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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA MATA DE GALERIA DO CÓRREGO ÁGUAS QUENTES, BARRA DO GARÇAS, MT.
Marcello Messias Barbosa 1   (autor)   m_mbarbosa@yahoo.com.br
Maryland Sanchez 2   (orientador)   maryland@cpd.ufmt.br
Fernando Pedroni 3   (co-orientador)   fpedroni@cpd.ufmt.br
1. Pós-Graduando do Depto. de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso/UFMT
2. Profa. Dra. do Dept.de Ciências Biológicas e da Saúde, Inst.Ciências e Letras do Médio Araguaia/UFMT
3. Prof. Dr. do Dept.de Ciências Biológicas e da Saúde, Inst.Ciências e Letras do Médio Araguaia/UFMT
INTRODUÇÃO:
O bioma Cerrado comporta formações florestais, savânicas e campestres, sendo que o grupo de formações associadas aos cursos de água reúne a Mata Ciliar e a Mata de Galeria. Mata de Galeria é a vegetação florestal que acompanha os riachos de pequeno porte e córregos dos planaltos do Brasil Central, formando corredores fechados sobre o curso de água. As Matas de Galeria que cruzam o Cerrado na região central no Brasil podem funcionar como elo entre as grandes formações florestais, conectando as Florestas Amazônica e Atlântica, no sentido noroeste-sudeste, como se fossem corredores de migração de espécies. Tais florestas vêm sendo erradicadas em várias partes do Brasil. Entre os numerosos fatores que têm contribuído para isto, destacam-se as derrubas, os incêndios, os represamentos e o assoreamento dos rios devido à erosão. No Mato Grosso, o desmatamento para a expansão das áreas agrícolas e a escassez de estudos florísticos e fitossociológicos destas comunidades tornam ainda mais crítica a situação destas florestas. O levantamento florístico abre perspectivas para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas à fitossociologia, à fenologia e à dinâmica das populações ali instaladas. O presente estudo teve por finalidade realizar o levantamento florístico das espécies arbóreas de um trecho de Mata de Galeria do córrego das Águas Quentes em Barra do Garças, MT.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em duas áreas de Mata de Galeria do córrego das Águas Quentes, que é um tributário do rio Araguaia e tem sua nascente no Parque Estadual da Serra Azul. Uma das áreas localiza-se no Parque Municipal das Águas Quentes (PMAQ), a outra, localiza-se na chácara Tawfiq (CHT), ambas localizadas no município de Barra do Garças, MT (15º52’S e 51º16’W). O PMAQ com uma área de 6 ha, faz divisa com o fragmento (0,4 ha) de Mata de Galeria estudada na chácara Tawfiq. A região apresenta clima tropical chuvoso, pertencendo ao tipo Aw de Köppen, com verão úmido e inverno seco; a temperatura média na região é de 22ºC e a precipitação média é de 1600 mm anuais. Nas duas áreas, foram feitas coletas de material botânico de todos os indivíduos arbóreos vivos com PAP (perímetro à altura do peito - 1,30 m acima do solo) ≥15 cm. Os indivíduos que se enquadraram neste critério tiveram suas alturas estimadas e material botânico coletado para identificação. Todos os exemplares foram herborizados e incorporados ao acervo do Herbário da UFMT – Unidade do Instituto de Ciências e Letras do Médio Araguaia. Para avaliar a diversidade florística das áreas estudadas, foi utilizado o Índice de Shannon. Para a comparação da composição florística das duas áreas foi utilizado o coeficiente de similaridade de Jaccard.
RESULTADOS:
Foram amostrados 460 indivíduos, sendo 303 pertencentes à área do PMAQ e 157 à área da CHT. Foram identificadas 93 espécies, pertencentes a 36 famílias e 81 gêneros. Na CHT foram encontradas 46 espécies, distribuídas em 24 famílias e 43 gêneros. As famílias com maior riqueza foram Leguminosae (6), Sapotaceae (5) e Annonaceae e Euphorbiaceae (4). Dezesseis famílias apresentaram apenas uma espécie. As famílias mais abundantes na CHT foram Leguminosae (27 indivíduos), Sapindaceae (18) e Sapotaceae (17). As espécies mais abundantes na CHT foram Matayba guianensis (16 indivíduos), Inga cylindrica (11) e Luehea grandiflora (10). O valor de diversidade de Shannon para a CHT foi de 3,43 nats/indivíduo. No PMAQ, foram encontradas 76 espécies distribuídas em 31 famílias e 69 gêneros. As famílias com maior riqueza foram Leguminosae (21), Moraceae (5) e Anacardiaceae e Sapindaceae (4). Quatorze famílias apresentaram apenas uma espécie. As famílias mais abundantes no PMAQ foram Anacardiaceae e Leguminosae (81 indivíduos), Sapindaceae (19) e Bignoniaceae (11). A maior abundância foi verificada para as espécies Astronium fraxinifolium (33 indivíduos), Hymenaea courbaril (26) e Mangifera indica (23). O Índice de diversidade de Shannon (H’) para o parque foi de 3,69 nats/indivíduo. O Coeficiente de similaridade de Jaccard entre o PMAQ e CHT foi 0,51 com 28 espécies em comum.
CONCLUSÕES:
A maior riqueza, o maior número de famílias e o maior Índice de diversidade de Shannon (H’) apresentado para a área do PMAQ, pode estar relacionado ao fato desta se encontrar em uma área de transição, englobando mais de uma fitofisionomia do Bioma Cerrado (Mata de Galeria e Cerrado sentido restrito). No entanto, por se encontrar em uma área que foi transformada em local de lazer, sua vegetação vem sofrendo algumas modificações. Como o PMAQ está situado em área de preservação permanente (Mata de Galeria), medidas de restauração e conservação da vegetação poderiam ser consideradas, dentre algumas medidas sugere-se: promover atividades de educação ambiental, através da confecção de placas informativas divulgando os nomes das principais espécies presentes na área, sua importância e uso, objetivando desta forma despertar nos freqüentadores da área, a importância da preservação. Outra medida é o replantio de espécies típicas de Matas de Galeria que não foram encontradas no parque, utilizando para tanto, a coleta de sementes nos trechos de Matas de Galeria do córrego das Águas Quentes que ainda estiverem preservadas. As recuperações dos trechos que se encontram degradados podem permitir o fluxo de espécies entre diferentes áreas e possibilitar a integração da Mata de Galeria do córrego das Águas Quentes com a Área de Proteção Ambiental (APA) do Parque Estadual da Serra Azul.
Palavras-chave:  diversidade; conservação; floresta urbana.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004