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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
A REFORMA DO ENSINO MÉDIO NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL (1999 - 2002)
Paula Andréa Nascimento Borges Hall 1   (autor)   pbhall@bol.com.br
Elisângela Alves da Silva Scaff 1, 2   (orientador)   eliscaff@uol.com.br
1. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS
2. Faculdade de Educação/Universidade de São Paulo - FE/USP
INTRODUÇÃO:
Este relatório tem a finalidade de apresentar o resultado de uma pesquisa desenvolvida através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Findando o ano de 2002, último ano de implantação da proposta reforma do ensino médio no Estado de Mato Grosso do Sul, esta pesquisa se propôs, no início de 2003, a identificar, junto às escolas estaduais do município de Dourados, como a proposta foi implantada e o que trouxe de mudança efetiva para a escola e para o trabalho didático. A pesquisa teve como objetivo geral: analisar a implantação da reforma do ensino médio nas escolas públicas estaduais do município de Dourados, MS. Os objetivos específicos visaram a análise dos documentos que embasam a proposta do governo de Mato Grosso do Sul para o Ensino Médio; a identificação das ações implantadas de 1999 a 2002 (processo de implantação, capacitações, mudanças em relação ao projeto original, projetos desenvolvidos durante o período) e a descrição e análise da prática do professor, do ponto de vista do próprio professor e do aluno.
METODOLOGIA:
Para alcançar esse objetivo, utilizou-se uma metodologia exploratória e descritiva, desenvolvida através de estudos bibliográficos sobre a metodologia de projetos, estudos de documentos oriundos da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul, a respeito da proposta reforma do Ensino Médio, bem como levantamento e análise dos projetos desenvolvidos na escola selecionada como campo de pesquisa. Realizou-se, ainda, pesquisa empírica, desenvolvida por meio de entrevistas com professores do Ensino Médio, de diferentes áreas do conhecimento, coordenadores dos três turnos e alunos também dos três turnos e de turmas diferentes.
RESULTADOS:
Escola Guaicuru é como foi intitulada a reforma educacional implantada no Estado de Mato Grosso do Sul no final da década de 1990. Dentro dessa proposta, o currículo do Ensino Médio assenta-se em 3 eixos básicos de formação: cultural, econômica e política, abrangendo conteúdos de formação geral e uma parte diversificada e privilegiando o trabalho interdisciplinar e a iniciação à pesquisa científica. Uma das principais mudanças que essa reforma trouxe para o cotidiano das escolas foi a implantação das aulas programadas ou projetos no Ensino Médio. Para a realização dessa proposta, das cinco aulas diárias de estudos, uma é subtraída para a prática de projetos, freqüentemente a última aula, mas também pode ser a primeira, como for de preferência da comunidade escolar. No período diurno o tempo destinado aos projetos deve ser freqüentado pelos alunos, os quais desenvolvem as atividades na escola. Já no período noturno o projeto Aulas Programadas, postulando a flexibilização do tempo escolar, permite que os alunos levem as atividades a serem desenvolvidas para casa. A flexibilização é um conceito implícito, também, na forma de execução dos projetos, os quais devem ser elaborados de acordo com a necessidade de cada escola, envolvendo, preferencialmente, disciplinas diversas, e contando com a participação de professores e alunos.
CONCLUSÕES:
As informações levantadas permitem concluir que a proposta da Escola Guaicuru para o Ensino Médio foi executada apenas em sua parte formal, ou seja, reservou-se um espaço na carga horária diária para a execução de projetos, sem que os professores e alunos compreendessem o que são esses projetos, qual a sua finalidade, em que eles podem contribuir em termos de conteúdo e como isso pode ser desenvolvido. Dessa forma, a proposta acabou se reduzindo a trabalhos para serem feitos em casa (como resumo de livros) e apresentação de trabalhos pelos alunos, sem qualquer aproximação com um estudo científico ou uma incipiente pesquisa. As dificuldades são o principal argumento dos professores para justificar o não envolvimento com os projetos. Alegam que não existe material e que não foi fornecida capacitação adequada. Entretanto, na maioria das respostas é possível perceber que a grande preocupação de alunos e professores em relação aos projetos, é que estes ocupam carga horária de aula, partindo do princípio de que projeto não é aula, pois não cai no vestibular. Acreditamos que isso ocorreu porque esses professores não conseguiram assimilar os projetos como forma de trabalhar o conteúdo de sua disciplina, encarando-o como um complemento e não, efetivamente, como uma nova forma de organização do trabalho na escola.
Instituição de fomento: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Política Educacional; Ensino Médio; Metodologia de Projetos.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004