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G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia
EDUCAÇÃO INDIGENISTA NO MARANHÃO: A AÇÃO DOS GESTORES
Daniela de Fátima Ferraro Nunes 1   (autor)   betac@elo.com.br
Elizabeth Maria Beserra Coelho 2   (orientador)   betac@elo.com.br
1. Curso de Ciências Sociais UFMA
2. Depto. de Ciências Sociais UFMA
INTRODUÇÃO:
A transferência das ações indigenistas de educação da FUNAI para o MEC (Decreto 26/91) implicou na ampliação do campo indigenista, inserindo agentes que até então não possuíam nenhum contato com os povos indígenas. A mudança na gestão foi acompanhada pela mudança de paradigma das políticas indigenistas, expressa nos princípios de respeito à especificidade e diferenciação dos povos indígenas. Esta investigação procurou identificar quem são os novos gestores, ou seja, os responsáveis pela execução das novas políticas de educação indigenista, a partir das seguintes questões: Como vem se dando a atuação desses técnicos? Em que medida os novos dispositivos estão sendo considerados em suas ações? Como percebem o papel que desempenham?
METODOLOGIA:
A investigação foi realizada a partir da observação direta das ações dos técnicos da educação indigenista que atuam no Maranhão, durante o período de 2000 a 2003. Foi utilizado também o discurso desses técnicos, procurando conhecer sua percepção sobre as funções que desempenham. Fiz uso das categorias de habitus e discurso performativo trabalhadas por Pierre Bourdieu (1989,1996) para analisar a prática e o discurso desses atores, tomando como referência algumas reflexões de Cardoso de Oliveira(2002) sobre o diálogo impossível que se dá entre povos culturalmente diversos.
RESULTADOS:
As ações em educação escolar indigenista no âmbito do governo estadual do Maranhão estão sendo desenvolvidas por dez técnicos lotados nas Gerências Regionais do Estado e quatro na Gerência de Estado do Desenvolvimento Humano. Todos foram inseridos circunstancialmente na ação indigenista, por remanejamento interno aos respectivos órgãos.Geralmente são formados em áreas que não preparam o indivíduo para compreender a pluralidade cultural. Suas atuações têm sido marcadas por sentimentos ambíguos de insegurança, medo, compromisso missionário, paixão e estranhamento.
CONCLUSÕES:
Os novos agentes do campo da educação indigenista percebem suas atuações como transitórias em função da forma circunstancial como se deram seus engajamentos. Estes não resultaram de um projeto de vida. Ao contrário, foram acidentalmente inseridos em uma realidade que lhes era desconhecida, sem qualquer capacitação anterior e munidos de um inventário de preconceitos relacionados aos povos indígenas. Por outro lado, não só desconhecem os povos indígenas e não se dedicam a investiga-los, como também não possuem domínio dos novos princípios da política indigenista oficial para a educação.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  educação indigenista; multiculturalidade; gestão.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004