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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 1. Climatologia
EFEITOS DO USO DO SOLO EM AMBIENTES URBANOS NO AQUECIMENTO DO AR
DA CIDADE DE CUIABÁ/MT.
Cleber de Queiróz Martins 1   (autor)   cleberqm@uol.com.br
Gilda Tomasini Maitelli 1   (orientador)   maitelli@terra.com.br
1. DEPTO de GEOGRAFIA/ Instituto de Ciências Humanas e Sociais / ICHS/UFMT
INTRODUÇÃO:
O acelerado processo de urbanização da Região Centro Oeste, notadamente após a mudança da capital do Brasil para o Planalto Central trouxe consigo, ao lado da ocupação, problemas sócio-ambientais que são, muitas vezes de difícil solução, interferindo na qualidade de vida da população.

Em Cuiabá, situada na latitude sul de 16º, numa altitude de 160m, localizada numa depressão, com ventilação fraca , um dos principais problemas ambientais consiste nas condições de calor rigoroso originado pela entrada de radiação solar intensa todo o ano e altas temperaturas, condições típicas dos climas tropicais de baixas altitudes. Entretanto, esta situação pode ser amenizada, com utilização de técnicas e materiais adequados nas construções e pavimentações do espaço físico urbano. Dessa forma, este trabalho busca investigar as condições térmicas do ambiente de dois condomínios residenciais localizados na área urbana e próximo um do outro, com fisionomias diferentes, visando estabelecer comparações de armazenamento de energia e conseqüentes variações na temperatura e umidade do ar.
METODOLOGIA:
O trabalho foi desenvolvido a partir de mapeamentos e caracterização climática de Cuiabá que orientaram a seleção de duas áreas urbanizadas residenciais para pesquisa: uma com edificações verticais, ruas de acesso pavimentadas com asfalto, vegetação escassa, e trechos de solo nu, e outra, com edificações horizontais, ruas de acesso capeadas com blocos de concreto entremeados com grama, trechos com grama e arbustos nos quintais.

Para investigar as diferenças térmicas dos ambientes foram realizadas medidas simultâneas da temperatura das superfícies externas dos dois ambientes, com características diferentes de uso, tais como, com grama, com asfalto, com bloquetes entremeados por grama, solo nu coberto com britas, solo nu entremeados com parcelas de grama, utilizando um termômetro de infravermelho, que permite calcular a radiação de ondas longas emitidas pelas superfícies, em W/m2. Os dados foram coletados a cada três horas no período diurno e os resultados foram comparados com medidas de temperatura e umidade do ar obtidas de hora em hora, em ambiente externo dos condomínios, com utilização de termohigrômetros e armazenamento dos dados em data logger. A realização do experimento teve a duração de 3 dias consecutivos , no mês de dezembro de 2004, estação chuvosa, incluindo a data do solstício de verão no hemisfério sul.
RESULTADOS:
A análise dos resultados mostrou diferenças significativas nas temperaturas das superfícies dos dois ambientes: no condomínio de construções verticais, observou-se que o solo capeado com asfalto era , às 11 horas , 17ºC mais quente do que o solo coberto com grama, enquanto que o solo nu com britas, era 6ºC mais aquecido do que o solo nu entremeado com parcelas de grama; no condomínio de construções horizontais, a superfície capeada com asfalto era 19ºC mais quente do que a grama e 10ºC mais aquecida do que aquela pavimentada com pavigrama ( blocos de concreto entremeados com grama).

Observa-se que a presença de vegetação na superfície ameniza a sua temperatura uma vez que a sua capacidade de armazenar energia é diminuta, em relação aos materiais de construção. Por outro lado, a temperatura do ar do ambiente é amenizada pela presença da vegetação, principalmente devido ao processo de evapotranspiração, que usando parte da energia disponível, diminui a disponibilidade do calor sensível para aquecer o ar. Entretanto a temperatura do ar no condomínio vertical, foi em média , 1ºC mais elevada do que no condomínio vertical, às 17 horas, durante o experimento e durante o período noturno a diferença foi de 3 °C, registrando 25 ºC às 3 horas.
CONCLUSÕES:
De acordo com os resultados obtidos, observou-se que os pavimentos que impermeabilizam de forma total a superfície retêm mais carga térmica, e em conseqüência, irradiam mais calor para o ambiente e que os obstáculos (unidades habitacionais) distribuídos de forma horizontal, permitem melhor circulação dos ventos predominantes, propiciando maior distribuição de massa e energia mantendo assim, o ar menos aquecido.

Dessa forma, conclui-se que o capeamento parcial de áreas nos condomínios com manutenção de grama, árvores e arbustos, em virtude de armazenar menor carga térmica, contribui para amenizar as altas temperaturas das cidades situadas nas regiões tropicais.
Palavras-chave:  Urbanização; Conforto Térmico; Radiação Solar.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004