IMPRIMIRVOLTAR
B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil
ESTUDO SOBRE A SUBSTITUIÇÃO DE AGREGADOS NATURAIS POR AGREGADOS RECICLADOS DE CONCRETO
Thiago Melanda Mendes 1   (autor)   Aluno de Iniciação Científica e bolsista da Fundação Araucária
Gilson Morales 1   (orientador)   gmorales@uel.br
Fernando H. S. Cruz 1   (colaborador)   
1. Universidade Estadual de Londrina / Centro de Tecnologia e Urbanismo - Londrina - PR
INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento sustentável vem assumindo um papel muito importante na indústria da construção civil, em parte estimulado pela preocupação com a diminuição do consumo de materiais, bem como, pela Resolução nº 407 do CONAMA, já em vigor, a qual visa concretizar a aplicação do desenvolvimento sustentável também neste segmento industrial.
A reciclagem de RCD (Resíduos de Construção e Demolição) mostra-se como uma ferramenta eficaz no que diz respeito a esse assunto, tornando-se um tema amplamente pesquisado em todo mundo. Dentre as várias pesquisas sobre a aplicação do RCD reciclado, a substituição de agregados naturais por agregados reciclados na produção de concreto ocupa lugar de destaque, uma vez que esse material é amplamente empregado na construção civil.
Porém, a substituição total dos agregados naturais não é um procedimento recomendado considerando resultados já obtidos em várias pesquisas. Diante disso, optou-se pela realização de um estudo visando determinar qual a porcentagem e a condição ideal de uso do ARC (Agregados Reciclados de Concreto) em substituição aos agregados graúdos naturais, analisando as propriedades do concreto no seu estado fresco e endurecido e comparando-as com um concreto de referência produzido somente com agregados naturais.
METODOLOGIA:
Foram produzidos 26 traços utilizando o valor unitário em massa de agregados (m) igual a 5.00, teor de argamassa de 50% e relação água/cimento (x) de 0.50. Os materiais utilizados para a produção do concreto foram o cimento Portland CP V-ARI, brita 1 de natureza basáltica, agregado ARC de dimensão máxima 19 mm e areia média. O ARC foi utilizado em três condições: seco ao ar, semi-saturado, sendo que nesta a água de absorção era adicionada à água de amassamento, sendo que para isso os agregados foram submetidos a ensaios de taxa de absorção e absorção máxima; e, finalmente, na condição saturado superfície seca o agregado era imerso durante 24 h em água e exposto ao ar para que perdesse o excesso de água antes de sua utilização. A seqüência de mistura empregada foi a seguinte: agregados graúdos, parte da água de amassamento, areia, cimento e o restante da água. Sendo que, na condição semi-saturado, os agregados eram deixados em imersão na água durante o período determinado pelo ensaio de taxa de absorção, até que atingissem cerca de 95% da sua absorção máxima.
Foi usado um traço sem a substituição de agregados naturais por ARC e nos demais os agregados foram substituídos, nas condições de umidade descrita, nas porcentagens 20% 30% 40% e 50%.
Foi avaliada a trabalhabilidade dos traços através da medida de consistência pelo slump test, sendo moldados 6 corpos de prova por traço, os quais foram rompidos a idade de 7 dias, após cura em câmara úmida.
RESULTADOS:
Os resultados dos traços ensaiados estão dispostos da seguinte maneira: Traço (condição do ARC, % ARC) - trabalhabilidade - slump (mm) - e resistência médias aos 7 dias (fc7).
Traço de referência - a/c 0.50 - boa - 30 mm - 32,96 MPa.
Seco 20% a/c 0.50 - regular - 10 mm - 32,73 MPa.
Seco 30% a/c 0.50 - regular - 5 mm - 31,72 MPa.
Seco 40% a/c 0.50 - ruim - 0 mm - 35,34 MPa.
Seco 50% a/c 0.50 - ruim - 0 mm - 35,50 MPa.
Semi 20% a/c 0.50 - excelente - 45 mm - 34,98 MPa.
Semi 30% a/c 0.50 - excelente - 50 mm - 29,80 MPa.
Semi 40% a/c 0.50 - excelente - 60 mm - 28,81 MPa.
Semi 50% a/c 0.50 - excelente - 75 mm - 28,12 MPa.
Saturada 20% a/c 0.50 - excelente - 35 mm - 33,41MPa.
Saturada 30% a/c 0.50 - excelente - 35 mm - 29,25MPa.
Saturada 40% a/c 0.50 - excelente - 65 mm - 28,29MPa.
Saturada 50% a/c 0.50 - excelente - 80 mm - 27,54MPa.
A taxa de absorção máxima ARC é de, aproximadamente, 6% atingindo 95% deste valor após 5 minutos de imersão.
CONCLUSÕES:
Quanto a trabalhabidade, a utilização do ARC no estado seco é prejudicial, se agravando ainda mais com o aumento da % de ARC, resultando numa trabalhabilidade insatisfatória do concreto. Entretanto, independente da % de ARC utilizado nas outras duas condições, o concreto apresentou uma trabalhabilidade excelente superando até mesmo o traço de referência. Quanto à consistência, a absorção do agregado seco atribuiu ao concreto uma perda no abatimento com o aumento da porcentagem de ARC, porém nos outros dois estados, a água de absorção disponível na mistura propiciou um aumento no abatimento, e o aumento da % de ARC disponibilizava mais água na mistura proporcionando ao concreto um ganho no abatimento que se refletia diretamente na trabalhabilidade.
O acréscimo de resistência apresentado pelo aumento da % de ARC no estado seco deve-se ao fato de que o agregado absorveu grande parte da água disponível na mistura diminuindo a relação água/cimento. As resistências referentes as outras duas condições de uso mostram que, uma vez que o agregado não influencia na relação água/cimento, o aumento da % de ARC gera um decréscimo na resistência.
Conclui-se que as condições SSS e Semi-saturada são as mais indicadas para a utilização do ARC, sendo 20% a porcentagem mais indicada, confirmando as recomendações de algumas normas, sendo que a substituição nesta porcentagem mostra-se totalmente satisfatória, comparando-se com o traço de referência.
Instituição de fomento: FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Concreto; Agregados naturais; Agregados reciclados de concreto.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004