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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 13. Ensino Profissionalizante
JOVENS DO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO E O CONSUMO DE DROGAS ILICITAS
Maria Ubaldina Costa Sanches 1   ()   tatai@terra.com.br
Maria Aparecida Morgado 1   ()   morgadom@terra.com.br
1. Instituto de Educação, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
O objetivo desse trabalho é investigar a visão de jovens do CEFET-MT sobre o consumo de drogas ilícitas. Nesse sentido foram selecionados alunos de áreas educacionais diferenciadas: Ensino Médio e Educação profissional com os Cursos de Química e Construções Prediais, buscando identificar possíveis convergências e divergências sobre a questão.
Na comunidade CEFET-MT, é escassa a informação sobre o consumo de drogas e há ausência de projetos de ações efetivas no trato das questões relacionadas a esse tema. Corrobora neste sentido Carrano (2002) ao afirmar que ainda é pequena a incidência de investigações que se dediquem a perceber como os jovens vivem e elaboram suas situações de vida, considerando as suas experiências. Esta instituição de ensino não foge à regra.
A questão do pensar do jovem e a compreensão de sua prática, merecem uma atenção especial. É preciso conhecê-los para posteriormente compreender suas visões de mundo. Ainda são raras as experiências que consideram os jovens como interlocutores significativos. Em geral os problemas são definidos pelo mundo adulto, e não sob a ótica dos direitos da juventude (ABRAMO, 1977, apud CARRANO, 2002, p. 15). Investigar e compreender a visão dos jovens do CEFET-MT sobre o consumo de drogas ilícitas nesta instituição, bem como saber como se posicionam diante desta questão social permite indagar se reproduzem ou não os preconceitos vinculados à questão. A saber, eles compreendem-na de que maneira, democrática ou autoritária?
METODOLOGIA:
Este trabalho foi desenvolvido no CEFET-MT, escola tradicional como centro de excelência na formação técnica, tecnológica e de ensino médio na capital mato-grossense. Fizeram parte da investigação 205 estudantes, do primeiro ano dos cursos profissionalizantes de Química e Construções prediais e do Ensino Médio, sendo 124 alunos do período diurno e 81 do noturno. A pesquisa abarca as contribuições das perspectivas qualitativa e quantitativa, adotando como estratégias a aplicação de questionário de auto preenchimento sem identificação pessoal, com questões abertas e fechadas e a realização de entrevistas coletivas. O uso de instrumentos variados e complementares, se fez necessário à medida que as informações foram surgindo, dada a problemática proposta. Pelos dados levantados foi possível desenhar o perfil sócio econômico e familiar, obter informações sobre o conhecimento e consumo de drogas pelos estudantes e questões gerais da contemporaneidade. As estrevistas buscaram informações sobre os significados atribuídos pelos jovens à respeito de motivação para o consumo, visão acerca do usuário, relações com familiares, colegas e escola, pressão social, e democracia. O uso desta técnica nas pesquisas científicas focaliza a atenção em um tema e beneficia-se da discussão do grupo (DAWSON et al, 1997, p. 18) ou seja, atenção às opiniões, quando além de cumprirem a finalidade de instrumento de pesquisa, constituem um meio de reflexão para os participantes
RESULTADOS:
Na opinião dos estudantes investigados, os jovens que usam drogas são: pessoas com problemas, precisam de ajuda, 79%; uns otários que vão se dar mal, 31%; uns fracos sem personalidade, 29%; uns caras legais, que sabem das coisa, 4%. Por que algumas pessoas usam drogas? 67% responderam que ajuda a esquecer as coisas ruins, os problemas; 50% porque os amigos usam; 30% porque dá coragem, impõe respeito; 27% porque se sentem mais adultos; 19% porque é divertido e 18% porque dá um barato. Quanto ao consumo de drogas pelos jovens, 55,1% responderam ser um problema, 32,7% um perigo; 6,3% uma doença e 5,9% uma coisa normal. Dos estudantes que fazem uso de drogas ilícitas o motivo que os levou a faze-lo pela primeira vez foi: química e construções prediais, para participar de grupos de amigos e para o ensino médio, para quebrar a rotina/curtir os efeitos da droga. Sobre a quem cabe a responsabilidade pelo usuário de drogas e os problemas causados por elas, 21% diz que é da saúde pública; 33,2% é da justiça e 45,8% destes indicam que a responsabilidade é de outros. Em outros, do próprio usuário 32,97%. 17,1 % dos estudantes de química já experimentaram maconha, 8,1% do ensino médio e construções prediais 12,5%; para a cocaína, 3,8% para alunos de química, 2,0% para ensino médio e 2,1% para construções prediais. O uso ilícito do solvente é preocupante quando a maior incidência de uso deu-se para alunos do curso de Química (23,1%) .
CONCLUSÕES:
A partir dos dados levantados e analisados, pode-se concluir que, quando é dado ao jovem espaço para discussão sobre assuntos de seu interesse, percebe-se que eles têm posições críticas sobre os problemas sociais atuais e querem se sentir inseridos nas suas discussões e ações que tratam dos mesmos.
Quando o assunto é drogas, pais, educadores, tendem a oferecer ao jovem um caminho definido, buscando deixá-los fora desse complicador. Mas, eles têm muito a dizer nesse assunto. Em suma, por meio desta investigação buscou-se conhecer e demonstrar como os jovens do CEFET-MT, se posicionam diante desta questão social. Reproduzem ou não os preconceitos vinculados à questão: compreendem-na de maneira, democrática ou autoritária?
Os estudantes pesquisados muitas vezes posicionam-se de maneira intolerante quanto ao consumo de drogas ilícitas por jovens. Todavia, são tolerantes quanto ao uso de drogas de modo geral. Ao mesmo tempo, nos três cursos investigados, os indicadores mostram que estudantes faziam uso de inhalantes, solventes de modo rotineiro, sem vincular essa prática ao consumo ilícito de drogas lícitas.
Com este estudo, através do diagnóstico, espera-se gerar ações, que possibilitem a promoção de discussões, mudanças de postura no tratamento dos estudantes do CEFET-MT, visando a mudanças.
Palavras-chave:  Educação; Jovens; Drogas ilícitas.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004