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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
QUALIDADE DE ENSINO E ATUAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DE CÁLCULO I
Meirelaine Marques Gasparoni 1   (autor)   meirellainne@bol.com.br
Rita Márcia Andrade Vaz de Mello 1   (orientador)   ritamarcia@tdnet.com.br
1. Depto. de Educação, Universidade Federal de Viçosa - UFV
INTRODUÇÃO:
A prática do professor deve ser objeto de reflexão fundamentada, suas decisões e ações conseqüentes devem estar voltadas para a análise e para a solução de problemas identificados tanto nas condições sociais do seu exercício docente, quanto no processo de apreensão e apropriação ativa dos alunos. Algumas linhas de reflexão centralizam nos professores a responsabilidade pelo fracasso escolar, outras chamam a atenção para a multiplicidade de fatores que determinam a prática docente, situando-se entre estas, a presente pesquisa investiga como ocorre a transposição didática na ação pedagógica universitária, que fatores influenciam esse processo e como se dá a construção e ou apropriação do conhecimento científico pelos alunos. Este estudo surge de reflexões em torno do desenvolvimento da disciplina Cálculo I, ministrada para vários cursos de graduação da Universidade Federal de Viçosa (MG) e que historicamente apresenta um índice preocupante de evasão e repetência. Nesse estudo, o processo ensino-aprendizagem tem como alicerce a prática docente, pois é na diversidade encontrada no cotidiano escolar que se articula a teoria de forma a subsidiar e dar suporte epistemológico às decisões que devem ser tomadas.
METODOLOGIA:
Neste trabalho, o esboço do design lógico/empírico e o processo de construção do conhecimento partem de um estudo exploratório-descritivo. No que tange aos cenários da investigação e sujeitos da pesquisa, a sala de aula foi instituída como objeto de estudo, para a apreensão do seu real significado, para a captação da multiplicidade de elementos que a integram. Os sujeitos da pesquisa foram 217 graduandos, matriculados na disciplina Cálculo I na Universidade Federal de Viçosa (UFV), além de professores que ministraram a referida disciplina e coordenadores dos cursos de graduação que tem como disciplina obrigatória o Cálculo I. Como instrumentos utilizamos, entrevistas semi-estruturadas; questionários e análise documental. O tratamento dos dados foi feito por análises estatísticas em percentuais e em especial pela técnica da análise do discurso, que segundo Luke (2000), numa perspectiva crítica é uma abordagem contemporânea do estudo da linguagem e dos discursos nas instituições sociais. Em decorrência desse quadro, uma análise investigativa se fez necessária, haja vista que ainda não se efetuou qualquer estudo que tenha sido feito ou divulgado para que possamos refletir e fomentar questões referentes ao processo ensino-aprendizagem de Cálculo I na UFV (MG), que historicamente apresenta altíssimo grau de evasão e repetência.
RESULTADOS:
Na análise dos núcleos temáticos das respostas dos alunos identificou-se fatores determinantes do processo ensino-aprendizagem em sala de aula, variáveis ligadas ao professor, ao aluno, ao conteúdo da disciplina, as formas de transmissão e de avaliação. A maioria dos alunos (70,06%) atribui ao Programa de Tutoria e Monitoria da UFV para estudantes que ingressam com deficiência de conhecimentos prévios nas áreas básicas como uma forma válida que revê problemas de base em matemática e corrigi-os. A opinião dos professores foi uníssona em relação às marretas como um meio utilizado pelos alunos para o estudo, em especial, para as provas. Os discursos dos discentes e docentes revelam que a metodologia utilizada em sala de aula prevalece unicamente as aulas expositivas e os recursos utilizados são na realidade a fala do professor e o quadro de giz e de modo geral não diversificam as formas de abordagem do conteúdo. Os professores foram unânimes em concordar que o agente da aprendizagem é o aluno, sendo o professor um orientador e facilitador do processo ensino-aprendizagem, porém a prática de ambos denotam através das observações em sala de aula e das entrevistas, que não há uma atuação efetiva do papel social desempenhado pelo professor que expresse essa concepção. O planejamento de ensino constitui-se num instrumento pedagógico pouco valorizado no Cálculo e os conhecimentos prévios dos alunos, não foram uma preocupação relevante na condução do processo ensino-aprendizagem.
CONCLUSÕES:
A aprendizagem é mais determinada por variáveis ligadas a didática do professor e ao relacionamento deste com os alunos, e, variáveis ligadas ao próprio aluno, como motivação do educando, responsabilidade, opção do curso, e desvinculação da disciplina com a futura profissão. Os alunos queixaram-se dos critérios de clareza, organização, forma de apresentação do conteúdo e da avaliação que tem sido praticada com o entendimento ligado a aplicação de provas e atribuição de notas. Apesar do alto índice de evasão e repetência, cerca de 50% por semestre, a tutoria e a monitoria são elementos que contribuem para a aprovação dos alunos, pois o índice era superior a 75%. Nas observações comprovou-se que são os professores que iniciam o processo de utilização das "marretas" na resolução de exercícios e acabam estimulando os alunos a essa prática. O discurso dos coordenadores de curso desvelam a ênfase na didática do professor que se dedicam mais à produção científica comprometendo o processo ensino-aprendizagem. Há falta de perspicácia dos professores por não entenderem que a culpa do alto índice de reprovação é do processo mal conduzido, apesar de saber que o aluno também é parte deste e falta fundamentação epistemológica para a maioria dos professores que não estão preparados didaticamente para ensinar. Apontamos discussões em torno da atitude de dependência do estudante universitário em relação às atividades desenvolvidas em sala de aula e as características e atuação do professor.
Instituição de fomento: CNPQ/PIBIC
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  conhecimento-científico; ensino-aprendizagem; transposição-didática.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004