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C. Ciências Biológicas - 1. Biofísica - 5. Biofísica
DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM PEIXES DO RIO PARAÍBA DO SUL
Thiago Estevam Martins Parente 1, 2   (autor)   parente@ensp.fiocruz.br
Laisa Maria Freire dos Santos 1   (autor)   laisa@ensp.fiocruz.br
Marcela Alves de Sá Siqueira 2   (autor)   mass.bio@bol.com.br
João Paulo Machado Torres 2   (colaborador)   jptorres@biof.ufrj.br
Francisco Gerson Araújo 3   (colaborador)   gerson@ufrrj.br
Francisco José Roma Paumgartten 1   (orientador)   paum@ensp.fiocruz.br
1. Laboratório de Toxicologia Ambiental – DCB –ENSP - FIOCRUZ
2. Laboratório de Radioisótopos Eduardo Penna Franca – IBCCF - UFRJ
3. Laboratório de Ecologia de Peixes – IB/DBA - UFRRJ
INTRODUÇÃO:
A bacia do Rio Paraíba do Sul é um dos principais sistemas hídricos do sudeste brasileiro. Na área dessa bacia (56.600 km²), que se estende pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, vivem cerca de 5 milhões de habitantes. O rio Paraíba do Sul é formado pela junção dos rios Paraibuna e Paraitinga na serra do Mar no estado de São Paulo. Descendo a serra o rio cruza grandes centros industriais como São José dos Campos, Taubaté, Pindamonhangaba e Cachoeira Paulista. No Rio de Janeiro, passa por cidades populosas como Resende, Volta Redonda, Três Rios e Campos. Além disso, suas águas são transpostas para o rio Guandu que abastece a região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, o rio Paraíba do Sul recebe afluentes importantes como os rios Paraibuna e Muriaé. Ao longo de todo seu curso, esgoto in natura e efluentes industriais são lançados em suas águas, apesar dessas serem utilizadas para abastecimento público em muitas cidades. Como visto, o rio Paraíba do Sul atravessa uma das regiões mais populosas e industrializadas do país sendo, portanto, de grande interesse do ponto de vista ambiental e da saúde pública. Neste trabalho, avaliamos a contaminação de peixes por metais pesados ao longo do rio Paraíba do Sul e em alguns de seus principais a afluentes durante o período de chuva e de estiagem.
METODOLOGIA:
Peixes de 3 espécies, Geophagus brasiliensis, Hypostomus affinis e Hypostomus luetkeni, foram coletados ao longo dos rios com tarrafas e redes de espera. Os peixes foram mortos , pesados, medidos, sexados, identificados e armazenados em gelo até a chegada ao laboratório. Tecido muscular acima da linha lateral foi retirado para análise dos seguintes metais : cromo, manganês, zinco, cobre, chumbo, níquel e mercúrio. Os níveis de mercúrio, após digestão química do tecido, foram analisados por espectrofotometria de absorção atômica com lâmpada de catodo oco de mercúrio. Os outros metais foram analisados após desidratação do tecido muscular em estufa a 100 °C durante 24h seguido de calcinação em mufla a 400 ºC. As cinzas sofreram digestão ácida sendo então analisadas em espectrofotômetro de absorção atômica com a lâmpada de catodo oco específica para cada metal.
RESULTADOS:
No período de chuva foram coletados G. brasilienis em seis regiões, H. luetkeni em uma região e nenhum H. affinis. No período de estiagem foram coletados G. brasilienis em oito regiões, H. luetkeni e H. affinis em duas regiões. Segundo a regulamentação brasileira o nível máximo permitido de mercúrio em peixe é de 0,5 microgramas por grama de peso úmido. O maior valor de mercúrio encontrado neste trabalho foi de 0,14 microgramas por grama de úmido em G. brasilienis da região de São Fidelis no rio Dois Rios durante o período de estiagem. Verificou-se que os os níveis de mercúrio em G. brasilienis foram ligeiramente maiores no período de estiagem do que no período de chuvas. A mesma regulamentação da ANVISA especifica o limite de 2,0 microgramas por grama de peso úmido para chumbo. O maior valor de chumbo encontrado foi de 0,53 microgramas por grama de peso úmido na região de Sapucaia. Destaca-se, contudo, que esse valor foi bem superior aos encontrados nas demais regiões. Quanto as outros metais a regulamentação brasileira não fixa limite máximo em peixes, mas não foi encontrado nenhum valor superior ao que tem sido habitualmente descrito para copos hídricos continentais não contaminados.
CONCLUSÕES:
Apesar do rio Paraíba do Sul cruzar uma das regiões mais industrializadas do país, e abrigar em suas margens grandes industrias e centros urbanos, não foram evidenciados níveis preocupantes de contaminação por metais nas espécies analisadas da sua ictiofauna. Esses resultados mostram ainda que o consumo de pescado da região não constitui uma fonte relevante de exposição a metais. Por outro lado, é importante destacar que os nossos resultados não indicam que o rio Paraíba do Sul esteja livre da contaminação por tais metais, pois esses podem estar presentes no seu leito sob formas não biodisponíveis para as espécies estudadas. A variação dos níveis de metais pesados nos períodos de chuva e estiagem, bem como entre as espécies estudadas não foi considerada relevante.
Instituição de fomento: PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Metais Pesados; Ecotoxicologia; Rio Paraíba do Sul.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004