IMPRIMIRVOLTAR
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
RISCOS AMBIENTAIS E OCORRÊNCIA DE AGRAVOS À SAÚDE NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO DO RIO PRETO/MG.
Tatiana Thomaz Diniz 4, 5   (autor)   ttdiniz@bol.com.br
Raphael Dumont 3, 5   (autor)   raphaschlegel@hotmail.com
Rosana Beinner Cambraia 2, 5   (orientador)   beinner@citel1.com.br
Liliana de Mendonça Porto 1, 5   (co-orientador)   -
1. Profa. Dra. do Depto. de Ciências Básicas, Faculdades Federais Integradas de Diamantina, FAFEID-FCS
2. Profa. Dra. do Depto. de Enfermagem, Faculdades Federais Integradas de Diamantina, FAFEID-FCS
3. Graduando do Depto. de Odontologia, Faculdades Federais Integradas de Diamantina, FAFEID-FCS
4. Graduanda do Depto. de Enfermagem, Faculdades Federais Integradas de Diamantina, FAFEID-FCS
5. Pesquisador(a) do Depto. de Ciências da Saúde, Faculdades Federais Integradas de Diamantina, FAFEID-
INTRODUÇÃO:
É importante reafirmar que os problemas de saúde não estão restritos às doenças, podendo ser resultantes de riscos ambientais advindos da falta de fornecimento de água de boa qualidade assim como de coleta e tratamento de lixo e de esgoto. Em termos gerais, risco é uma medida que reflete a probabilidade de que se produza um dano à saúde, como enfermidade e morte. O risco pode se tornar mais aparente quando informações ambientais e de saúde revelam a presença de agentes perigosos no ambiente, cujos efeitos sobre a saúde podem ser estimados qualitativa e quantitativamente. O enfoque do risco se fundamenta na medição dessa probabilidade, utilizado para monitorar a atenção à saúde e outros serviços. O Vale do Jequitinhonha (MG), embora apresente grande diversidade de recursos naturais, é considerada uma das regiões mais carentes do país. A miséria observada no Vale está intimamente ligada à ação antrópica sobre os recursos existentes, levando à crescente degradação do meio ambiente. O município de São Gonçalo do Rio Preto (Alto Vale do Jequitinhonha), localizado em área de conservação de mananciais, possui cobertura vegetal nativa que cobre grande parte da região. Apresenta problemas ambientais primários, que refletem as condições sócio ambientais e de saúde na região. Baseado na realidade local, este estudo teve como objetivo verificar a associação entre os riscos ambientais existentes e a incidência dos principais agravos à saúde.
METODOLOGIA:
Foi utilizado o banco de dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB/ Ministério da Saúde, 2002-2003), gerado a partir do Programa de Saúde da Família (PSF) de São Gonçalo do Rio Preto (MG), além de indicadores da Secretaria Municipal de Saúde e entrevistas com profissionais de saúde do município. As informações foram complementadas com o relatório de atividades do PROBIO, subprojeto Desenvolvimento Sustentável do Entorno do Parque Estadual do Rio Preto (FNMA, Ministério do Meio Ambiente, 2002). A existência de uma unidade de conservação estadual abrangendo a maior porcentagem da área do município, transformou as comunidades do entorno do parque em área de amortecimento, de preservação permanente. As informações foram processadas utilizando o aplicativo Excel (Microsoft Office); tabelas e gráficos foram confeccionados para visualização da associação entre riscos ambientais e agravos à saúde.
RESULTADOS:
Das 818 famílias cadastradas em 2003 no PSF, 34,10% consomem água de poços ou nascentes, 96,21% apenas filtram a água, 0,49% fervem a água e 3,30% não fervem nem filtram a água para consumo. 38,40% queimam ou enterram o lixo e 10,88% depositam o lixo a céu aberto. Quanto ao sistema de esgoto 90,71% utilizam fossa, 6,85% liberam seus dejetos a céu aberto e apenas 2,45% possuem canalização de esgoto. Quanto aos agravos à saúde destacam-se: 2,60% de casos de diarréia em menores de dois anos, 4,20% de casos de desidratação em menores de cinco anos, 37,55% de crianças desnutridas menores de dois anos. Verificou-se média de dentes decíduos cariados extraídos obturados (CEO-D) de 4,07 para crianças de 7 anos e média de dentes permanentes cariados perdidos obturados (CPO-D) de 3,18 para crianças de 14 anos, apresentando freqüência de cárie de 29,01% e de 14,75%, respectivamente.
CONCLUSÕES:
O estudo verificou a existência de associação entre os riscos ambientais locais e os principais agravos à saúde. Considerando o elevado número de crianças desnutridas, este fato pode estar relacionado às doenças infecto parasitarias, devido à precariedade de saneamento ambiental. Foi possível verificar que a freqüência de cárie dentária é alta, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, podendo estar associada à falta de fluoretação da água, devido à inexistência de tratamento da água potável. A identificação dos riscos e a divulgação das informações referentes aos fatores condicionantes e determinantes das doenças e agravos à saúde, relacionados ao ambiente natural e antrópico local, permitem ações diretas no âmbito das questões ambientais. Este é um dos propósitos da vigilância ambiental. A vigilância promove ações junto aos órgãos afins, de forma que ocorra monitoramento de ações públicas e empenho dos profissionais de saúde no nível municipal, proporcionando localmente a constatação de quais riscos estão associados aos agravos mais comuns. Portanto é preciso incrementar o processo de avaliação dos sistemas de informações no nível local, promovendo reflexão e tomada de decisões sobre as situações ambientais que impliquem em risco efetivo ou potencial para a saúde humana. Assim sendo, é interessante ressaltar a interação entre saúde, meio ambiente e desenvolvimento local, visando o fortalecimento da participação da população para promoção da saúde e da qualidade de vida.
Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais-FAPEMIG
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Saúde Ambiental; Risco Ambiental; Saúde Pública.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004