IMPRIMIRVOLTAR
F. Ciências Sociais Aplicadas - 11. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
ANÁLISE COMPARATIVA DE VARIÁVEIS DINÂMICAS DA MARCHA ENTRE INDIVÍDUOS ADULTOS PRATICANTES DE CAMINHADA E IDOSOS.
ROBERTA PIRES 1   (autor)   roberta.zimbamar@bol.com.br
SEBASTIÃO IBERES LOPES MELO 1   (orientador)   d2silm@udesc.br
DIEGO MURILO DOS SANTOS 1   (autor)   diegomurilodossantos@yahoo.com.br
ALINE FAQUIN 1   (autor)   alinefaquin@hotmail.com
1. Laboratório de Biomecânica - CEFID - UDESC
INTRODUÇÃO:
Na literatura está bem definido que as capacidades físicas e motoras dos indivíduos podem ser alteradas tanto pelo exercício como pelo processo de envelhecimento. Se por um lado o treinamento objetiva a melhoria destas valências, o processo de envelhecimento, em condições de normalidade, tende a produzir perdas. Neste sentido torna-se importante investigar as características dinâmicas da marcha destas populações tendo em vista que muitas pessoas têm praticado a caminhada na busca de benefícios de ordem física, ou voltados à saúde, estética e lazer, bem como comparar as mesmas variáveis com a população idosa considerando as possíveis modificações anátomo-fisiológicas advindas com o passar dos anos aliadas aos hábitos sedentários que a maioria dos idosos adotam. Com base no exposto e atentando para possíveis diferenças, justifica-se a realização deste estudo com o objetivo geral de analisar as variáveis dinâmicas da marcha de dois grupos: indivíduos adultos praticantes de caminhada e idosos. Especificamente, identificar e comparar os valores das variáveis dinâmicas da marcha: Primeiro Pico de Força (PPF), Segundo Pico de Força (SPF), Força de Suporte Médio (FSM), Taxa de Aceitação do Peso (TAP) e Taxa de Retirada do Peso (TRP) entre esses dois grupos.
METODOLOGIA:
Participaram, voluntariamente, do estudo descritivo diagnóstico 50 sujeitos de ambos os sexos, compreendendo dois grupos: 15 idosos com idade entre 64 e 83 anos e média de 63,33 (±25,3) anos e 35 adultos praticantes de caminhada com idade entre 18 e 37 anos e média de 24,14 (±4,5) anos. Os dados foram coletados no Laboratório de Biomecânica do Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos da UDESC. Utilizou-se, como instrumento de coleta, uma esteira ergométrica Kistler - 9810SL com duas plataformas de força de cristais piezoelétricos acopladas à sua base, que permitem registrar a força vertical de reação do solo. Para a aquisição dos dados adotou-se os seguintes procedimentos: a) a pesagem dos sujeitos sobre a esteira para posterior normalização dos dados em função do peso corporal, b) período suficiente de adaptação ao equipamento e c) aquisição dos dados dinâmicos da marcha na velocidade de 4 Km/h, com freqüência de amostragem de 600 Hz e tempo de aquisição de 12s. Os dados foram processados utilizando-se o software gaitway for windows® versão 1.08, e organizados em um banco de dados específico e tratados com estatística descritiva e inferencial (teste “t” de student) considerando p ≤ 0,05.
RESULTADOS:
Na comparação das diferentes variáveis entre adultos praticantes de caminhada e idosos, houve diferença significativa apenas nas variáveis SPF maior para os adultos com 1,06PC e 1,01PC para os idosos e p=0,01 e TAP, maior para os idosos com 8,22PC/s enquanto os adultos apresentaram uma TAP de 6,85PC/s, isso com um p=0,001. Mesmo não sendo estatisticamente diferentes, constatou-se que (a) os idosos apresentam o PPF (1,07PC) superior ao PPF dos adultos (1,05PC), ambos próximos aos valores citados na literatura em torno de 1,1 PC; ); (b) houve inversão de valores entre PPF e SPF, sendo o SPF maior nos adultos enquanto que o PPF maior nos idosos; (c) a FSM dos adultos foi maior (0,82PC) que a dos idosos (0,79PC); (d) os valores de TRP foram (5150,73n/s) para os idosos e (5301,97n/s) para os adultos, ambos inferiores aos da literatura aproximadamente (6000n/s). Em síntese, os resultados obtidos indicam que os idosos por apresentarem aumento na TAP e diminuição do SPF em relação aos adultos praticantes de caminhada, em decorrência do processo de envelhecimento e da redução de atividades motoras, tenham reduzido a força propulsora dos músculos extensores dos membros inferiores combinado com encurtamento dos isquiotibiais.
CONCLUSÕES:
Concluiu-se que as diferenças em algumas variáveis dinâmicas da marcha entre os adultos praticantes de caminhada e os idosos, estejam possivelmente relacionadas à prática de exercícios físicos e às modificações no sistema ósteo-mio-articular como conseqüências do processo de envelhecimento. Os adultos praticantes de caminhada apresentaram maior Segundo Pico de força, Força de Suporte Médio e Taxa de Retirada do Peso, características estas que podem ser atribuídas a maior capacidade motora desses indivíduos, principalmente quanto ao SPF que é dependente desse grupo muscular propulsor. Os idosos apresentaram maior Primeiro Pico de Força e Taxa de Aceitação do Peso, a primeira relacionada ao encurtamento dos isquiotibiais, enquanto que o aumento da TAP aponta para dificuldades de equilíbrio e/ou controle motor durante o ato de caminhar.
Instituição de fomento: CAPES/Cnpq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  biomecânica da marcha; idosos; adultos praticantes de caminhada.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004