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G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
QUEM É ELE? UM BALANÇO HISTORIOGRÁFICO E LITERÁRIO DA VADIAGEM BRASILEIRA NO SÉCULO XIX
Paulo Roberto Pereira Câmara 1   (autor)   paulcamara@zipmail.com.br
João Ricardo Costa Silva 1   (autor)   joaoricardocs@hotmail.com
Joseane Ferreira Lima 1   (autor)   joseanelima.lima@bol.com.br
Ariel Tavares Pereira 1   (autor)   aritp@ig.com.br
Amadeu Barroso Neto 1   (autor)   neto_g3@hotmail.com
Irisnete Santos de Melo 1   (orientador)   irissmelo@yahoo.com.br
1. Depto. de História, Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho é uma tentativa de entender a vadiagem: sua constituição histórica, seus reflexos sociais e suas representações literárias. Entende-se “vadios” como grupo social indefinido ou “desclassificado” nas palavras de Laura de Melo e Souza, que se esgueira por entre as brechas da “boa” sociedade, e dessa forma, sobrevive num mundo onde não possui lugar definido. Historicamente é difícil determinar o inicio da vadiagem, mas tomou-se para efeito desta análise a formação da sociedade escravista brasileira. Esta possuiu desde o princípio um contingente populacional de homens livres e pobres – no qual encontram-se os vadios – que funcionaram como uma espécie de pêndulo social que variava entre os dois pólos, hora aproximando-se dos senhores, hora dos escravos, conforme os desejos e/ou as necessidades do momento. No entanto, essa é apenas uma configuração do fenômeno e que corresponde a um momento histórico determinado – o da escravidão – não abraçando, portanto, a complexidade das transformações sofridas por esse grupo pós-abolição. As características variam conforme o palco no qual esses sujeitos vivem sua tragicomédia existencial. Daí a necessidade da realização de um balanço historiográfico e literário, pois o primeiro possibilita elucidar dúvidas e levantar novos olhares, enquanto o segundo, permite traçar um perfil para esse grupo social difuso.
METODOLOGIA:
O estudo fundamenta-se na leitura de obras históricas e literárias referentes ao tema, bem como de leituras teóricas que nos dão o suporte necessário para realizar um diálogo entre história e literatura.
RESULTADOS:
O estudo da vadiagem deixou claro que o assunto embora rico e importante para a compreensão da sociedade escravista brasileira, ainda é pouco explorado, havendo alguns poucos trabalhos como por exemplo, os Desclassificados do Ouro de Laura de Melo e Souza e Homens livres na ordem escravocrata de Maria Silvia de Carvalho Franco que tentam jogar luz sobre a questão. Todavia mesmo com as lacunas que há na pesquisa chega-se a alguns resultados interessantes como o fato de que a prática da vadiagem constitui por vezes como instrumento assegurador e reprodutor do sistema escravocrata. Haja vista que esses indivíduos exerciam uma série de atividades que não convinham serem confiadas a escravos ou não eram dignas de serem exercidas por membros da classe abastada. Igualmente importante é o registro do crescimento da vadiagem após a abolição, resultado da falta de perspectiva para a massa de ex-escravos que ganharam a liberdade, mas não o direito à cidadania, e à dignidade, e que não encontrando espaço na sociedade dos livres foram engrossar as fileiras dos vadios. Na literatura pode-se elencar uma galeria variada de personagens que representam a figura do vadio e as suas varias táticas de sobrevivência na ordem vigente.
CONCLUSÕES:
A vadiagem foi um fenômeno até certo ponto inerente à ordem escravocrata, já que a própria dinâmica do sistema abria espaços para a atuação dos vadios, mas, contraditoriamente ela não se encerra com o fim da escravidão, havendo ao contrário do que se poderia supor, um acentuado aumento da mesma.
Palavras-chave:  Vadiagem; Escravidão; Sociedade.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004