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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
AUTOGESTÃO E EDUCAÇÃO: O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA CRÍTICA DOS TRABALHADORES ENVOLVIDOS EM PROCESSOS AUTOGESTIONÁRIOS
Josiane Magalhães 1   (autor)   josimag@ig.com.br
1. Profa. Dra. do Depto. de Pedagogia, Universidade do Estado do Mato Grosso - Unemat, campus Cáceres
INTRODUÇÃO:
Este trabalho teve como objetivo estabelecer uma compreensão dos processos que envolvem a construção da personalidade dos indivíduos, segundo o processo social em que estão inseridos, verificando como se dá a formação de suas consciências e em que medida o ambiente influencia suas perspectivas acerca do mundo em que vivem. Tal compreensão permite a elaboração de propostas concretas para a Educação que tenha como perspectiva a construção de sujeitos participativos e autônomos.
METODOLOGIA:
Foram realizadas anamneses, análises de histórias de vida em depoimentos colhidos durante os anos de 1994 a 2002, utilizando desde publicações, depoimentos colhidos em outros trabalhos, bem como a vivência pessoal junto aos sujeitos estudados: trabalhadores de empresas autogestionárias e membros do Movimento dos Sem Terra. Foram realizados contrapontos com outros trabalhos ligados aos mesmos sujeitos. As análises do material seguiram o enfoque de Peter Berger e Tomas Luckmann acerca dos processos de socialização primária e secundária. Bem como a leitura das teorias de Piaget, Baktin e Vigotski, e dos conceitos desenvolvidos pela antropologia acerca da construção da personalidade, procurando realizar um cruzamento potencial dessas análises.
RESULTADOS:
Através das análises das historias de vida e da vivência com estes grupos específicos pôde-se observar algumas correlações. A construção da personalidade vincula-se às experiências vivenciadas que o meio em que o sujeito se insere lhe oferece como possibilidades. Seus valores, crenças e principalmente seus parâmetros de julgamento acerca das regras morais formam-se na primeira infância ou no chamado primeiro processo de socialização. Este indivíduo será mais autônomo e participativo dependendo das dificuldades encontradas em seu ambiente socializador. A reafirmação ou negação de valores em processos socializadores secundários terão maior ou menor força dependendo do grau de emoções positivas ou negativas a que se vinculam à primeira infância ou desenvolvidos no processo de socialização primário. Sendo assim, a formação de sua consciência estará balizada pelos valores incorporados durante este processo. A constituição de uma consciência crítica dar-se-á na medida em que haja uma maior ou menor satisfação em relação ao ambiente formador.
CONCLUSÕES:
A compreensão dos processos de socialização nos permite dizer que os indivíduos tornam-se mais autônomos e participativos na proporção em que o ambiente social lhes parece desafiador e inóspito, levando-os a tomar as rédeas de seus destinos. Tal ambiente torna os indivíduos sedentos por outras perspectivas além daquela oferecida em sua primeira infância. Contudo, o aspecto emocional é decisivo, pois sentimentos como o medo e a impotência podem paralisar seus processos socializadores e os tornar obedientes às regras, quaisquer que sejam elas. Além disso, o papel religioso é fundamental na medida em que oferece aos indivíduos paliativos emocionais e balizadores de suas ações, o que lhes impede a busca de novas possibilidades de compreensão além da proposta eclesiástica.
Instituição de fomento: CNPq
Palavras-chave:  consciência crítica; formação da personalidade; processos de socialização.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004