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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
AS RELAÇÕES E EFICIÊNCIA DOS DIFERENTES MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA NA SOCIEDADE RURAL: O CASO DOS PRODUTORES FEIRANTES DE SANTA MARIA/RS
Thaisy Sluszz 1   (autor)   thaisy@terra.com.br
Nara Rejane Zamberlan dos Santos 2   (orientador)   -
Aline Franken 1   (colaborador)   -
Rogério Pietrzacka 1   (colaborador)   rogerioagro@yahoo.com.br
1. Acadêmico de Agronomia, Bolsista do Programa Especial de Treinamento-PET-UFSM
2. Profª. do Centro de Ciências Rurais - Dpto. de Fitotecnia - CCR - UFSM
INTRODUÇÃO:
Na década de 80, algumas instituições de Extensão Rural e emissoras comerciais passaram a utilizar a TV, o rádio e os impressos, produzindo programas e circulares para serem veiculados ou distribuídos para o público rural, no contexto de um fenômeno que Braga (1986) e Seixas (1990) chamaram de ruralização dos meios de comunicação brasileiros. A importância desse fenômeno e a escassez de estudos, particularmente de recepção, motivaram este estudo, que procurará refletir sobre a relação dos meios de comunicação com seus receptores, no caso, os produtores feirantes do município de Santa Maria/RS. Percebendo-se a intimidade existente entre a comunicação, a educação e a extensão rural, e a problemática de inexistir canais de feed back, aliados com a abordagem manipulativa utilizada pelos meios de comunicação de massa (MCM), verificou-se grande déficit de informação a respeito da comunicação rural. Com isso, este estudo teve como objetivos: verificar a eficiência e a importância dos meios de comunicação de massa na sociedade rural, sendo para isso analisados o meio televisivo, o rádio, os informativos escritos (circulares, revistas, jornais, informativos técnicos, etc), a participação da extensão rural na comunicação e a influência dos vizinhos e conhecidos na tomada de decisões junto à produção e comercialização; e, ainda, verificar se, e como os programas envolvidos na comunicação de massa afetam ao produtor rural como indivíduo ou em associações.
METODOLOGIA:
Na realização do trabalho, optou-se por uma abordagem qualitativa, já que essa permite ao pesquisador a obtenção de dados descritivos, cuja análise será a partir da perspectiva dos sujeitos envolvidos e do contexto no qual estão inseridos. A partir da definição por essa abordagem, optou-se pela pesquisa do tipo estudo de caso. Para o levantamento das informações foram utilizados a pesquisa bibliográfica, a observação e o questionário semi-estruturado. Na realização da pesquisa bibliográfica objetivou-se a elaboração do referencial teórico do trabalho. A técnica de observação permitiu um contato pessoal e estreito com a realidade investigada, podendo-se recorrer aos conhecimentos e experiências pessoais como auxiliares no processo de compreensão e interpretação do fenômeno em estudo. E o questionário foi usado com o propósito de obter de forma sistemática e ordenada, através de questões apresentadas por escrito, informações sobre o conhecimento, opiniões, interesses, etc, dos feirantes. A amostra da pesquisa foi definida como um subconjunto do universo, não probabilística por acessibilidade dos produtores das feiras: Agroecológica, Av. Liberdade, Camobi, Projeto Cooesperança, Rua Dores e Av. Rio Branco, todas em bairros de Santa Maria. A análise e a interpretação dos dados foram realizadas a partir da análise do conteúdo das entrevistas e das informações do trabalho de observação, correlacionados com os dados teóricos.
RESULTADOS:
Os 35 produtores entrevistados são oriundos dos distritos de Santa Maria e vendem sua produção nas feiras do município. Destes, 57% são do sexo masculino e tem idade entre 30-50 anos. Observou-se que a escolaridade desses é muito baixa, já que 58% pararam seus estudos no 1° grau e dentre esses apenas 19% o completaram. A maioria dos entrevistados (96%) vê TV e entende seu conteúdo, porém apenas 25% utilizam-se das técnicas apresentadas em programas voltados para o público rural, como o Globo Rural. Afirmando o proposto por Bostian (1978), verifica-se que o rádio oferece maior potencial para instruir a população rural, já que é o meio mais utilizado para buscar informações e entretenimento (99%). Programas veiculados pela manhã, como o Programa da EMATER e do Schimitão são os mais ouvidos por possuírem notícias relacionadas à cotação atualizada de produtos vendidos nas feiras livres. Já os informativos escritos são menos importantes, pois tem menor aceitação pelos agricultores, devido à baixa escolaridade dos mesmos e à linguagem técnica empregada. Quanto à assistência técnica, 65% dos produtores não recebem a visita de profissionais da Extensão Rural porém, notamos que para adotar uma nova técnica a sua presença ou a ida dos agricultores a eventos como dias de campo e palestras é fundamental. A troca de experiências entre vizinhos é extremamente importante no contexto do estudo, já que contribui para o desenvolvimento regional, mostrando a relevância do associativismo.
CONCLUSÕES:
Com o estudo realizado, conclui-se que os meios de comunicação são importantes formadores de opinião no meio rural, principalmente o rádio e a TV, porém seus programas não suprem a demanda de informação e entretenimento que há nesse meio. Pôde-se observar, que a maioria dos entrevistados possui origem no meio rural e seu conhecimento empírico sobre os fatos relacionados ao meio-ambiente e sistemas de produção é relevante para a construção de programas voltados a esse público, comprovado pelo fato que os programas de maior relação com o rural (Globo Rural, Campo & Lavoura, Programa da EMATER e do Schimitão) retratam a realidade do meio, utilizando uma linguagem simples e assuntos atuais. Verificou-se também, que o associativismo é de extrema importância para o desenvolvimento de comunidades rurais, pois assim, com auxílio de profissionais da extensão rural, os produtores têm possibilidade de discutir e verificar os problemas relevantes, assim como as potencialidades existentes na comunidade para promover o desenvolvimento rural sustentável. A influência dos vizinhos e conhecidos é importante no processo de evolução tecnológica e pessoal, já que esse se dá através de diálogos e troca de experiências. Assim, deve-se através dos meios de comunicação de massa motivar a população rural a continuar seu desenvolvimento e fazê-los compreender a importância do meio em que vivem e a qualidade de vida que possuem, com uma programação mais qualificada e específica para esse público.
Palavras-chave:  Comunicação rural; Meios de comunicação de massa; Produtores feirantes.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004