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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
OS JOVENS E O INTERESSE PELO SABER: "A CAIXA QUE CONTA UM CONTO"
Daniela Mendes Piloni 1   (autor)   d_piloni@terra.com.br
Maria Aparecida Morgado 1   (orientador)   morgadom@terra.com.br
1. Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT.
INTRODUÇÃO:
A Caixa que Conta um Conto é um instrumento lúdico utilizado para trabalhar simbolicamente conceitos psicopedagógicos. Foi desenvolvida pelo grupo de educadores da Creche Carochinha da USP – SP, para refletir sobre a realidade, e readaptada pela pesquisadora para enriquecer a construção do conhecimento de acadêmicos dos cursos de Licenciatura em regime Modular na UNIVAG – Centro Universitário de Várzea Grande – na disciplina Psicologia da Educação. Os temas das "Caixas" estavam sempre voltados para o curso em questão. Em essência é uma atividade de dramatização que visa reforçar a assimilação do conteúdo que foi ministrado na disciplina. Possibilita que o aluno aprenda a desenvolver atividades extra-classe de forma simples, fácil e prazerosa e ainda utilizar a dramatização como um instrumento que relacione a realidade do contexto sócio-cultural da comunidade local, do curso acadêmico e dos discentes.
METODOLOGIA:
O Projeto "A Caixa que Conta um Conto" foi parte integrante das avaliações da disciplina Psicologia da Educação. Participaram deste trabalho três turmas do curso de História, duas de Biologia, duas de Geografia, uma da Matemática e uma da Pedagogia, cada uma com uma média de trinta alunos, sendo a disciplina parte do último semestre do curso. A proposta consistiu em que, para o encerramento dos conteúdos, os alunos elaborassem uma dramatização a ser apresentada para jovens da comunidade. O tema central foi extraído do universo juvenil, abrangendo assuntos como escola, lazer, amigos, entre outros e como sustentação teórica os conteúdos estudados na disciplina (teorias do desenvolvimento de Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon). A caixa como objeto é apenas um instrumento de incentivo à criatividade e à imaginação, como poderia ser qualquer outro objeto que originasse a encenação a ser montada pelos grupos. A sala de aula foi dividida em pequenos grupos, cada grupo ficando responsável pela escolha, preparação e apresentação da sua dramatização. A criação dos participantes é totalmente livre, mas necessariamente precisa incluir uma caixa. A apresentação pode ser a paródia de uma música, um conto fictício ou real, a comparação de uma história infantil ou a relação com um acontecimento folclórico.
RESULTADOS:
A utilização dessa experiência possibilitou o aumento do rendimento dos alunos em relação aos conteúdos aprendidos, com as apresentações teatrais os jovens alunos demonstraram todo o percurso de construção do seu conhecimento dentro da disciplina de Psicologia da Educação, evidenciando seu interesse pelo saber. Estimulou contatos criativos com obras literárias, músicas, contos folclóricos ou infantis, além das próprias produções dos acadêmicos. Paralelamente, este instrumento se prestou a desvendar de forma lúdica os conflitos grupais e individuais, promovendo a comunicação adulto/jovem e jovem/jovem, através de fantasias e simbolismo, oportunizando um maior conhecimento de si mesmo, facilitando o relacionamento e integração interpessoal e favorecendo a tomada de consciência do significado de cada pessoa dentro do grupo. Possibilitou também a criatividade relacionada à autonomia. Segundo Ciampa (1996), ser autônomo é ser governado por si mesmo, é ser responsável por seus atos, sair da posição de reprodução e passar a pensar, se diferenciar, ser um indivíduo singular, uno, com sua subjetividade.
CONCLUSÕES:
Os acadêmicos vivenciaram que a escola, além de trabalhar os conteúdos, deve favorecer a possibilidade de interação e exercício da sociabilidade, sendo que para os jovens com quem trabalharão quando formados esta prática é especialmente saudável. Este trabalho é uma aplicação das teorias estudadas pela disciplina de Psicologia nos cursos de Licenciatura. Nesta experiência os acadêmicos puderam perceber que ao se trabalhar com os jovens em abordagens onde eles possam se expressar com liberdade e criatividade, adentrando nas questões conflitantes e desafiadoras do seu mundo, tais como as drogas, a violência, a sexualidade, a sobrevivência material, é possível contemplar o enfoque político na compreensão da realidade. Essa é uma necessidade apontada por Morgado e Motta (2003) em Práticas transgressivas de jovens da classe média e alternativas educacionais. Em síntese, os acadêmicos se deram conta de que é possível abordar questões complexas na escola, quando se adota uma alternativa onde o lúdico e a criatividade dão forma ao trabalho. Além dos benefícios citados, há que se mencionar a eficácia da dramatização como um recurso que aproxima o aluno da realidade e dos conteúdos escolares.
Palavras-chave:  Jovens; Interesse pelo saber; Ludicidade.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004