IMPRIMIRVOLTAR
G. Ciências Humanas - 5. História - 8. História Regional do Brasil
PAR OU ÍMPAR: O SENTIMENTO DE SINGULARIDADE DO LUDOVICENSE
Elthon Ranyere Oliveira Aragão 1   (autor)   elthon_aragao@yahoo.fr
Josué Luso dos Santos 1   (autor)   jsluso@yahoo.com.br
Odirley Wanderson Costa Pereira 1   (autor)   odywanderson@yahoo.com.br
Ariel Tavares Pereira 1   (autor)   aritp@ig.com.br
Nágela Simone Slva Viana 1   (autor)   nagelasimone@yahoo.com.br
Irisnete Santos Melo 1   (orientador)   irissmelo@yahoo.com.br
1. Depto. de História, Universidade Federal do Maranhão - UFMA
INTRODUÇÃO:
A cidade de São Luís desde muito cria e (re)cria imagens que objetivam lhe dar um status de singularidade. É assim que percebemos o surgimento no século XIX de dois decantados mitos: o da fundação francesa de São Luís e de Atenas Brasileira. Ambos, resultados de um anseio singularizador, representam a adoção e o resultado de uma postura narcisista. Assim podemos perceber que a idéia de fundação da cidade pelos franceses tenta estabelecer um vínculo genital à sociedade vista como padrão civilizatório da época  a sociedade francesa - e que a Atenas Brasileira nasce devido à posição de destaque alcançada por alguns ludovicenses na literatura nacional, tornando a mesma o berço da cultura brasileira. Já em meados do século XX, a cidade surge no cenário nacional como a Jamaica Brasileira, outra imagem que lhe confere o título de capital nacional do reggae. Isto posto, pretendemos no presente trabalho analisar os elementos que estão por trás das invenções das imagens acima referidas, bem como suas formas de difusão e reflexos no imaginário local, no imaginário da cidade.
METODOLOGIA:
A pesquisa baseou-se na leitura e análise de obras referentes respectivamente à história do Maranhão(fundação francesa), literatura maranhense(Atenas Brasileira) e sociologia maranhense(Jamaica Brasileira), além de pesquisa oral, onde percebemos como está impregnado no imaginário coletivo local o sentimento de singularidade.
RESULTADOS:
Baseados em nossas análises, constatamos que os habitantes de São Luís incorporaram e incorporam um anseio de singularidade implantado inicialmente no século XIX pela elite intelectual local e legitimada pela elite nacional devido à vasta produção literária da cidade, passando a mesma a ser chamada de Atenas Brasileira. Este mito, adicionado à grande influência que a cultura francesa exercia na cidade, levou à criação e difusão no imaginário coletivo de outro mito, o da fundação francesa da cidade, momento a partir do qual o ludovicense passou a ostentar o título de única cidade brasileira fundada por franceses. Em meados do século XX, foi criada outra identidade para singularizar São Luís: a de Jamaica Brasileira, a capital nacional do reggae. Assim sendo, constatamos ainda que os dois primeiros mitos foram criados e difundidos pela elite intelectual enquanto que o último foi difundido pela industria cultural de massa, que representa um setor da elite econômica interessada em transformar a Jamaica Brasileira em um produto identificatório das camadas populares, o que contribui hoje para dar continuidade à trajetória singular da cidade.
CONCLUSÕES:
Diante do exposto, consideramos que a conjugação das imagens constituídas sobre e a partir de São Luís, aqui analisadas, somadas às várias outras constantemente inventadas e (re)inventadas, demonstram o anseio do ludovicense de parecer único ímpar.
Palavras-chave:  SINGULARIDADE; IMAGINÁRIO; LUDOVICENSE.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004