÃO:
Um país se estrutura com pesquisa séria e eficiente. O magma, ou seja, a densa trama de elementos conceituais que os projetos políticos delineiam em suas ações fazem parte do imaginário coletivo dos alunos, compondo os valores gnosiológicos relacionados à pesquisa. Frente às aulas de metodologia de pesquisa foi possível perceber que essas representações indicavam sinonímia, encobrindo dois fatos importantes. O primeiro, a menor valia para a reflexão em detrimento da aplicação de técnicas de pesquisa; o segundo - o receio de mostrar o não-saber. A relação desses pôde ser entendida como simbiose, gerando o afastamento do aluno como autor da pesquisa científica. Esse afastamento vem colocando-o como reprodutor de idéias, enfraquecendo/empobrecendo a cientificidade do país. Entre os problemas da representação da pesquisa, a heteronímia enraizada no sujeito e nas instituições de ensino é a que merece o olhar mais cuidadoso dos professores-pesquisadores. Aqui entra a questão formulada para o entendimento dessas representações, partindo da idéia de que esta é reveladora de pistas de quais os melhores caminhos para a valorização da pesquisa e garantir autonomia da teoria no âmbito institucional. Portanto, cabe questionar quais são as representações sociais instituídas pelos graduandos acerca de pesquisa. O desvelar dessas oferece elementos teóricos metodológicos para um ensino-aprendizagem promovedor da pesquisa pautada na autonomia -autoridade intelectual e moral.
METODOLOGIA:
A pesquisa em tela foi desenvolvida no Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA, em 2003 e 2004. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo pesquisa-participante. Os sujeitos desta investigação: graduandos do Curso de Educação Física.Foram aplicados 75 (setenta e cinco) questionários semi-estruturados e testes de associação livre de palavras pautado nos estudos de ABRIC (1998) e outros. O primeiro teste consistiu em apresentar, aos graduandos, uma palavra indutora -pesquisa-, solicitando que produzissem de 6 a 10 palavras ou expressões ou adjetivos que lhes viessem à cabeça a partir dela, e, indicassem a mais significativa. O questionário foi elaborado com questões etnográficas e de identificação de palavras que pudessem remeter a palavra pesquisa. Foi apresentada uma lista de 26 termos correlacionados a pesquisa para que se pudesse sublinhar as palavras que considerava remeter a palavra pesquisa, e que destas se transcrevesse três palavras que melhor lembrassem de pesquisa. Por último foi solicitada uma definição de pesquisa. Estes instrumentos deram uma quantidade significativa de palavras que geraram uma linguagem passível de análise. Também, foram fotografadas algumas cenas ilustrativas da pesquisa. Na reunião de todo o material simbólico a respeito do tema, as autoras, geraram categorias de valores dados pelas representações sociais, e que retratam o imaginário social instituído do contexto estudado.
RESULTADOS:
Na leitura etnográfica encontrou-se 55% dos alunos do sexo feminino; idade entre 20 a 24 representando 62%, entre outros sendo significativos para a análise posteriori.Por meio da aproximação da freqüência com a ordem de evocação das palavras e na análise dos discursos registrados descreveu-se, sinteticamente, a forma de organização das representações sociais e os atributos que delinearam duas categorias de valores gnosiológicos para o termo “pesquisa”. Os conhecimentos expressos nessas categorias assinalam, primeiramente, ao de valor denominado objetivo ou tangível, ou seja, dizem dos valores dados pelo social. Noutras palavras refletem os objetos materiais ligados ao consumo/utilidade, pois se submetem a racionalidade cognitivo-instrumental dada no coletivo/ grupo. A segunda categoria expressa os conhecimentos subjetivos ou inteligíveis, que tratam dos valores pessoais/singular, e incluem as questões éticas, apontando a racionalidade moral-prática delineando as representações qualitativas sobre pesquisa. A categoria de valores gnosiológicos identificada como sendo de maior valia tanto no teste de associação livre de palavras quanto no questionário semi-estruturado foi a dos objetivos/tangíveis. Este resultado pode ser confirmado nas falas doa alunos que diante de cada etapa de construção do projeto de pesquisa, justificando o seu não-saber na falta de conteúdo e didática dos professores, possibilitando a descrição das dimensões da relação saber-eu-outro.
CONCLUSÕES:
Os possíveis entraves em relação à pesquisa desde seu conceito a sua aplicação podem ser deduzidos dos testes e análises que indicaram a forte tendência dos graduandos a reproduzirem o conhecimento de forma mimética sem reflexão, negando a autonomia. É nítida a presença da heteronímia nos graduandos que delegam os seus saberes ao outro, descumprindo-se do dever de procurar os conhecimentos e reconstruí-los. Essa recusa/omissão dos valores gnosiológicos subjetivos parece ser dada pela cultura pedagógica de ensino superior, onde o professor ora é o único responsável ora o senhor do conhecimento. Essas formas de ver/perceber a pesquisa implicam na concepção de conhecimento e de ser humano, portanto está na ética e na relação sujeito-saber. Mas, também se encontra no fato do graduando, estando emerso no magma conceitual do imaginário coletivo, expressa seus valores e práticas, visivelmente, correspondentes ao do projeto político do país que torna cada vez mais escassos os recursos para a pesquisa. É preciso criar mecanismos para apoiar as pesquisas, além de se efetivar o espaço de reflexão acerca de pesquisa desde os significados e sentidos do conteúdo e do papel do autor autoridade. Enfim, pode-se acreditar que sem autonomia e financiamento a pesquisa é apenas reprodução, com a conseqüência de uma mantença da condição de um país fraco. O caminho a percorrer nesta mediação representações sociais-ação política que institui a sociedade desenvolvida é nosso maior desafio.
Instituição de fomento: CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
Palavras-chave:  Representações Sociais; Autonomia; Pesquisa.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004