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F. Ciências Sociais Aplicadas - 9. Comunicação - 1. Comunicação Digital
REVISTA COMCIÊNCIA - A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA MARCA PRESENÇA NA INTERNET
Rodrigo Bastos Cunha 1, 2   (autor)   rbcunha@unicamp.br
1. Universidade Metodista de São Paulo
2. Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp
INTRODUÇÃO:
A Internet tem grande potencial para dar sua parcela de contribuição ao aumento do interesse do público leigo por descobertas científicas. O número de usuários brasileiros na Internet tem apresentado um constante crescimento a cada ano, e em 2000, uma matéria do jornal Folha de S. Paulo já apresentava o Brasil como sexto país do mundo com maior número de usuários com acesso à rede mundial de computadores. Seguindo essa tendência de expansão do público brasileiro na Internet, em abril de 1999, Mônica Gonçalves Macedo, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Unicamp, elaborou um documento propondo a implantação de uma revista eletrônica sobre ciência e tecnologia. O projeto da revista foi colocado em prática como uma espécie de oficina para os alunos do curso de Especialização em Jornalismo Científico oferecido pelo Labjor. Essa revista, intitulada ComCiência, se tornou em julho de 2000 uma publicação oficial da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Uma parte do projeto da revista está começando a ser implantada agora com o apoio da minha pesquisa individual de mestrado, cujos resultados da primeira etapa de trabalho apresento neste evento. Trata-se de um estudo sobre padrões de leitura e aprendizado na Internet, onde se busca, a princípio, o perfil do leitor de notícias sobre ciência e tecnologia no meio digital e o tipo de informação mais procurada por esse leitor no ambiente de hipertexto em veículo de divulgação científica.
METODOLOGIA:
Na parte inicial do trabalho, procurei traçar o perfil do potencial leitor da revista, através da análise de pesquisas sobre o interesse dos brasileiros em geral por ciência e tecnologia e sobre o perfil dos usuários de Internet no Brasil. A interseção entre essas pesquisas pode indicar o universo potencial de leitores que uma revista eletrônica de jornalismo científico pode atingir. O passo seguinte da pesquisa foi organizar e avaliar os dados do cadastro da ComCiência, preenchido voluntariamente por uma parcela dos leitores efetivos da revista. Para investigar que tipo de informação é mais procurada por esses leitores em uma revista eletrônica voltada para a divulgação científica, contabilizei, organizei e processei dados de dois contadores de acesso da Internet: o do Instituto Uniemp, em cujo servidor a revista ComCiência está atualmente hospedada, e que apresenta individualmente a visitação de cada matéria da revista; e o do site HitboxCentral (http://www.hitboxcentral.com), que registra o número total de páginas visitadas em cada edição da revista.
RESULTADOS:
Em 1987, uma pesquisa encomendada pelo CNPq e realizada pelo Instituto Gallup revelou que o grau de interesse do cidadão comum por notícias sobre descobertas científicas é diretamente proporcional ao seu nível de escolaridade, mas mesmo entre pessoas com nível primário de instrução, a maioria afirma ter pelo menos algum interesse por descobertas científicas. Uma pesquisa do Instituto Datafolha, de setembro de 2001, mostra que a maioria dos usuários da Internet é jovem, em média, com 26 anos. O acesso de homens representa 58% do total. Os dados do cadastro de leitores da ComCiência mostram que o público da revista também é jovem: 58% estão entre 20 e 39 anos. A maioria também é do sexo masculino (56%). O grau de instrução dessas pessoas é elevado: 16% têm nível de doutorado, 23% têm nível de mestrado e 50% são graduados ou estão na graduação. Os textos da ComCiência também conseguem atingir uma parcela de leitores mais jovens e não universitários: 9% estão abaixo de 20 anos, e 9% possuem nível médio de instrução, sendo parte deles (4,3%) estudantes do ensino fundamental ou médio. Em 2003, seis edições da revista estiveram entre as 10 mais acessadas no mês em que foram publicadas. Quatro edições sempre estiveram entre as 10 mais acessadas em todos os meses de 2003: a de novembro de 2000 (Amazônia), a de outubro de 2000 (Psicanálise), a de maio de 2001 (Física Moderna) e a de agosto de 2001 (Linguagem).
CONCLUSÕES:
A comparação das pesquisas sobre o interesse dos brasileiros por descobertas científicas e sobre o perfil do usuário de Internet no Brasil com o cadastro de leitores efetivos da revista ComCiência mostra que há um potencial a ser explorado entre o público de nível médio de escolaridade, que representa 60% dos internautas e 54% dos brasileiros que têm algum interesse por C&T. É natural, contudo, que o interesse maior pela revista recaia sobre aqueles que estão diretamente ligados à produção do conhecimento científico e tecnológico, seja como estudantes ou como pesquisadores. Quanto às matérias mais procuradas pelo público, é importante destacar o interesse por temas multidisciplinares, no acesso às edições mensais de artigos e reportagens, e por temas ligados às ciências humanas, que não costumam ter tanto espaço nos veículos de divulgação científica.
Palavras-chave:  divulgação científica; jornalismo científico; Internet.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004