IMPRIMIR VOLTAR H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 6. Lingüística ANÁLISE DISCURSIVA E ENSINO: ENCONTROS POSSÍVEIS. Ingrid Nancy Sturm 1   ()   dirgni@terra.com.br 1. Depto. de Letras, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT INTRODUÇÃO: Freqüentemente somos alertados por pesquisas que indicam que o ensino regular da Língua Portuguesa não tem sido suficiente para garantir o uso adequado da língua em todos os seus níveis. Fato discutido e levado em conta nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa à medida que estes propõem novos investimentos para a aprendizagem da leitura e da escrita. A Análise do Discurso e a Lingüística da Enunciação têm um papel importante a desempenhar nesse processo. O objetivo deste trabalho é o de apresentar algumas análises lingüísticas nas quais são utilizados os pressupostos sócio-históricos da Análise do Discurso e alguns dispositivos da Lingüística da Enunciação, isto é, comentário metaenunciativo, com vistas a contribuir, mesmo que modestamente, para minimizar a atual distância entre um tipo de ensino limitado aos livros didáticos de caráter fragmentário, e outro que considere as condições concretas em que a linguagem é articulada. METODOLOGIA: Considerando o discurso como um fenômeno essencialmente heterogêneo, iniciaremos fazendo uma descrição teórica, fundamentada especialmente no trabalho sobre heterogeneidade mostrada desenvolvido por Jacqueline Authier-Revuz, visando substanciar as análises. Serão utilizados igualmente textos de outros autores, como Sílvia Barbi Cardoso e Dominique Maingueneau. O corpus consta de dois textos, publicados na internet, que estabelecem uma polêmica entre si. Neles, procuraremos detectar a utilização da modalização autonímica que se manifesta lingüisticamente com o uso de aspas, itálico, reticências, ou através de expressões tais como: de uma certa forma, desculpe a expressão, ou melhor, isto é, dentre outros, por enunciadores situados em lugares diferentes, que, ao comentarem a própria fala, produzem um fenômeno lingüístico chamado de enlaçamento. Esse procedimento permite ao enunciador falar da própria fala sem que seja necessária a interrupção do enunciado. RESULTADOS: Os resultados das análises nos textos mostram que é possível, através da aplicação das teorias do discurso e da enunciação, levar o leitor a descobrir sentidos impostos pelo enunciador, mas que, muitas vezes, não se encontram na superfície textual, e nem mesmo são por ele assumidos explicitamente. Dessa forma, a dinâmica da metaenunciação revela que a enunciação de um determinado elemento se faz acompanhar de sua representação reflexiva (opacificante). CONCLUSÕES: Levar avante um trabalho dessa natureza poderá contribuir significativamente para o avanço da escrita e da leitura no trabalho escolar. A apropriação de determinadas teorias do discurso e da enunciação pelo professor, não pelo aluno, evidentemente, para utilização em sala de aula poderá contribuir para mostrar que a linguagem não deveria nunca ser considerada fora de seu contexto de uso, que ela é ideologicamente marcada, tanto quanto o são aqueles que dela se apropriam. Dessa forma, pode-se melhorar a capacidade do leitor em descobrir sentidos não revelados, não coincidentes com aquilo que o texto diz em sua superfície. Palavras-chave:  heterogeneidade enunciativa; autonímia; modalização autonímica. Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004