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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
CARREIRA, REMUNERAÇÃO E MERCADO DE TRABALHO DOCENTE: AS EXPECTATIVAS DOS ESTUDANTES CARIOCAS
Aline de Morais Limeira 1   (autor)   a_morais2004@yahoo.com.br
Rodolfo Ferreira 1   (orientador)   
Vanessa Guimarães dos Santos 1   (autor)   vanessa_gs2004@yahoo.com.br
1. Núcelo de Gestão e Avaliação (NUGA) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
INTRODUÇÃO:
O estudo está vinculado à pesquisa: Trabalho docente no Estado do Rio de Janeiro: carreira e remuneração desenvolvida pelo Núcleo de Gestão e Avaliação da Educação da Faculdade de Educação da UERJ (NUGA). Esta pesquisa, preocupada com o elevado número de docentes que abandonam a profissão e com a rejeição pela carreira manifestada por jovens que não se interessam mais pelo magistério (CNTE, 2003, Ferreira 2003, 2002), está buscando conhecer as expectativas dos atuais e dos futuros professores sobre carreira, remuneração e mercado de trabalho. A investigação parte do pressuposto de que nos últimos anos ocorreram transformações significativas no perfil e nas características dos jovens que têm acesso à escola brasileira e, por conseguinte, nas expectativas que circulam em nossas escolas sobre o assunto (Ferreira, 2003). O fato de desconsiderar e/ou desconhecer essas “mudanças” pode estar por detrás do fracasso das políticas públicas de valorização do trabalho docente implementadas no país nos últimos anos.
METODOLOGIA:
Com o objetivo de ampliar e aprofundar o estudo, o presente trabalho também buscou conhecer expectativas, desta vez de alunos de cursos de ensino médio de Formação Geral. O objetivo foi o de saber: a) O que os estudantes pensam sobre carreira, remuneração e mercado de trabalho e b) se existe alguma diferença entre as expectativas dos alunos de cursos de ensino médio de formação geral e dos alunos dos cursos de ensino médio de formação de professores. Considerando o processo de desvalorização social do magistério, uma das hipóteses apontava para a existência de diferenças significativas entre as expectativas desses dois grupos de alunos, já que um estava voltado diretamente para uma profissão socialmente desvalorizada. Para responder a pergunta: “o que os estudantes cariocas pensam sobre carreira, mercado de trabalho e remuneração?”, o estudo se fundamentou nas abordagens do imaginário social e na teoria das representações sociais, particularmente nas obras de Pierre Ansart (1978), Nilda Teves (1992) e Moscovici (1961). Utilizou-se da pesquisa de opinião realizada em três escolas públicas de ensino médio da Cidade do Rio de Janeiro, duas de Formação de Professores e duas de Formação Geral, realizada por meio da aplicação de questionários.
RESULTADOS:
Os resultados encontrados, contrariando a hipótese levantada, revelaram que praticamente inexistem diferenças entre as expectativas dos alunos dessas duas modalidades de ensino médio. A maioria dos alunos possui renda média mensal que não ultrapassa três salários mínimos. As profissões que gostariam de exercer são: professor, advogado e médico e mais de 85% deles acreditam que essas profissões podem garantir o desenvolvimento da carreira. Perguntados sobre o que consideram realização profissional, a maioria vinculou realização profissional a aspectos como: “fazer o que gosta” e “ter satisfação” com o trabalho. Para a maioria, a medicina, seguida do magistério e do direito, são as carreiras que oferecem as maiores chances de realização profissional e o que influencia a escolha de uma carreira são aspectos como “dom”, “vocação”, “gostar”, “aptidão”. Sobre o que consideram uma boa remuneração, a maior parte dos entrevistados apontou para salários que variam entre R$ 500,00 e R$ 2.000,00 e não consideram que o magistério possa garantir essa remuneração.
CONCLUSÕES:
Diferentemente do que pensávamos quando iniciamos o estudo, não surgiu diferença significativa entre os dois grupos de estudantes pesquisados. Causou surpresa também o fato do magistério continuar a aparecer como uma profissão que gostariam de exercer e, além disso, capaz de oferecer oportunidades de desenvolvimento de carreira. Neste particular, chama atenção a crença de que o trabalho docente não pode garantir a remuneração que os entrevistados consideram boa, mas talvez esta aparente contradição possa ser explicada pela crença em aspectos como “vocação”. Estes dados encontrados contrastam com vários estudos que apontam o contrário: o abandono da atividade por muitos dos atuais professores e a rejeição da carreira por jovens que, em função da baixa remuneração e da atividade desvalorizada, não se sentem mais atraídos pela profissão. Então, qual o verdadeiro perfil de quem está deixando o magistério e/ou não se sente atraído pela atividade? Por exemplo, em Cidades como o Rio de Janeiro, estão deixando e/ou desistindo do magistério pessoas que desejam remuneração de R$ 500,00 mensais? Por quê? Por último, como formular políticas de valorização do trabalho docente sem conhecer as expectativas dos atuais e dos futuros professores? Portanto, é urgente o aprofundamento das investigações sobre o tema, sob pena de estarmos desperdiçando recursos em políticas que não podem ter êxito, pois desconhecem o problema que desejam resolver.
Instituição de fomento: FAPERJ
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Trabalho docente; Carreira; Expectativas.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004