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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
AGRICULTURA FAMILIAR E SUAS ESTRATÉGIAS DE COMERCIALIZAÇÃO: O CASO DO ASSENTAMENTO UNIDOS DE SANTA BÁRBARA EM CAUCAIA-CE
André Luiz Farias Alves 1, 2   (autor)   andregeoufc@yahoo.com.br
Andreilcy Alvino Borba 2   (colaborador)   andreilcy@ig.com.br
Antônio Marcos Pontes de Moura 2, 3   (orientador)   marcos_agraria@yahoo.com.br
José Levi Furtado Sampaio 2, 4   (co-orientador)   joselevi@uol.com.br
1. Bolsista do Programa Especial de Treinamento - PET Geografia / UFC
2. Pesquisador (a) do Depto. de Geografia - UFC
3. Prof. Ms. do Depto. de Geografia - UFC
4. Prof. Dr. do Depto. de Geografia - UFC
INTRODUÇÃO:
A agricultura familiar não é uma categoria social recente, nem a ela corresponde uma categoria analítica na Geografia Agrária. No entanto, sua utilização, com o significado e a abrangência, que lhe tem sido atribuído nos últimos anos, assume ares de novidade e renovação no cenário nacional. No Brasil, as políticas públicas até o momento não proporcionaram o apoio necessário aos agricultores familiares para que eles fossem colocados como fatores contribuintes para o desenvolvimento local /regional. Além disso, os agentes de desenvolvimento encontram algumas dificuldades para interagir com o meio rural, principalmente quando na sua composição predominam os agricultores familiares, por causa da falta de percepção sobre a realidade desse grupo de agricultores e o desconhecimento das especificidades que o diferencia dos “tipicamente” patronais. Assim, este trabalho tem o objetivo de auxiliar na compreensão da dinâmica dos agricultores familiares do assentamento unidos de santa Bárbara em Caucaia-CE, no processo de comercialização, diagnosticando e analisando suas estratégias na etapa final de sua relação com o seu produto. As alternativas encontradas foram analisadas sob a perspectiva desses atores sociais se incluírem no processo de desenvolvimento regional
METODOLOGIA:
Neste estudo, a abrangência de um município foi determinada ao perceber-se que as relações estabelecidas pelos agricultores no processo de comercialização têm seu campo interativo centralizado pela cidade (Cândido, 1987). Dessa forma, objetivando analisar as estratégias da agricultura familiar no processo de comercialização recorreu-se à pesquisa qualitativa, na qual a coleta e análise das informações não são estanques e mantêm-se em relações recíprocas com a teoria. A categoria de pesquisa selecionada foi o estudo de caso, pois somente o estudo intensivo de um caso permite a descoberta de determinadas relações, tomando possível a investigação de um fenômeno atual dentro de um contexto de vida real, no que as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e na situação em que múltiplas fontes de evidências são usadas. Na pesquisa foram utilizados dados primários e secundários. Os primeiros foram obtidos por meio de entrevistas estruturadas e semi-estruturadas e observações do contexto de vida dos produtores e suas famílias, especialmente no que se refere às suas relações com o mercado. Os dados secundários foram coletados por meio de pesquisa documental e servem de suporte ao entendimento da inserção desses agricultores na estrutura produtiva do município de Caucaia onde a pesquisa foi conduzida. Dessa forma, enfatizamos o posicionamento dos agricultores ante o seu relacionamento com os atores sociais do processo de comercialização.
RESULTADOS:
Os agricultores familiares integrados aos mercados por intermédio das cooperativas e agroindústrias produzindo apenas commodities não estão conseguindo obter os rendimentos necessários para se manterem na atividade. O modelo econômico concentrador de poder e riqueza inviabiliza a “internalização” do desenvolvimento nas regiões interioranas, dificultando sobremaneira a ação produtiva em pequena escala, principalmente pelos sistemas praticados de inserção nos mercados. Entretanto, muitas famílias não abandonam essas atividades, por representarem a sua segurança, por poderem controlar os elementos de sua produção, com exceção das adversidades climáticas e das condições de barganha com os fornecedores, mas a comercialização permanece garantida. São esses produtos não diferenciados (principalmente milho e feijão) que dão o suporte necessário para se experimentarem novas opções que possam resultar em maiores rendimentos por área cultivada. Os produtos transformados frutas, verduras e frangos, são comercializados nos comércios locais, por meio das feiras semanais, das vendas em domicilio e, no caso do peixe, pela Coordenação Regional das Associações de Pequenos Agricultores - CRAPA. Essas relações fazem com que o produtor se aproxime dos consumidores, promovendo um aprendizado que propicia a melhora gradativa da qualidade de seu produto, das ações econômicas da família e da comunidade e, por conseqüência, contribuindo assim para o desenvolvimento do município de Caucaia-CE
CONCLUSÕES:
As estratégias dos agricultores familiares de Santa Bárbara no processo de comercialização é fruto da combinação entre as suas vontades subjetivas e as regras econômico-sociais existentes, desse modo, tanto as especificidades do ambiente como de seus interesses na manutenção e reprodução familiar são construídas em suas estratégias.
Os mecanismos que envolvem a transformação da produção estão possibilitando os agricultores gerarem um novo valor de capital, convertendo parte desse valor em suas unidades produtivas, sem transferi-lo a outros agentes produtores do espaço agrário. Além de obter maior autonomia no ciclo produtivo, minimizando o risco financeiro, mantendo o maior número de membros da família na unidade, entre outros fatores.
Os agricultores familiares estão em busca de sua autonomia. A integração vertical é conseqüência das estratégias de controle dos focos de dependência em relação a outros agentes da sociedade. A comercialização de seus produtos é uma forma de valorizar o produto do trabalho de sua família e do seu grupo social, mostrando ao consumidor, que aquele produto é uma parte de sua história, uma parte da vida de sua família. Assim, ele busca alcançar o seu papel de sujeito nesse processo, adquirindo, conseqüentemente, um maior poder de contraposição ao modelo excludente
Instituição de fomento: Secretaria de Ensino Superior – SESu, Programa Especial de Treinamento – PET
Palavras-chave:  agricultura familiar; estratégias; comercialização.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004