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G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil
FESTA NA FRONTEIRA: AS COMEMORAÇÕES REAIS ORGANIZADAS PELAS CÂMARAS MUNICIPAIS DA CAPITANIA DE MATO GROSSO
Nauk Maria de Jesus 1   (autor)   jnauk@hotmail.com
1. Doutoranda no Programa de Pós Graduação em História - UFF
INTRODUÇÃO:
Entre as atribuições das câmaras coloniais a que lhes dava maior prestígio e que as transformavam em verdadeiros agentes mediadores entre as localidades e o centro da monarquia portuguesa, eram as festas régias e religiosas, vistas como momentos de celebração do corpo místico sobre o qual se fundava o Império. No reino e no ultramar uma das instituições responsáveis pela organização dos festejos eram as câmaras municipais, poder local que agia como mediador nas relações entre os colonos e o monarca. Em Mato Grosso as discussões sobre as câmaras coloniais e sua atuação nos ambientes urbanos, como na organização das festas, pouco espaço tem tido na historiografia local. No entanto, tal estudo é importante por recompor o processo de constituição e a dinâmica de uma das instituições representantivas da sociedade no período colonial. Assim sendo, a presente pesquisa tem como objetivo discutir a participação das câmaras municipais da Vila do Cuiabá e de Vila Bela na organização dos festejos reais.
METODOLOGIA:
O estudo das câmaras coloniais da capitania de Mato Grosso depara-se com algumas dificuldades, pois nas primeiras décadas do século XX, o arquivo da câmara municipal de Cuiabá foi destruído por um incêndio. Por isso, foram transcritos e analisados os manuscritos sobreviventes, ou seja, papéis avulsos e fragmentados como: correspondências, ofícios, partes de atas, indicações para eleições e mapas de receitas e despesas. Além desses documentos, as fontes impressas, como as narrativas dos cronistas foram importantes, já que alguns deles mencionam os anos em que os festejos foram realizados e descrevem os preparativos e o decorrer das solenidades.
RESULTADOS:
Por meio dessa documentação foi possível identificar os festejos reais realizados na capitania de Mato Grosso, na segunda metade do século XVIII. Essas comemorações régias estavam relacionadas aos nascimentos, casamentos e aniversários de membros da família real portuguesa. As notícias desses acontecimentos ao chegarem nas vilas eram divulgadas publicamente pelas câmaras que em seguida marcavam as datas das festas, definiam o local de realização dos festejos, limpavam as vias públicas, arcavam ou dividiam as despesas e convocavam o povo, a nobreza e o clero para acordar a participação de cada grupo na realização dos eventos. Vale observar que essas ações garantiam o sucesso dos festejos e estavam inseridas nos rituais políticos do Antigo Regime.
CONCLUSÕES:
Mesmo que separados pelo oceano, os colonos da América portuguesa compartilhavam com o rei a sua alegria, conforme determinava as Ordenações Régias. Refletir sobre tal questão tendo como base uma capitania localizada na fronteira, é demonstrar como ela estava inserida na lógica do Império português e também como as celebrações festivas representavam a força simbólica do monarca, reforçando os laços de fidelidade com a metrópole.
Instituição de fomento: CNPq
Palavras-chave:  capitania de Mato Grosso; câmaras municipais; festas régias.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004