IMPRIMIRVOLTAR
B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil
PLACAS CIMENTÍCIAS: VALORAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS
Miguel León González 1   (autor)   miguel.leon@uol.com.br
Ernesto Díaz Rodríguez 1   (autor)   ediazro@yahoo.com
José Pianheri 2   (autor)   josepianheri@uol.com.br
Samuel D. Santos 3   (colaborador)   derest@estadao.com.br
1. Prof. Dr. do Depto.de Ciências Exatas e Tecnológicas-Univ.Cruzeiro do Sul-UNICSUL
2. Graduado em Engenharia Civil – Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL
3. Técnico de Laboratório CETEC- UNICSUL
INTRODUÇÃO:
Nos últimos anos, a busca por uma indústria da construção mais eficiente, competitiva e menos geradora de desperdícios tem levado ao desenvolvimento de novas tecnologias. Uma delas é a construção industrializada seca, sistema que utiliza estruturas leves de madeira ou aço, com vedações em diversos materiais, sendo um deles as placas cimentícias.
A produção de placas cimentícias no Brasil é muito recente e, devido a esse fato, ainda não foi criada uma norma nacional que especifique a qualidade desses produtos, assim como os ensaios a serem realizados com esta finalidade. Devido a esta situação, os fabricantes recorrem a diferentes normas internacionais para caracterizar seus produtos, dificultando realizar comparações entre as propriedades das placas de diferentes fabricantes.
Além disso, existem poucos dados sobre as propriedades físicas e mecânicas desses materiais, portanto seu reduzido conhecimento pode acarretar patologias nas instalações e limitar o desenvolvimento de novas tecnologias construtivas usando esse tipo de material. Sendo assim, faz-se necessário adquirir novos conhecimentos sobre as propriedades e metodologias de ensaios desses tipos de placas produzidas no Brasil.
Levando em consideração a importância do exposto acima, são objetivos deste trabalho:
- Estudar o comportamento físico e mecânico de placas cimentícias fabricadas no Brasil;
- Estudar e avaliar as metodologias de ensaios de normas internacionais para este tipo de placa.
METODOLOGIA:
Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico e a partir deste foram definidos os seguintes aspectos a pesquisar:
- Tipos de placas:
Estudaram-se dois tipos de placas nacionais, as quais foram classificadas em Tipo I e Tipo II. As do Tipo I são placas de pasta de cimento com adição de fibras sintéticas incorporadas à massa; as do Tipo II são placas de concreto de agregados leves, reforçadas em suas faces com tela de fibra sintética.
- Normas de ensaios:
Foram tomados como base os métodos das normas ASTM e ISO.
- Tipos e quantidades de ensaios:
Foram realizados os ensaios de variação de teor de umidade em função da umidade relativa do ar e temperatura ambiente; absorção de água; permeabilidade; densidade, variação dimensional por absorção de umidade e resistência a flexão.
No ensaio de resistência à flexão, a carga correspondente ao limite de linearidade (limite elástico) foi obtida a partir da análise do gráfico de Força x Deformação, tomando-se como critério um percentual da diferença relativa entre a tangente inicial e a secante de um ponto i deste gráfico. Na modelação matemática da curva de ajuste dos resultados do ensaio (Força x Deformação), foi utilizada uma função polinomial que garantisse um coeficiente de correlação mínimo de 98%. Desta equação foram feitos os cálculos para a determinação do módulo de elasticidade e resistência a flexão.
A quantidade de ensaios foi estabelecida segundo critérios estatísticos.
RESULTADOS:
- Verificou-se que há pouca bibliografia sobre o uso destes tipos de placas cimentícias e suas propriedades.
- Nas normas ASTM e ISO estudadas, foram encontrados procedimentos para determinar as principais propriedades físicas e mecânicas, os quais foram necessários modificar no desenvolvimento da pesquisa.
- Em relação aos ensaios, foram obtidos os resultados seguintes:
Variação do teor de umidade;
A placa Tipo I apresentou teor de umidade de 9,35 ± 0,31% e a Tipo II com 7,42±0,25%. Houve pouca variação do teor de umidade nas placas ao mudar a temperatura e teor de umidade do ambiente. Esses dados foram significativos nos ensaios de resistência a flexão, pois a resistência variou de acordo com o teor da umidade da placa.
Absorção de água;
A placa Tipo I teve absorção de 18.6 ± 0.3% de sua massa e o Tipo II de 24,8 ± 0,8%.
Permeabilidade;
As placas ensaiadas obtiveram resultados satisfatórios.
Densidade;
As massas específicas na umidade ambiente foram: Tipo I - 1,65g/cm3, e da Tipo II - 1,17g/cm3, e saturadas foram de 1,96g/cm3 e 1,45g/cm3 respectivamente.
Variação dimensional por absorção de umidade (dilatação e retração);
As placas Tipo I apresentaram variação linear de 4 mm por metro. As Tipo II posaram variação linear de 1mm/metro.
Resistência à flexão;
A resistência à flexão na umidade ambiente da placa Tipo I foi de 13,2 ± 10,5% MPa e a Tipo II foi de 6,4±15%MPa. A resistência à flexão em estado saturado da placa Tipo I foi de 11,2 ± 12,1% MPa e a Tipo II foi de 5,3 ± 16%MPa.
CONCLUSÕES:
- As placas estudadas apresentaram diferenças apreciáveis nas propriedades físicas medidas, exceto no que se refere à permeabilidade.
- Foi comprovada a influência da umidade em algumas das propriedades físicas dessas placas.
- Com relação, à propriedades mecânicas, as placas Tipo I apresentaram um comportamento elasto-plástico, não sendo observada variação linear no início de seu carregamento, ficando difícil de estabelecer o limite elástico.
- As placas Tipo II, por serem placas de concreto reforçado com tela sintética, tiveram o comportamento diferenciado em relação às Tipo I. Em todos os ensaios houve acréscimo de resistência até a ruptura do concreto. Após este, a resistência caiu ou houve um pequeno escoamento, onde se deu início à solicitação da tela apresentando acréscimo de resistência, porém com deformações plásticas altas com apresentação de trincas.
- Os resultados dos ensaios realizados em amostras obtidas através do corte longitudinal e transversal das placas mostraram que as placas Tipo I têm um comportamento mais anisotrópico do que as Tipo II.
- As placas Tipo I tiveram uma redução menor da resistência à flexão no estado saturado do que as Tipo II, porém foram mais flexíveis e apresentaram maiores deformações na ruptura.
- Levando em consideração as experiências obtidas na presente pesquisa, pôde se concluir que as normas de
ensaio usadas como base para o estudo desses tipos de placas devem ser modificadas.
Palavras-chave:  placas cimentícias; construção a seco; vedações.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004