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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 6. Psicologia do Desenvolvimento Humano
CONTAR HISTÓRIAS: AVALIAÇÃO DA NARRATIVA POR PROCEDIMENTO ASSISTIDO, EM PRÉ-ESCOLARES
Lidiane Leite 1, 2   (autor)   lidianepsi@yahoo.com.br
Alessandra Brunoro Motta 3   (autor)   abmotta.vix@zaz.com.br
Elissa Orlandi 2   (colaborador)   elissaorlandi@terra.com.br
Sônia Regina Fiorim Enumo 4   (orientador)   soniaenumo@terra.com.br
Maria Margarida Pereira Rodrigues 5   (co-orientador)   mariampr@terra.com.br
1. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica-PIBIC/CNPq - UFES
2. Graduanda em Psicologia – UFES
3. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, bolsista CNPq - UFES
4. Profª Drª do Programa de Pós-Graduação em Psicologia; pesquisadora CNPq – UFES
5. Profª Drª do Programa de Pós-Graduação em Psicologia - UFES
INTRODUÇÃO:
A linguagem tem um papel central na vida do homem, contribuindo para o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociais. Dificuldades relativas a esta área devem ser avaliadas para que resultem em encaminhamentos e intervenções adequados. Entre as formas de acessar o comportamento lingüístico infantil, as narrativas têm sido empregadas em processos de avaliação da linguagem, por meio de atividades, como descrever figuras e recontar histórias. Nesse sentido, a avaliação feita por um procedimento assistido, em que o avaliador auxilia a criança, após uma fase inicial sem ajuda, e testando sem auxílio novamente ao final, tem se mostrado apropriada. Com este enfoque, esta pesquisa teve como objetivo geral investigar o uso de um modelo de avaliação da narrativa num procedimento assistido, em crianças pré-escolares, testando a aplicação de um instrumento norte-americano de avaliação e intervenção na habilidade da narrativa, em uma pequena amostra brasileira.
METODOLOGIA:
Participaram 10 crianças (5-7 anos), de ambos os sexos (5 meninas e 5 meninos), matriculadas num Centro de Educação Infantil de Vitória/ES, submetidas à aplicação individualizada e gravada do instrumento- Dynamic Assessment and Intervention: Improving children’s narrative abilities, elaborado por Miller, Gillan e Peña em 2001, traduzido para a pesquisa. Este instrumento avalia os principais aspectos da narração de histórias: seus componentes (cenário, informação sobre personagens, ordem temporal dos eventos e relações causais), idéias e linguagem (complexidade gramatical, de idéias e de vocabulário, conhecimento do diálogo, e criatividade) e estrutura do episódio (básico, completo e múltiplo). O material contém informações sobre o processo de avaliação de modo assistido e da intervenção por meio da aprendizagem mediada; inclui manual de aplicação, 2 livros de história sem palavras, com desenhos coloridos- “Dois amigos” e “O pássaro e seu anel”- e protocolo de registro. Utilizou-se também um roteiro de entrevista, com 6 perguntas abertas sobre a adequação gráfica do desenho e a capacidade de gerar interesse na criança. O instrumento foi aplicado de modo assistido, que inclui as fases: a) sem ajuda, em que é mostrado o livro 1, solicitando que a criança conte a história apresentada; b) assistência, em que o aplicador seleciona 2 objetivos para intervir e aplica as estratégias de mediação; e c) teste, em que é apresentado o livro 2, para que a criança conte a história mostrada.
RESULTADOS:
Todas as crianças relataram gostar das duas histórias e consideraram os desenhos bonitos, por serem coloridos (70% das respostas). A análise das narrativas mostrou que todas as crianças apresentaram uma melhora de “produtividade”, ou seja, um aumento no número de palavras, unidade-C (oração principal e suas modificações), unidade-MLC (quantidade de informação léxica e gramatical), orações e orações/unidade-C (complexidade da sentença) da história 1 para a história 2 em pelo menos um dos aspectos avaliados, após a intervenção ou mediação da aplicadora. Em relação aos componentes, idéias e linguagem e estrutura da narrativa, verificou-se tanto a melhora (45%) como nenhuma alteração (43,75%) da história 1 para a história 2. Os componentes “Informação sobre as personagens” (90%) e “Complexidade do Vocabulário” (80%) destacaram-se pelo percentual de melhora igual ou superior a 80%. Quanto à mediação da narrativa, verificou-se que os suportes oferecidos a todas as crianças durante a sessão de mediação – explicações, exemplos, modelos a partir de livros de literatura infantil, questionamentos, elogios e redirecionamento - mostraram-se úteis e adequados.
CONCLUSÕES:
Buscando responder à questão da adequação do uso de um instrumento de origem norte-americana para a avaliação da narrativa em crianças brasileiras, a análise dos resultados levou a uma resposta afirmativa, a qual não elimina a possibilidade de que alterações gráficas sejam sugeridas, minimizando questões relativas à adaptação do cenário e personagens à realidade brasileira. O caráter lúdico do material - livros para contar histórias - mostrou ser capaz de motivar a participação da criança na pesquisa, como foi possível verificar em seus relatos, em sua maioria positivos, sobre a ilustração dos livros e enredo das histórias. O procedimento de avaliação no formato assistido mostrou-se adequado para a análise da narrativa dessas crianças pré-escolares e para a identificação da sensibilidade delas às estratégias de mediação do aplicador. Da mesma forma, as categorias de análise propostas pelo instrumento permitiram uma análise detalhada dessa habilidade verbal. Os dados sugerem que o instrumento em questão contribui para a avaliação e compreensão do comportamento lingüístico infantil e de suas possibilidades de modificação ou ensino.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Avaliação da Linguagem; Narrativa Infantil; Avaliação Assistida.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004