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C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
LEVANTAMENTO DA ENTOMOFAUNA EM SISTEMAS DE MONO E POLICULTIVO DE ALGODÃO NO ESTADO DE MATO GROSSO.
Patrícia Alves de Oliveira 1   (autor)   patriciaoliveiramt@hotmail.com
Ana Cláudia Girardo Botelho 2   (orientador)   aclaudia@univag.com.br
Wanderlei Dias Guerra 3   (colaborador)   
Pedro Nessi Snizek Junior 4   (colaborador)   
1. Graduanda do curso de Ciências Biológicas,Centro Universitário-UNIVAG
2. Prof.Msc.do curso de Agronomia,Centro Universitário-UNIVAG
3. Prof.Esp.do curso de Agronomia,Centro Universitário-UNIVAG
4. Prof.Dr.do curso de Agronomia,Centro Universitário-UNIVAG
INTRODUÇÃO:
A cultura do algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) tem contribuído para o desenvolvimento da humanidade, sendo de grande importância econômica e social. O Estado de Mato Grosso tem atualmente uma posição de destaque na cotonicultura, com cerca de 50% de toda a produção nacional, a partir de estimativas da safra agrícola de 2003/2004. O algodão atrai um complexo significativo de insetos pragas necessitando de manejo intensivo por parte dos cotonicultores. A redução da diversidade de plantas nas monoculturas de algodão propicia o surto de herbívoros pragas e microrganismos patogênicos, que afetam adversamente a sustentabilidade desse agroecossistema. A biodiversidade pode ser usada para melhorar o manejo de pragas, através do controle biológico, pelo incremento dos inimigos naturais, além da ciclagem de nutrientes e conservação do solo e água. O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento da entomofauna em áreas de algodão com policultivo, Assentamento rural e monocultivo nas Fazendas Girassol e São Jerônimo, no Estado de Mato Grosso.
METODOLOGIA:
Foram instaladas armadilhas de Malaise em 3 fazendas particulares com plantio de algodão no Estado de Mato Grosso, na Fazenda São Jerônimo no município de Alto Garça, e, na Fazenda Girassol e no Assentamento rural no município de Pedra Preta. Em cada propriedade foram instaladas duas armadilhas no início de janeiro de 2004, sendo que as coletas ainda se encontram em andamento. Esta armadilha apresenta vantagens como captura contínua e não requer a utilização de atrativos, além de dispensar manutenção freqüente. É constituída por uma tenda de voal, de coloração branca, suspensa por estacas de madeira, que interceptam os insetos conduzindo-os para o frasco coletor na parte superior. Ao interior dos frascos foi adicionado cianeto de potássio para propiciar a morte dos insetos. A cada quinze dias, o material capturado pelas armadilhas foi recolhido e acondicionado em sacos plásticos contendo pastilhas de paraformol, devidamente identificados com dados referentes ao local e data. O material coletado foi levado para o Laboratório de Entomologia do Centro Universitário – UNIVAG, em Várzea Grande/MT, para triagem e separados em Ordens. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância pelo teste F, sendo que as médias de todos os parâmetros foram comparadas pelo teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
Houve diferenças significativas entre o número de insetos total coletados nas armadilhas para as fazendas com monocultura de algodão (Girassol e São Jerônimo) e para o Assentamento rural, com plantio de diversas culturas na área, como algodão, arroz, milho, mandioca, banana, maracujá, hortaliças, além de áreas com mata. Foram capturados uma média de 2.929 insetos para o Assentamento rural e cerca de 860 insetos para as fazendas. A ordem de insetos mais abundante encontrada nas armadilhas foi Diptera, apresentando diferenças estatísticas entre as propriedades, com uma média de 1.868.5 para o Assentamento e de 491 para a Fazenda Girassol e de 478.5 para a fazenda São Jerônimo. No sistema de policultivo a segunda maior ordem encontrada foi Hymenoptera, grupo de grande importância pelos polinizadores e parasitóides, sendo que, para as fazendas foi Lepidoptera, grupo constituído quase exclusivamente de herbívoros. Outras ordens que se destacaram pela freqüência nas coletas foram Coleoptera, Hemiptera e Blattodea.
CONCLUSÕES:
O menor número de insetos capturados nas armadilhas de Malaise nas propriedades com monoculturas foi devido, principalmente, pela redução da biodiversidade ocasionada pela perda da vegetação natural neste habitat. A complexidade de um habitat com policultivo, com áreas cercadas de matas e com diversidade de culturas, apresenta maior riqueza em entomofauna, devido a maior abundancia de alimentos e áreas de refúgio para hibernação e reprodução, tanto para os insetos fitófagos como para os predadores e parasitóides e também para os insetos saprófitos. A maior ocorrência de dípteros no Assentamento rural pode ser um indicativo da presença constante de mamíferos na área, incluindo humanos. Já os himenópteros foram favorecidos pela maior diversidade de plantas, além de terem sido atraídos pelo microhábitat causado pelas sombras e também pela disponibilidade contínua da fonte de alimentos para os adultos. A menor abundância de insetos nas Fazendas pode ser um indicativo referente ao manejo de pragas adotado nestas propriedades, que consiste de aplicações freqüentes de inseticidas, muitas vezes por pulverização aérea. Isto provavelmente, seria atenuado pela utilização de inseticidas seletivos a inimigos naturais e insetos benéficos, como visitantes florais e decompositores de matéria orgânica, e também pela aplicação de produtos químicos somente quando o monitoramento das populações das pragas justificarem esta atitude.
Instituição de fomento: Fundo de Apoio a Cultura do Algodão-FACUAL
Palavras-chave:  algodão; biodiversidade; Armadilha de Malaise.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004