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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SEDIMENTO DE FUNDO DA BAÍA DE GUANABARA
Marianna Badini da Costa 1   (autor)   badini@biof.ufrj.br
Fernando Neves Pinto 2   (colaborador)   pinto@biof.ufrj.br
João Paulo Machado Torres 1   (orientador)   jptorres@biof.ufrj.br
Olaf Malm 1   (orientador)   olaf@biof.ufrj.br
1. Laboratório de Radioisótopos Eduardo Penna Franca - IBCCF - UFRJ
2. Laboratório de Hidrobiologia - IB - UFRJ
INTRODUÇÃO:
Os ambientes costeiros e estuarinos se caracterizam por serem áreas preferenciais de deposição natural de metais pesados. Hoje em dia, tornaram-se locais de acúmulo da poluição antropogênica (Borges, 1996), alterando as características primárias do sedimento de fundo. O sedimento de fundo é um integrador qualitativo das variações na deposição do material particulado em suspensão na coluna d'água. Atividades de remobilização deste compartimento fazem com que o sedimento retorne à coluna d'água, tornando-se em um meio de transferência de metais pesados para a cadeia alimentar. Os metais pesados tem a capacidade de bioacumular na biota, o que pode prejudicar os organismos de topo de cadeia (Borges, 1996). Uma das principais vias de transferência de metais pesados para a população é a ingestão de pescado
No Rio de Janeiro, a Baía de Guanabara é o ambiente que mais sofreu com a ocupação desordenada, decorrente do modelo econômico urbano-industrial, (Borges, 1996), causando impactos de ordem física (aterros), química (contaminação ambiental) e biológica (eutrofização). Os metais pesados estão presentes nos rejeitos industriais e domésticos que são despejados diariamente na baía. A avaliação das concentrações de metais pesados no sedimento, pode auxiliar na identificação de áreas com potencial de contaminação humana e na detecção das fontes de degradação vizinhas aos ecossistemas aquáticos.
METODOLOGIA:
As amostras foram coletadas em 29 pontos em junho de 2002, agrupados em cinco áreas de acordo com as características locais: APA de Guapimirim, Área Industrial, Área Urbana e Canal.
O sedimento foi coletado em potes de vidro e mantido sob refrigeração (15ºC) até sua analise. O sedimento foi peneirado, em peneiras de aço, obtendo fração < 0.074mm e seco em estufa a 60ºC. Depois de macerado seguiu-se a digestão ácida. A analise foi feita em duas etapas. Inicialmente extraiu-se com um ataque ácido parcial a fração que se encontra mais fracamente ligada ao sedimento. Esta técnica consiste no contato de 2 g do sedimento com 15 ml de ácido clorídrico 0,1 M (16 h a temperatura ambiente). Ao final do processo filtrou-se em filtro Whatman 42 e tendo ao final volume de 15 ml (Fizman et al. 1984). Posteriormente procedeu-se um ataque de ácido mais forte, para que fosse extraída a fração mais fortemente ligada ao sedimento. Para isso utilizou-se 0,2 g de sedimento, que permaneceu em estufa (120ºC/12 h), juntamente com 5 ml de ácido nítrico e 4 ml de ácido fluorídrico em bombas de teflon. Após serem transferidos para cadinhos de teflon e acondicionados em um banho de areia, os extratos ácidos foram evaporados até a secura e ressuspensos com ácido clorídrico diluído 0,1 M.
A concentração dos metais pesados foi determinada por espectrofotometria em absorção atômica de chama (Varian AA1457), para os metais Cr, Cu, Pb, Cd, Ni e Mn. Os resultados foram expressos em µg/g de sedimento seco.
RESULTADOS:
As concentrações mais elevadas de Cd (1,58 µg/g e 3,35 µg/g), Cu (12,56 µg/g e 88,54 µg/g), Pb (6,87 µg/g e 77,83 µg/g) e Cr ( 9,28 µg/g e 130,56 µg/g ) , tanto para a fração parcial quanto para a fração total respectivamente, foram encontradas na área industrial situada no lado oeste da Baía. Já os menores valores de Cd (0,14 µg/g e 0,56 µg/g ), Cu ( 0,46 µg/g e 15,80 µg/g), Pb ( 2,41 µg/g e 21,51 µg/g) e Cr (4,03 µg/g e 52 µg/g) foram encontrados próximos da APA de Guapimirim..
A maior concentração de Níquel, (12,11 µg/g e 40,49 µg/g), tanto para a fração parcial quanto para a fração total, também foi encontrada na área industrial e a menor concentração (4,43 µg/g e 22,63 µg/g) na APA de Guapimirim. A FEEMA(1991) encontrou a área próxima ao Rio Irajá , onde fica a área classificada como industrial, como a mais contaminada para este elemento, o que é confirmado pelo presente resultado. Para o Manganês temos a área ao fundo como um todo com as maiores concentrações, sendo que os valores mais altos foram encontrados na APA de Guapimirim (48,64 µg/g e 229,43 µg/g) tanto para a fração total quanto para a fração parcial e as menores concentrações para a fração parcial na área do Canal 11,23 µg/g e para a fração total na Ilha do Governador 82,38 µg/g.
CONCLUSÕES:
De modo geral as áreas ao fundo da baia, com atenção maior à área industrial, se destaca por estar mais impactada. Isto se deve por ser uma área altamente industrializada e urbanizada. Além desses fatores, a região industrial é o local que possui a menor circulação de água e as maiores taxas de sedimentação, o que pode estar contribuindo para o acúmulo de metais.
A média dos valores de Cu e Pb , para a fração total, encontrados na área industrial são maiores quando comparados às médias dos valores da Baía de Sepetiba (Lacerda et. al, 1987). Para a fração fracamente ligada, todos os metais analisados apresentaram valores elevados nesta mesma área quando comparadas a valores encontrados por Borges em 1996. Este fato pode estar relacionado à mobilidade dos metais, já que as condições ambientais, o pH, a condutividade e as concentrações de oxigênio influenciam o comportamento da fração fracamente ligada, podendo tornar os metais mais disponíveis para a biota.
As áreas do Canal e da Apa de Guapimirim foram os locais que se encontraram as menores concentrações para os metais analisados. Isto, aparentemente, pode estar relacionado a uma maior circulação de água. A região do Canal sob forte influencia das marés, freqüentemente renova as condições do ambiente, levando aos baixos valores observados para os metais analisados. A região da APA ainda pode se considerar uma área bem mais preservada, pois os rios que desembocam nesta região não se encontram com altos níveis de poluição.
Instituição de fomento: PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  metais pesados; sedimento; Baía de Guanabara.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004