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H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 7. Música e Dança
MÚSICA: UM ESTÍMULO À COGNIÇÃO DE BEBÊS
Edna Aparecida Costa Vieira 1   (autor)   eacvieira@bol.com.br
Antônio Carlos Prado 2   (colaborador)   ac.prado@netgo.com.br
Eliane Leão 3   (orientador)   elianewi2001@yahoo.com
1. Escola de Arte Veiga Valle
2. Clínica Prado
3. Universidade Federal de Goiás
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa de caráter experimental, teve como objetivo verificar a influência da música no comportamento e na aprendizagem de bebês desde o período gestacional. Fundamenta-se nos estudos de pesquisadores como Figueiredo (1996), Beyer (2003), na área de efeitos da música (rítmicos e melódicos), na de aspectos cognitivos do sujeito e nos estudos que investigam o que favorece o desenvolvimento da linguagem falada e posteriormente, a aprendizagem da leitura desde tenra idade. Partindo da realidade do nosso país quanto ao analfabetismo, levando em conta a ansiedade que a criança apresenta em conhecer o mundo letrado dos adultos, que na maioria das vezes acontece por volta dos seis e sete anos, esta pesquisa é relevante podendo ser um recurso para diminuir e/ou evitar o analfabetismo. A pesquisa teve início em 2003, em que estudou a princípio quatro sujeitos a partir da vigésima semana de gestação, em que somente dois tiveram estímulos musicais. Os bebês no útero tiveram estímulos sonoros externos, musicais e de leitura, conduzidas pelas mães. Segundo Beyer (2003), desde a vida uterina, o bebê interage com o seu meio externo, e ao nascer, traz consigo uma bagagem significativa de vivências uterinas e variedades sonoras. Beyer (2003) pressupõe que ao receber os estímulos musicais no útero, o bebê pode demonstrar os mesmos comportamentos específicos até mesmo após as primeiras semanas do seu nascimento. Os resultados foram significativos.
METODOLOGIA:
O experimento teve início em agosto de 2003. Comparou-se quatro sujeitos, somente dois sujeitos receberam estímulos musicais. Para não se perder nenhum dado da pesquisa, os exames de ultra-sonografia foram filmados, fotografados, bem como as sessões de treinamento e orientação para as mães que ocorreram duas vezes por semana. Os bebês tiveram estímulos diários, duas vezes ao dia, num horário escolhido pelas mães. Os estímulos foram tirados de sons do meio ambiente, de animais, de trinta músicas folclóricas escolhidas pela pesquisadora, do Concerto nº 1 para violino de Brahms, de audição de instrumentos africanos de Percussão (com duração de cinco minutos), de audição de CD da literatura clássica infantil e da leitura das mesmas feitas pela voz materna (as mães, durante dez minutos, duas vezes ao dia, ouviam as músicas gravadas e faziam uma pseudo-leitura e a leitura de uma história infantil para os bebês. Era entregue para cada mãe uma coleção de livros de literatura infantil que as mães trocavam entre si. Para a filmagem dos exames e coleta de dados, escolheu-se, algumas atividades para observar o comportamento dos bebês ante aos estímulos, obedecendo a seqüência: 1) audição do som de um animal, 2) uma música folclórica, 3) audição da percussão, 4) Concerto nº 1 para violino de Brahms, 5) leitura do livro Patinho, da coleção Carícia. Os dois bebês após a 22ª semana foram submetidos a exames de ultra-som, até completarem as 38ª semanas.
RESULTADOS:
Os bebês demonstraram os mesmos comportamentos durante as sessões de exames e até quatorze dias após o nascimento. Na primeira audição só um bebê (nº 1) manifestou movimentos moderados, o outro bebê (nº 2) foi indiferente. Na segunda audição, predominou-se movimentos intensos de rotação do tronco, deglutição, língua, olhos, cabeças e membros superiores e inferiores, nos dois bebês (nº 1 e 2). Na terceira audição só um bebê (nº1) que manifestou movimentos intensos, o outro bebê (nº2) foi indiferente em todos os exames. Na quarta audição, só um bebê (nº2) que demonstrou movimentos intensos. Na quinta audição, de leitura, os dois bebês manifestaram movimentos leves. Após o nascimento, entre dez e quatorze dias, os bebês ainda apresentaram os mesmos movimentos intra-uterinos durante as audições. Após quinze dias, os bebês (nº 1 e 2) manifestaram concentração nas audições. O bebê dois (nº 2) movimentava-se no berço e na cama (da cabeceira para os pés); movimentos intensos da língua durante o diálogo com um adulto, emitindo sons durante o diálogo; demonstrou preferência por uma das audições bem como mudança da seqüência anteriormente ouvida; manifestou maior desejo em ouvir as canções do CD entoada pela mãe. O bebê um (nº 1) manifestou ser tranqüilo, com preferência musical para música mais ritmada. Os bebês, se comparados com os dois bebês que não foram submetidos aos estímulos no útero, estão com comportamentos e preferências a estímulos sonoros mais visíveis.
CONCLUSÕES:
A observação dos elementos determinantes do resultado, evidenciados pelos vídeos e pelos comentários do júri (composto por Doutores em Educação e Psicólogos), mostrou uma diferença significativa dos sujeitos estudados, submetidos aos estímulos musicais, em relação aos sujeitos que não receberam esses estímulos. Considera-se que a experimentação promoveu resultados que poderão contribuir para a linguagem verbal dos bebês, dado os balbucios observados. Baseando-se nos preceitos de Figueiredo (1996) em que os bebês podem e devem ler, a presente pesquisa terá a sua continuidade numa etapa posterior. Questiona-se, uma continuidade deste estudo utilizando uma amostragem maior e a equipe se manterá coletando os dados observados nos próximos meses, até que a alfabetização possa ser observada.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  música; bebês; cognição.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004