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H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura
NARRATIVAS ORAIS NA REGIÃO DO MÉDIO XINGU (ALTAMIRA, SENADOR JOSÉ PORFÍRIO E VITÓRIA DO XINGU): UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR.
César Augusto Martins de Souza 1   (orientador)   cmartins.souza@bol.com.br
Arianne Valérya Pereira Patriota 2   (autor)   ariannevalerya@bol.com.br
Elissandra Helena Chiarini de Moura 3   (autor)   elissamoura@bol.com.br
Josilene Corrêa dos Santos 4   (autor)   jcsantoscorrea@bol.com.br
Karla Cristina de Barros 5   (autor)   krlacrist@bol.com.br
Kátia Larissa Araújo Gama 6   (autor)   katilarissa@bol.com.br
Marlúcia Alves Rios 7   (autor)   malvesriosr@bol.com.br
Nágila Dias dos Santos 8   (autor)   nagiladias@bol.com.br
Raquel Menezes Corrêa 9   (autor)   raqmenezes@hotmail.com
Sônia Maria Feitosa da Silva 10   (autor)   divino@amazoncoop.com.br
1. Professor MSc. do Colegiado do Curso de Letras do Campus Universitário de Altamira UFPA
2. Graduanda em Licenciatura Plena em Letras do Campus Universitário de Altamira UFPA
3. Graduanda em Licenciatura Plena em Letras do Campus Universitário de Altamira UFPA
4. Graduanda em Licenciatura Plena em Letras do Campus Universitário de Altamira UFPA
5. Graduanda em Licenciatura Plena em Letras do Campus Universitário de Altamira UFPA
6. Graduanda em Licenciatura Plena em Letras do Campus Universitário de Altamira UFPA
7. Graduanda em Licenciatura Plena em Letras do Campus Universitário de Altamira UFPA
8. Graduanda em Licenciatura Plena em Letras do Campus Universitário de Altamira UFPA
9. Graduanda em Licenciatura Plena em Letras do Campus Universitário de Altamira UFPA
10. Graduanda em Licenciatura Plena em Letras do Campus Universitário de Altamira UFPA
INTRODUÇÃO:
A região do Xingu é possuidora de uma rica fauna e flora, assim como de histórias oriundas dos povos que nela habitam, transmitidas oralmente desde que o homem sentiu necessidade de se comunicar.
São narrativas pouco conhecidas, mas que possuem grande valor literário e hoje são recontadas por pescadores e indígenas. Não seria suficiente simplesmente repetir essas narrativas memorizadas, pois com o passar do tempo, as mesmas perderiam a seqüência lógica e seu significado sócio-cultural.
Essas criações revelam anseios e temores que surgem coletivamente, tendo uma disposição mental que sustenta a manifestação da linguagem, refletindo assim, sua capacidade literária. A pouca divulgação dessas narrativas impede que sejam conhecidas e estudadas por outras áreas do conhecimento humano.
Faz-se, portanto, necessário o conhecimento dessas narrativas orais contadas por índios e pescadores residentes na área urbana dos municípios de Altamira, Vitória do Xingu e Senador José Porfírio, compreendendo a influência e a razão pela qual tais narrativas são contadas até a atualidade, registrando-as e divulgando-as de modo a torná-las conhecidas.
METODOLOGIA:
A pesquisa está sendo realizada na região do Médio Xingu: Altamira, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu, entrevistando pescadores e índios residentes nas áreas urbanas desses municípios e que são conhecedores de narrativas orais transmitidas por seus ancestrais.
Com o intuito de abranger a totalidade do tema investigado, a pesquisa é embasada em critérios quantitativos e, sobretudo, qualitativos.
Inicialmente, a aquisição das informações se deu por meio de questionários: população, renda, estado civil, filhos, residência, profissão, naturalidade. Posteriormente, realizamos entrevistas sobre o cotidiano e o conhecimento narrativo dos entrevistados. Destes dados, selecionamos para entrevista qualitativa cerca de dez pessoas por localidade que possam ser representativos em análise de conteúdo de narrativas orais desses municípios.
Num segundo momento, selecionamos informantes para a gravação das narrativas, contato que só foi possível através das associações de pescadores e indígenas dos municípios.
A gravação foi realizada na casa, na praia, no trabalho, em diferentes horários, respeitando a linguagem dos entrevistados.
Em seguida, transcrevemos tais narrativas. Para um melhor conhecimento e envolvimento do público, registramos em fotos o local e as pessoas que contribuíram na concretização da pesquisa. Após a transcrição de todas as histórias faremos a análise dos dados para elaborar o texto final em forma de relatório e artigo sobre as narrativas orais da região.
RESULTADOS:
Essas narrativas orais transmitem um valor cultural que se reflete na vida social e, em contato com a floresta e o rio, pescadores e indígenas significam e re-significam as narrativas de acordo com sua realidade, variando de um local para outro.
Assim, buscam respostas para acontecimentos diários numa tentativa de conciliar diversas práticas religiosas, formando um universo sincrético que explica sua realidade sob diferentes matizes.
Partimos para construção do projeto, na hipótese de que as narrativas orais tendiam a desaparecer devido à necessidade dos jovens de renegarem práticas de gerações anteriores ou de adaptá-las à outras linguagens. No entanto, deparamo-nos com uma série de possíveis leituras de narrativas, observando que elas se alteram sem desaparecer, seguindo a própria lógica estrutural da cultura como fruto da ação humana e da permanente transformação. As histórias são mais que narrativas orais, pois seus contadores significam sua própria vida e a do grupo.
De acordo com a faixa etária, vários elementos foram incorporados às narrativas indo do fantástico, com animais que se comunicam oralmente com homens (pelos mais velhos), ao binômio mídia-histórias contadas, possibilitando que lêssemos as histórias sob diferentes elementos através dos mundos sociais imersos nas diferenciações geracionais.
Apontamos, entretanto, que nossa pesquisa está em andamento, pois as entrevistas estão em processo de transcrição e de novas análises para a construção do texto final.
CONCLUSÕES:
As narrativas orais pesquisadas são um meio predominante de transmissão do saber, estando condenadas a desempenhar um papel cada vez menor, desconsideradas pela classe letrada urbana, embora ameaçadas de se perderem no esquecimento, constituem um “corpus” vivo na literatura popular não devendo ser desconsiderado pelo estudo da Literatura, como a primeira experiência literária. Sendo assim, contribuem para a iniciação do ser humano na palavra, no ritmo, nos símbolos, na memória, despertando a sensibilidade, conduzindo a imaginação através da linguagem global.
Linguagem global que ignora idiomas, mas relaciona-se com as linguagens regionais possibilitando um universo complexo interno à narrativa, levando-as a leitura de práticas culturais com todo seus significados.
Ouvir, transcrever e pesquisar narrativas orais é adentrar um espaço da Amazônia no Médio Xingu, buscando histórias representativas que possibilitem a outros conhecerem um pouco mais da região.
Sentimos que, ao pesquisar narrativas orais, abrimos um caminho para descortinar realidades sociais e garantir à outras sociedades olhar pescadores e indígenas dos municípios estudados sem os filtros estereotipados.
Após abrirmos o caminho pensamos em adentrá-lo cada vez mais, prosseguindo na investigação e possibilitando leituras sobre a diversidade cultural através de narrativas orais na região.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Narrativas; Pescadores; Indígenas.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004