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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural
FORMAÇÃO DE JOVENS GRUPOS DOMÉSTICOS EM ÁREA DE MANEJO DE ECOTURISMO DA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MAMIRAUÁ (RDSM)
Edila Arnaud Ferreira Moura 1   (orientador)   edimoura@ufpa.br
Dávila Suelen Souza Corrêa 2   (autor)   dsuelen@ufpa.br
1. Profa. Msa. do Depto. de Metodologia da Universidade Federal do Pará - UFPA
2. Graduanda do Curso de Ciências Sociais e bolsista PIBIC - UFPA
INTRODUÇÃO:
Este resumo refere-se ao estudo da organização social e econômica de jovens grupos domésticos de uma comunidade rural amazônica, partindo do pressuposto de que os grupos domésticos desenvolvem processos diferenciados ao longo do seu ciclo de vida, e nesta trajetória os grupos jovens têm desafios diferenciados. O objetivo do estudo é analisar como esses grupos organizam-se em decorrência das mudanças sociais desenvolvidas pelos programas de desenvolvimento sustentado promovidos pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), nos últimos cinco anos, a partir de novas relações com o mercado, das orientações quanto aos cuidados com a reprodução humana e quanto ao uso sustentado dos recursos naturais. É, também, uma das comunidades que tem concentrado grande parte dos investimentos sociais promovidos pelo IDSM desde 1992. Assim, o estudo com os jovens grupos domésticos possibilita um dimensionamento e avaliação dos resultados sociais desta política social.
METODOLOGIA:
O estudo foi feito através da análise das formas de organização e peculiaridades do campesinato na região amazônica de várzea, ressaltando a necessidade da coleta de dados com recursos da observação participante, conceitos sobre o campesinato e as formas de uso dos recursos naturais, visando uma reflexão sobre os processos de construção e utilização do conhecimento cientifico direcionados a melhorar a qualidade de vida das populações ribeirinhas. A pesquisa foi desenvolvida na comunidade de Vila Alencar da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, abrangendo os casais com união conjugal iniciada no período de 1999-2003. É uma comunidade sujeita as intensas elevações do nível da água. Com a implantação, há cinco anos, do programa de alternativa econômica, destinado ao artesanato e à venda de produtos e de serviços para o programa de Ecoturismo do IDSM, muitos dos seus moradores, principalmente os jovens estão envolvidos nestas atividades. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os casais jovens, identificados a partir do levantamento demográfico. Nas entrevistas utilizou-se a técnica de aplicação de formulários, coletando informações sobre: a característica de cada grupo doméstico, o tempo de união, o comportamento reprodutivo e a reprodução social e econômica. Para a realização deste estudo, obteve-se o consentimento da comunidade através de uma reunião com as lideranças locais e os comunitários, sendo expostos os objetivos do trabalho e a sua importância.
RESULTADOS:
A comunidade de Vila Alencar possui 30 famílias, dentre estas 8 (27%) são casais com união conjugal iniciada no período de 1999-2003. Foram identificados apenas 2 tipos de estrutura familiar: 50% dos casais tem filhos e domicílio próprio e 50% com filhos e domicílio multi-parental, sendo que neste caso, a maioria destes constituiu moradia no período de 1 a 2 anos. A idade mediana das mulheres ao formar união é de 16 anos e 22 anos para os homens; 50% dos casais tem somente 1 filho, 25% tem 2 filhos e os outros 25% possuem 3 filhos. Apenas 37,5% fizeram referência ao uso de algum método anticonceptivo (pílula, injeção e preservativo). O programa de artesanato e de ecoturismo são as duas formas predominantes de geração de renda entre as famílias jovens. A área de manejo do ecoturismo está localizada no mesmo setor que a comunidade, proporcionando a participação principalmente dos jovens na execução de serviços prestados, como: guia turístico, auxiliar de cozinha e serviços gerais de manutenção da pousada. A venda e o armazenamento dos produtos artesanais é feito em uma lojinha, que fica na comunidade, onde recebem os turistas nacionais e principalmente internacionais, que ficam hospedados na pousada do ecoturismo e são levados a conhecer a RDS Mamirauá pelos guias que são os próprios moradores. Entre as mulheres apenas 12% não desenvolvem atividade econômica.
CONCLUSÕES:
Baseado no estudo semelhante realizado em 1995, pudemos identificar mudanças sociais e econômicas na formação dos grupos domésticos mais jovens. As uniões conjugais estão se estruturando de forma mais independente e tendendo a reproduzir um modelo urbano de formação da família, o que evidência uma grande mudança em relação ao padrão familiar de seus pais. Um dos efeitos marcantes desta modificação encontra-se na fonte de renda: o cultivo da roça deixou de ser uma atividade destinada ao mercado e passou a ser somente para o sustento da família. Com a realização desta pesquisa certificou-se que os jovens grupos domésticos estão cada vez mais engajados nas diversas formas de uso sustentado dos recursos naturais.
Instituição de fomento: PIBIC/UFPA, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - IDSM, Curso de Ciências Sociais
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Grupos Domésticos; Campesinato; Desenvolvimento Sustentável.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004