IMPRIMIRVOLTAR
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 8. Química
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE ÁCIDOS HÚMICOS DE SOLOS DA REGIÃO DE DOURADOS - MS
Edemar Benedetti Filho 1   (autor)   edemar@uems.br
Waldrovany dos Santos Silva 1   (autor)   wale.mondini@bol.com.br
1. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS
INTRODUÇÃO:
O solo é constituído por uma mistura de componentes orgânicos e inorgânicos, ar, água, e microorganismos, no qual todas essas fases estão correlacionadas entre si, uma afetando a outra. Segundo a definição clássica, a matéria orgânica dos solos é dividida em substâncias húmicas (SH) e não-húmicas. As SH são formadas pela transformação de biomoléculas, durante o processo de decomposição de resíduos vegetais e animais presentes no ambiente. Devido à natureza heterogênea e complexa das SH pouco se sabe sobre sua estrutura química e apresentam-se como moléculas polidifusas com elevada massa molar. As SH exercem grande impacto sobre a gênese dos solos, sendo um componente essencial em constituição. Os ácidos húmicos (AH´s) comportam-se como polieletrólitos fracamente ácidos e são passíveis de análises por técnicas baseadas na ionização dos grupos funcionais ácidos. A química dos AH´s e seus complexos é, sem dúvida, pouco compreendida; muitas funções essenciais, incluindo efeitos de quelação de cátions metálicos, absorção de herbicidas ou outros poluentes nos solos, ainda são obscuras (Perdue, 1980). O objetivo desta pesquisa foi à caracterização dos grupos ácidos (carboxílico e fenólico) de solos da região de Dourados-MS, o qual é composto por lotossolo vermelho através de titulações potenciométricas.
METODOLOGIA:
Após o estudo da área a ser analisada, realizaram-se as coletas em diferentes regiões de Dourados, conforme metodologia proposta por Raij (2001). Foram coletados cerca de 20Kg de cada amostra, perfazendo um total de 10 pontos de coleta, abrangendo regiões produtoras de grãos. Cada amostra foi tratada com KOH e NaOH para extração do ácido húmico. Nesta fase também foram realizadas análises preliminares para determinar qual o melhor processo de extração, utilizando o sódio ou o potássio. A solução extraída foi seca com a utilização de uma chapa aquecedora na capela. O ácido húmico extraído foi estudado com a realização de titulações potenciométricas e condutométricas para a determinação dos grupos ácidos existentes. Realizou-se também a determinação do teor de cinzas e conseqüentemente a quantidade de matéria orgânica presente na fração orgânica. Os resultados obtidos foram analisados por programa na linguagem QuickBASIC desenvolvido para facilitar os cálculos de balanços de massa dos equilíbrios químicos envolvidos.
RESULTADOS:
Primeiramente realizou-se um estudo dos solos a serem extraídos os AH´s, onde o pH destes solos, através da extração com KCl, apresentaram um valor médio de 8,56 (±0,56) para as amostras. Há um histórico da constante adição de calcário na região de plantio de grãos. Em seguida foram realizadas titulações do solo para verificar a alcalose e a acidose, calculando o poder tampão dos solos. Observou-se que ocorre um aumento do poder tampão, porém com pouca quantidade de H+ há um abaixamento brusco do pH dos solos, estes resultados mostraram uma baixa capacidade tamponante dos solos, sendo muito propício a sofrer um abaixamento de pH com uma precipitação ácida. Realizou-se a titulação do ácido húmico obtido utilizando NaOH 0,100mol/L como agente titulante, sendo realizados em triplicata. Os resultados mostraram uma inflexão significativa na região dos grupos fenólicos enquanto que a inflexão dos grupos carboxílicos foi pouco significativa. Os resultados potenciométricos demonstraram que estes solos apresentam uma baixa contribuição dos grupos carboxílicos em sua constituição, onde os resultados apresentados pelas titulações condutométricas evidenciaram estes fatos. Os AH´s apresentaram um teor de 58,56% (±2,3%) de matéria orgânica, com um teor de cinzas de 41,44%, devido ao processo de extração utilizado na separação da matéria orgânica do solo.
CONCLUSÕES:
Estes estudos demonstraram um baixo poder tamponante aos solos, os quais devem ter constantemente a necessidade de adição de corretivos alcalinos, pois podem ser afetados bruscamente por um despejo ácido, apesar da contribuição dos grupos ácidos fracos presentes em sua constituição. Ficou evidente, através da análise condutométrica e potenciométrica, a presença significativa de grupos fenólicos na matriz do ácido húmico, enquanto que os grupos carboxílicos, que geralmente são abundantes, foram detectados, mas apresentaram uma baixa quantidade ionizável. Estudos futuros com estes solos podem fornecer melhores respostas com respeito a interações desta matéria orgânica com trocas iônicas de cátions de metais tóxicos, como por exemplo, o Alumínio, e prever a capacidade de quelação destas amostras.
Instituição de fomento: Universidade estadual de Mato Grosso do Sul
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  pK; Bracketing; Grupos ácidos.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004