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F. Ciências Sociais Aplicadas - 5. Arquitetura e Urbanismo - 4. Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo
ESTUDO COMPARATIVO DE CONFORTO TÉRMICO, LUMÍNICO E DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA PROJETO RESIDENCIAL EM CUIABÁ/MT
Luciane Cleonice Durante 1   (orientador)   lucianedurante@uol.com.br
João Carlos Sanches 1   (autor)   sanchesjc@bol.com.br
1. Departamento de Arquitetura e Urbanismo, FAET - UFMT
2. Departamento de Geografia, ICHS - UFMT
INTRODUÇÃO:
A adequação de projetos arquitetônicos ao clima da região onde estão inseridos, vem cada vez mais sendo objeto de diversos estudos para as mais diversas regiões do Brasil. Observa-se, contudo, vários exemplos onde tal premissa não recebe atenção adequada ou simplesmente não é levada em consideração pelos profissionais envolvidos. Aborda-se aqui, o caso de Cuiabá/MT, seguramente uma das capitais brasileiras que apresenta temperaturas mais elevadas, onde a desinformação sobre o tema, e o uso indiscriminado de climatização artificial, contribuem para a proliferação de uma arquitetura sem identidade regional, despreocupada com as questões energéticas e, consequentemente, ambientais. Nessa região de clima rigoroso, estratégias, técnicas e materiais construtivos adequados ao clima local, são particularmente importantes para que se possa obter conforto ambiental no interior das edificações. Desse modo, o presente trabalho se propõe a realizar um estudo comparativo de técnicas e materiais construtivos, de estratégias bioclimáticas e de projeto arquitetônico, visando a otimização das condições de conforto térmico, lumínico e de eficiência energética para um projeto residencial unifamiliar.
METODOLOGIA:
São levadas em consideração, as condições climáticas da cidade de Cuiabá e do Estado de Mato Grosso, bem como as diretrizes de projeto conhecidas para a região em questão. Trabalha-se também, conforme as legislações vigentes nesse município, relativas à uma residência térrea, para uma família de classe média de 5 pessoas, sendo um casal, duas filhas e um filho. Sendo assim, faz-se uso de materiais de construção e técnicas construtivas usuais, porém, com certo grau de tecnologia e sofisticação (sem, entretanto, deixar de levar em consideração sua viabilidade econômica). Adota-se terreno hipotético, de dimensões de 12 x 30 metros, altimetria plana e de orientação leste/oeste para suas faces de maior dimensão. Essa última característica visa propiciar uma orientação mais desfavorável, contribuindo para a obtenção de resultados mais representativos. Para o obtenção dos resultados esperados, utiliza-se métodos consolidados, extraídos de bibliografia voltada a esse tema, bem como softwares específicos. Procura-se obter dados relativos à um dos quartos da residência descrita (também na situação mais desfavorável) em duas versões ou casos. No caso “A”, aplica-se materiais e estratégias bioclimáticas sugeridos pela bibliografia estudada para o caso de Cuiabá. Já no caso “B”, com as mesmas área, forma e orientação da primeira versão, aplica-se os materiais e técnicas construtivas mais usuais, encontrados em residências desse padrão da região onde se estabelece esse estudo.
RESULTADOS:
O projeto de elementos protetores solares (brises), contribui bastante para a obtenção de condições conforto, através da diminuição da incidência direta de raios solares. Neste caso, constata-se um sombreamento eficaz nas aberturas estudadas, principalmente nos horários de maior incidência de radiações. Comparando-se os dois casos estudados do ponto de vista do desempenho térmico, observa-se que as medidas tomadas para o caso A são bastante eficazes e asseguram as condições de conforto térmico em todas as horas estudadas. Já para o caso B, observa-se que tais condições são atingidas apenas as 7 horas da manhã. Com relação ao desempenho lumínico, observa-se que o projeto concebido para o caso A é completamente satisfatório, atingindo-se índices de iluminamento próximos às médias recomendadas, tanto através da iluminação natural quanto da artificial, e em todos os períodos do ano estudados. No caso B, tais índices são sempre insatisfatórios. Em se tratando da eficiência energética, observa-se que há uma economia da ordem de 58% de energia elétrica no caso A, comparando-o com o B. Observa-se ainda que a necessidade de utilização de climatização eiluminação artificial no caso B, contribuem bastante para essa diferença. Observa-se, então, que se prevê um custo 21% maior para o projeto no caso A , comparativamente ao B (R$ 2038,83 a mais), e que tal custo seria compensado num período de 7,87 anos, a partir da economia de energia prevista.
CONCLUSÕES:
Sendo assim, conclui-se que as medidas estudadas neste trabalho são bastante eficazes, garantindo as condições de conforto propostas, bem como boa eficiência energética, com redução do consumo de energia elétrica, sem prejuízos às condições mencionadas. Desse modo, tais pressupostos reforçam a idéia de que deve haver maior comprometimento das pessoas envolvidas na elaboração de projetos arquitetônicos, no que diz respeito à adoção das medidas estudadas aqui. A partir dessas medidas, pode-se conceber projetos mais adequados ao clima em questão, que consomem menos energia, que garantem as condições de conforto térmico e lumínico nos ambientes construídos, e que têm seus custos compensados ao longo de um determinado tempo. Isso, através da utilização de métodos e softwares acessíveis à esses profissionais, mas que necessitam serem mais difundidos, para que se tenha esse tipo de projeto em maior número.
Palavras-chave:  conforto térmico; conforto lumínico; eficiência energética.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004