IMPRIMIRVOLTAR
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
EPHEMEROPTERA DE LAGOS EM ÁREAS INUNDÁVEIS DO RIO DAS MORTES-MT
Danielle Pinheiro de Sousa 1   (autor)   dannypsiu@unemat.br
Helena Soares Ramos Cabette 1   (orientador)   hcabette@uol.com.br
Joana Darc Batista 1   (co-orientador)   joanadarcb@yahoo.com.br
1. Depto. de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT
INTRODUÇÃO:
Os Ephemeroptera constituem um dos grupos mais conspícuos dentre os organismos bentônicos, tanto em ambientes lênticos como lóticos. São, entre todos os Insecta, a única ordem com estágio de subimago no ciclo de vida. Os adultos são insetos de tamanho pequeno a médio, alongados de corpo muito mole e com duas ou três longas caudas filiformes, facilmente encontrados nas proximidades de lagos e córregos. As ninfas, com ciclo de vida longo, podem passar por até 20 mudas antes de emergirem como subimago, apresentam brânquias abdominais bem desenvolvidas e de duas a três caudas filiformes, são encontradas em água limpa, corrente e bem oxigenada, vivendo aderidas a diferentes substratos, tais como rochas, troncos e plantas. Esse trabalho teve como objetivo conhecer as famílias e gêneros de Ephemeroptera de lagos do Pantanal Mortes - Araguaia, planície do Bananal, na porção sob influência do Rio das Mortes-MT; verificar a riqueza da fauna de Ephemeroptera e produzir o “check list” dos gêneros. São escassos os trabalhos publicados de Ephemeroptera em Mato Grosso, não havendo registro de dados da área proposta neste estudo. Os dados auxiliarão no entendimento do ecossistema em que se insere o Parque Estadual do Araguaia e seu entorno. O conhecimento da entomofauna dos lagos contribuirá para futuros estudos de monitoramento da qualidade de água da Bacia do Rio das Mortes, já que esses estão em região de planície (pantanal) e com o pulso de inundação, se interligam com os rios.
METODOLOGIA:
Foram coletadas ninfas de Ephemeroptera em três lagos associados ao Rio das Mortes, MT: Lago São João Grande (S 12°42’10.6” e W 51°05’59.4”), Lago do Mateiro (S 12°25’53.2” e W 51°059’52.8”) e o Lago da Sucupira (S 12°19’29.4”e W 50°55’34.4”), este último pertencente ao Parque Estadual do Araguaia. Para as coletas em vegetação submersa e margens utilizou-se rede com armadura em D, para substrato arenoso draga do tipo Ekmam. Em cada lago foram selecionados três pontos, onde foram obtidas dez subamostras com draga Ekmam, esforço de coleta de vinte minutos com rede D e capturas manuais complementares por cerca de 45 minutos. Dados abióticos foram anotados no momento da coleta (Ph, temperatura da água e ar, condutividade, oxigênio dissolvido e substrato). As coletas ocorreram em período de seca, agosto de 2003. A triagem se deu em bandejas brancas com pincéis e pinças, sendo o material conservado em álcool 85%. Os espécimens identificados através de chaves dicotômicas (PÉREZ 1988; HURBARD et al. 1992), estão depositados na Coleção Zoobotânica “James Alexander Ratter”, UNEMAT, NovaXavantina, MT.
RESULTADOS:
Obteve-se 267 espécimes em 4 famílias: Baetidae com 31 representantes; Caenidae com 177; Leptophlebiidae com 39 e Polymitarcyidae com 20 indivíduos. O Lago da Sucupira foi o mais representativo, contribuindo com 149 espécimes, distribuídos nos seguintes taxa: Baetidae (Callibaetis , Cloeodes); Caenidae (Brasilocaenis, Caenis); Leptophlebiidae (Farrodes, Ulmeritoides, gen.1) e Polymitarcyidae (Asthenopus). No Lago do Mateiro foram encontradas 67 ninfas de efêmeros distribuídos em três famílias: Caenidae (Brasilocaenis, Caenis); Leptophlebiidae (Farrodes, Ulmeritoides,gen.1) e Polymitarcyidae (Asthenopus, Campsurus). No Lago São João Grande foram coletados 51 indivíduos, distribuídos em: Caenidae (Brasilocaenis) e Polymitarcyidae (Asthenopus). A maior riqueza faunística foi encontrada no Lago da Sucupira. Os Lagos da Sucupira e Mateiro possuíam bancos de macrófitas, pouco folhiço e apresentaram entomofauna similar (exceto Baetidae), o Lago São João Grande não apresentou macrófitas e possuía substrato com alta cama de folhiço. A maior riqueza de efêmeros nos dois primeiros lagos deve-se, provavelmente, a maior riqueza de mesohabitats e dimensões do ambiente, uma vez que os dados abióticos são mais semelhantes quando se compara São João Grande e Sucupira, divergindo nas condutividades e oxigênios dissolvidos dos índices apresentados pelo Lago do Mateiro.
CONCLUSÕES:
Considerando o número de espécimes, famílias e gêneros, o Lago da Sucupira forneceu a maior riqueza faunística. Esse lago contribuiu com quatro famílias e oito gêneros. O Lago do Mateiro foi o segundo mais diverso com três famílias e seis gêneros. A menor riqueza apresentada foi para o lago São João Grande, fornecendo apenas dois famílias e dois gêneros. A menor ocorrência de efêmeros nesse local pode ser atribuída ao pequeno tamanho do lago e uma disponibilidade menor de mesohabitats. A partir deste inventário foi produzido o "Check list" dos gêneros de Ephemeroptera. Espera-se que esses dados sendo inéditos para os lagos investigados do Pantanal Mortes – Araguaia, sirvam de subsídios para futuros trabalhos na região.
Instituição de fomento: PROBIO-UNEMAT
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Ephemeroptera; lagos; mesohabitat.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004