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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
MESOFAUNA DE SOLO SOB CULTIVO DE ALGODÃO AGROECOLÓGICO, COM ADUBAÇÃO VERDE, EM MT.
Mirian Arabela da Silva Serrano 1   (autor)   Profa. MSc. / arabela@univag.com.br
Fabiano Rodrigues da Matta 1   (autor)   Prof. MSc.
Edgar Alfredo TziTziboy 1   (autor)   Prof. Dr.
Ariovaldo Silva Ferreira 1   (autor)   Graduando
1. Grupo de Produções Acadêmicas em Ciências Agrárias e Biológicas, Centro Universitário Univag - MT
INTRODUÇÃO:
As espécies que habitam o solo apresentam uma grande variedade de tamanhos e metabolismos e direta ou indiretamente são responsáveis pela decomposição da matéria orgânica e estruturação do solo. Nos cultivos, a fauna das áreas nativas é substituída por outros grupos e esta alteração influi no fluxo de nutrientes e no processo de decomposição e formação de húmus. O monitoramento desta fauna permite avaliar não só a qualidade de um solo, como também o próprio funcionamento do sistema de produção. Na busca de sistemas sustentáveis é importante que se considere a biodiversidade edáfica. O objetivo deste estudo foi avaliar a interferência da incorporação do adubo verde nas populações da mesofauna do solo sob cultivo de algodão em condições de manejo orgânico. Faz parte de um projeto de avaliação do manejo agroecológico na cotonicultura familiar, em Mato Grosso, financiado pelo Facual (Fundo de apoio ao cultivo do algodão, MT).
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado no campo experimental do UNIVAG, em Várzea Grande/MT e na estação experimental da EMPAER em Cáceres/MT, na safra 2002/3. Os tratamentos consistiram na incorporação de três materiais como adubos verdes (crotalária juncea, mucuna preta e o feijão guandu), mais um tratamento como testemunha, onde posteriormente foi plantado algodoeiro BRS Itaúba. O arranjo foi em blocos casualisados com quatro repetições. Nas parcelas foram feitas coletas de solo, para estudo da fauna, obedecendo a seguinte distribuição: a) estação experimental de Cáceres: 07 de janeiro (nas parcelas plantadas com adubo verde, a testemunha em pousio), 18 de março e 03 de junho (nas parcelas com algodoeiro) e 22 de julho de 2003 (após uma primeira colheita de algodão); b) campus do UNIVAG, Várzea Grande: 17 de janeiro (nas parcelas com adubo verde), 07 de março e 09 de maio (nas parcelas com algodoeiro) e 14 de julho (um dia antes da colheita). Foi feita análise do solo antes da implantação do experimento. As amostras foram retiradas com o auxílio de um amostrador metálico de 10x20x10 cm, que foi introduzido no solo com a ajuda de uma marreta, em seguida foram acondicionadas, identificadas e transportadas para o laboratório. Foi feita uma amostra por repetição. No laboratório, as amostras foram colocadas em extratores de fauna de solo, do tipo Berlese modificado. A fauna foi identificada em grandes grupos taxonômicos.
RESULTADOS:
A área experimental do Univag em Várzea Grande apresentou teores de argila de 30g/kg, areia e silte 970 g/kg com um pH em CaCl2 de 6,9; no campo da EMPAER em Cáceres o teor de argila foi de 150 g/kg, areia e silte 850 g/kg com um pH em CaCl2 de 5,0. Em janeiro, a densidade da fauna foi de: a) Univag: 509 espécimes no tratamento com crotalária, 678 no guandu, 1255 na mucuna e 229 no testemunha; b) EMPAER: 112 espécimes no tratamento com crotalária, 183 no guandu, 168 na mucuna e 89 no testemunha. Os maiores números obtidos no Univag foram devidos aos ácaros, que aí estiveram em números muito maiores em todos os tratamentos. Ainda em janeiro, o número de grupos de artrópodes presentes nos tratamentos foi 16, no Univag e 15 na EMPAER, destes, no Univag foram seis grupos fitófagos e na EMPAER três. Em Cáceres a densidade da mesofauna de solo aumentou progressivamente de março a junho e diminuiu em julho, em todos os tratamentos; em março, as maiores densidades foram obtidas no tratamento com crotalária e em junho, naquele com guandu . Em Várzea Grande as densidades diminuíram progressivamente no período, o tratamento com crotalária obteve maior número de espécimes em março e maio. Durante todo o período, Acari foi o grupo dominante, independente do tipo de tratamento.
CONCLUSÕES:
De março a julho a flutuação da densidade populacional da mesofauna de solo, foi diferente nas duas áreas, provavelmente devido ao material incorporado sob as condições ambientais dos locais. As diferenças observadas sob os tratamentos de incorporação de adubos verdes provavelmente refletem a heterogeneidade de habitat criada por cada material incorporado (a testemunha sem cobertura). Nas condições de Cáceres, o efeito positivo é observado logo após a incorporação dos adubos verdes, com aumento diferenciado na densidade e diversidade da fauna de solo, já na área experimental de Várzea Grande, isto não foi observado. A estação seca tem início em maio, porém em março as chuvas já diminuem, em freqüência, volume e intensidade, os solos de Cáceres, devido a granulometria, conseguem reter umidade por mais tempo, enquanto que em Várzea Grande o neossolo quartzarênico não consegue armazenar água por muito tempo, causando estresse sobre a dinâmica das populações microbianas que constituem recursos alimentícios para uma grande parte dos invertebrados edáficos. O aumento da densidade da fauna foi mais rápido no tratamento com incorporação da crotalária, provavelmente por apresentar uma quantidade maior de biomassa que os demais. A ocorrência de grupos de fitófagos em maior número em plantios sob condições mais adversas aponta para uma menor resistência das plantas nestas condições, como o que ocorreu em Várzea Grande.
Instituição de fomento: Fundo deApoio a Cultura do Algodão - Facual
Palavras-chave:  mesofauna de solo; algodão agroecológico; adubação verde.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004