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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
ÁGUA SUBTERRÂNEA COMO A ÚNICA FONTE DE ABASTECIMENTO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE SORRISO-MT.
Alterêdo Oliveira Cutrim 1   (autor)   alteredo@.cpd.ufmt.br
Janícia Fonseca Cutrim 2   (autor)   jana_cutrim@hotmail.com
1. Departamento de Geologia Geral, Instituto de Ciências Exatas e da Terra-UFMT
2. Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental, Faculdade de Ciência e Tecnologia - UFMT.
INTRODUÇÃO:
Este trabalho foi desenvolvido no município de Sorriso, situado no meio norte do Estado de Mato Grosso. Sorriso, com uma população de 28.218 hab em 2000 e uma área de 8.902 km2, vem se destacando dentre os municípios que mais crescem no estado, tem como principal atividade a agricultura, destacando-se a produção de arroz, soja e milho. Neste município, assim como em muitas partes do mundo, as águas subterrâneas vem sendo utilizadas como a única fonte de abastecimento público, porém na maioria dos casos, são totalmente desconhecidas as potencialidades do sistema aqüífero explotado, o que pode comprometer o suprimento de água. Deste modo, este trabalho objetiva estudar dados de produção dos poços tubulares profundos usados no abastecimento público do município até o ano de 2000 e avaliar os volumes de água envolvidos no abastecimento público. Para tanto, foram utilizados dados de produção de 12 poços tubulares profundos, informações de volumes de água produzido, consumido e desperdiçado e dados da população.
METODOLOGIA:
Neste estudo foram utilizados dados de poços tubulares profundos, de volumes de água usados no sistema de abastecimento público de água e o número da população do ano de 2000 do município de Sorriso- MT. Os dados de 12 poços, adquiridos junto à SANEMAT em 2000, envolvem profundidade, nível estático, nível dinâmico, rebaixamento e vazão. Com o rebaixamento e a vazão calculou-se a capacidade específica de cada poço. Os volumes de água do ano de 2000, envolvem o produzido e o consumido e foram coletados junto à SANEMAT em 2000. A partir da diferença entre esses volumes obteve-se a perda de água no sistema de distribuição. Os dados da população foram obtidos do CENSO do IBGE de 2000. Com esse dado da população e considerando o consumo de 200 l/hab/d estimou-se a demanda de água do município. O processamento e apresentação de todos esses dados foi realizado através de softwares apropriados.
RESULTADOS:
Os poços apresentaram profundidade de 97m a 100m, com média de 104m; nível estático de 4m a 29m, com média de 19m; nível dinâmico de 46m e 69m, com média de 46m; rebaixamento de 14m a 52m, com média de 27m; vazão máxima e mínima respectivamente de 80m3/h e 17m3/h, com média de 46m3/h e capacidade específica entre 0,67m3/h/m e 5,33m3/h/m, com média de 2,16m3/h/m. Os valores de capacidade específica mostram que as vazões dos poços, na sua maioria, estão bem dimensionadas, no entanto aqueles de capacidade específica superior a 2m3/h/m podem produzir vazões superiores às que estão sendo produzidas. Com estes poços o serviço de abastecimento público produz mensalmente 336.817m3 de água, sendo que deste volume apenas 99.448m3 é consumido, o que gera uma perda de 237.369m3, correspondendo a 70,5% do volume produzido. Esse volume consumido produz um consumo per capto de 117 l/hab/d, bem abaixo de 200l/hab/d considerado normal pela ONU. O volume produzido está muito acima da demanda mensal do município, que é de 336.817m3, considerando 200l/hab/d. A existência dessa elevada produção é decorrência da exagerada perda de água, que em situação aceitável não deveria ultrapassar 30%. Reduzindo essa perda em 40% poderia haver uma diminuição de captação da água subterrânea da ordem de 134.726m3 por mês, o que significa uma poupança dessa água, visto que ela é a única reserva de água potável disponível. Além disso, essa redução poderia baixar o preço da água nesse mesma proporção.
CONCLUSÕES:
O abastecimento público de água do município é feito exclusivamente com água subterrânea, através de 12 poços tubulares profundos. Os poços tem profundidade média de 104 m, nível estático médio de 19 m, nível dinâmico médio de 46 m, rebaixamento média de 27 m, vazão média de 46 m3/h e capacidade específica média de 2,16 m3/h/m. Os valores da capacidade específica indicam que grande parte das vazões estão bem dimensionadas, porém, aqueles poços com capacidade específica maior que 2 m3/h/m podem produzir vazões maiores que as que estão sendo geradas. O volume mensal de água produzido pelos poços é de 336.817 m3, sendo consumido apenas 99.448 m3, gerando uma perda mensal 70,5%. O consumo per capto real é muito menor do que 200 l/hab/d. A produção de água é 70% maior do que a demanda, uma conseqüência do gigantesco desperdício na rede de distribuição, que em situação aceitável não deveria ultrapassar 30%. Medidas urgentes precisam ser adotadas para diminuir essa perda em 40%, o que reduziria a explotação do aqüífero e geraria uma poupança de água da ordem de 134.726 m3 por mês, visto que a água subterrânea é a única reserva de água potável disponível. Além disso, é desconhecida a potencialidade do aqüífero explotado, o que pode colocar em risco o suprimento de água do município. Essa diminuição da perda poderia baixar o preço da água ao consumidor.
Palavras-chave:  Água subterrânea; Abastecimento público Sorriso-MT; Desperdício de água.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004