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C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 5. Histologia
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DA FASE INCIAL DO CRESCIMENTO DA MUSCULATURA NO PACU (Piaractus mesopotamicus) SOB DIFERENTES TEMPERATURAS DE INCUBAÇÃO
Jeane Marlene Fogaça de Assis Barreto 1, 2   (autor)   jeane@cpd.ufmt.br
Cláudio Ângelo Agostinho 4   (colaborador)   
Maeli Dal Pai-Silva 3   (orientador)   
Tatiane Maria da Silva 2   (colaborador)   
Clarianna Martins Baicere Silva 2   (colaborador)   
1. Depto. de Biologia Celular – Instituto de Biociências – UNICAMP
2. Núcleo interdisciplinar de estudos faunísticos (NIEFA)/CNPq- UFMT
3. Departamento de Morfologia – Instituto de Biociências – UNESP – e CAUNESP
4. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) – UNESP
INTRODUÇÃO:
A caracterização do padrão morfológico e do crescimento da musculatura tem importância em espécies animais de interesse econômico. Nos peixes, essa massa muscular é formada por diferentes tipos de fibras e o crescimento ocorre pela associação dos processos de hipertrofia e hiperplasia. Na hipertrofia, mioblastos se fundem com fibras musculares existentes aumentando o número de núcleos para maior síntese de miofibrilas, enquanto na hiperplasia ocorre a formação de uma nova fibra muscular. Nos peixes, diferentemente dos mamíferos, esse processo hiperplásico pode ocorrer durante toda a fase adulta. Os mioblastos em proliferação expressam o PCNA (Antígeno nuclear de proliferação celular) que pode ser marcado em uma reação imunohistoquímica. Durante o crescimento muscular observa-se um mosaico de fibras com diferentes diâmetros, principalmente na musculatura branca. Essa característica morfológica se deve a presença de fibras com diâmetro menor que 25µm, consideradas fibras novas, que surgem durante a hiperplasia, e o aumento do diâmetro das fibras pré-existentes devido à hipertrofia. Entre as variáveis que podem influenciar o crescimento do tecido muscular nos peixes, a temperatura de incubação pode alterar o número e tamanho dessas fibras musculares, inferindo no ganho de peso no abate. Nesse trabalho foi avaliada a influência de diferentes temperaturas de incubação na morfologia e nas características do crescimento da musculatura estriada no pacu (Piaractus mesopotamicus).
METODOLOGIA:
Foram realizadas 03 temperaturas de incubação: 25, 27 e 29oC, com 03 repetições por experimento. Exemplares de peixes foram analisados após 5, 25 e 60 dias da eclosão. Fragmentos musculares foram fixados em paraformoldeído a 4% e processados para inclusão em Historresina e outros fragmentos foram imersos em n-Hexana a -70ºC resfriada em nitrogênio líquido a –190ºC. Cortes histológicos foram submetidos à coloração pela Hematoxilina-Eosina para avaliação da morfologia geral e para a realização da morfometria das fibras musculares. Também foram obtidos alguns fragmentos da musculatura, fixados em paraformoldeído a 4%, para processamento de reações imunohistoquímica para PCNA. Foi mensurado o diâmetro das fibras musculares utilizando o sistema de análise de imagens Qwin (Leica Germany). Posteriormente esses dados foram distribuídos em classes para avaliar o grau de crescimento hipertrófico e hiperplásico da musculatura, para tanto também foi efetuada a contagem de todas as fibras em um quadrante epiaxial da musculatura miotomal. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e a média dos tratamentos foi comparada pelo teste de Tukey, através do programa estatístico Sigma Stat 2.0. Para o número de fibras musculares e número de núcleos em proliferação e para as variáveis em porcentagem foi feita a transformação pela expressão y = , sendo x o valor da variável, antes da realização da Análise de Variância. As diferenças foram consideradas significativas quando p<0,05.
RESULTADOS:
A partir de cinco dias foram observadas duas populações distintas de fibras musculares distribuídas em compartimentos. O vermelho, localizado na região superficial com metabolismo oxidativo e contração lenta e o branco, constituindo a maior parte da musculatura, formado por fibras com metabolismo glicolítico e contração rápida. Um compartimento intermediário foi evidenciado 25 dias após a eclosão juntamente com as zonas de proliferação celular no ápice da região dorsal. No decorrer do experimento observou-se um espessamento da massa muscular. Esse foi decorrente do aparecimento de novas fibras na zona de proliferação celular e entre as fibras das musculaturas vermelha, intermediária e branca. Fato melhor observado a partir de 25 dias da eclosão, sendo mais acentuado na temperatura de incubação de 29oC o aumento do diâmetro das fibras demonstrou o processo de hipertrofia desde a eclosão até 60 dias, sendo predominante no período entre 5 e 25 dias. O número de núcleos em proliferação aumentou no decorrer do experimento, sendo maior na temperatura de 29oC aos 60 dias.
CONCLUSÕES:
As duas populações distintas de fibras, distribuídas em dois compartimentos, com fibras brancas glicolíticas e de contração rápida constituindo a maior parte da musculatura, caracteriza o tipo de locomoção no período larval, onde se observam movimentos bruscos e relaxamentos seqüenciais devido à fadiga. A posterior proliferação das fibras vermelhas, localizadas na região superficial, com metabolismo oxidativo e contração lenta, bem como o aparecimento do compartimento intermediário, contribuem para a estabilização dos movimentos natatórios característicos dos peixes.
Nas temperaturas de incubação de 25, 27 e 29oC, a hipertrofia foi o mecanismo de crescimento predominante na fase inicial, até 25 dias, e a partir desse período a hiperplasia ocorreu de forma mais intensa. A interação dos processos hipertrófico e hiperplásico das fibras musculares dos peixes que eclodiram na temperatura de 29oC resultou no maior tamanho desses ao final do experimento.
Instituição de fomento: FAPESP
Palavras-chave:  musculatura; Piaractus; temperatura.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004