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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
O DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO MOTORA FINA EM CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Bruno Nascimento Alleoni 1   (autor)   brunona@rc.unesp.br
Sandra Helena Tinós 2   (autor)   sandraht@rc.unesp.br
Ana Maria Pellegrini 3   (orientador)   anapell@rc.unesp.br
1. Universidade Estadual Paulista - UNESP
2. Depto. de Educação, Universidade Estadual Paulista - UNESP
3. Depto. de Educação Física, Universidade Estadual Paulista - UNESP
INTRODUÇÃO:
Vários são os fatores que influenciam o nível de aproveitamento escolar da criança, dentre eles: a atenção, a coordenação motora e o esquema corporal. Em 2002, professores de uma escola pública de educação infantil e ensino fundamental do interior paulista solicitaram auxílio para a resolução de problemas relacionados a esses fatores e também à agressividade. Em 2003, num projeto de intervenção junto a esta escola, focalizamos a coordenação motora e buscamos procedimentos de ensino que levassem à melhoria do desempenho motor dos alunos e, consequentemente, do desempenho acadêmico. A aquisição de um grande número de habilidades motoras ocorre no ambiente familiar da criança, mas muitas delas, como as habilidades motoras finas, são adquiridas na escola durante os primeiros anos de escolarização. Para que isso ocorra, é preciso oferecer oportunidades e condições propícias. Os objetivos deste estudo foram: identificar formas de intervenção no processo ensino-aprendizagem que atendessem às diferenças individuais no comportamento motor; e desenvolver procedimentos para avaliação, acompanhamento e orientação docente no que diz respeito ao desenvolvimento da coordenação motora fina de crianças atendidas no ensino fundamental.
METODOLOGIA:
O trabalho experimental foi realizado numa escola pública da cidade de Limeira/São Paulo. Para avaliação do efeito da prática na aprendizagem de habilidades motoras finas, o desenho experimental consistiu de Pré e Pós teste intercalados por um período de prática. Para o desenvolvimento da coordenação motora fina, as crianças fizeram, em sala de aula, dez minutos diários de atividades físicas que envolviam a coordenação uni e bimanual e, em especial, o ritmo. A coordenação motora fina foi avaliada por meio de uma tarefa que consistia em tocar as pontas de duas lapiseiras, uma em cada mão, numa mesa digitalizadora (tablete), em quadrados delimitados conforme uma seqüência pré-estabelecida. Participaram dessa avaliação 36 crianças pertencentes às classes Orquídea (n=18) e Prímula (n=18), com preferência manual direita (avaliada pelo Inventário de Edinburgh) e média de idade de 10,86 (DP=0,49) e 8,58 (DP=0,33) anos, respectivamente. Cada criança executou 10 tentativas de 30s de uma seqüência de toques, das quais as três primeiras foram descartadas na análise estatística por serem consideradas como de adaptação da criança à tarefa e familiarização com o ambiente de coleta. De cada tentativa eram registradas as coordenadas x e y do toque e o momento (em milésimos de segundo) em que o mesmo ocorria. Ao final da tentativa, o programa computacional fornecia o total de erros espaciais cometidos pelas duas mãos. Somente a criança e o experimentador permaneceram na sala durante a coleta.
RESULTADOS:
Os dados foram analisados através de ANOVA 2 X 2 X 2, classe (2) mão (2) e teste (2), com medidas repetidas nos dois últimos fatores, tendo como variável dependente a média dos erros de cada mão. O nível de significância para identificação de diferenças entre as médias foi estabelecido a p < 0,05. Para identificação das diferenças foi aplicado o teste a posteriori de Scheffé. O programa estatístico utilizado foi o Statistic 4.3 for Windows. A análise destes resultados indicou terem os fatores principais Mão e Teste alcançado nível de significância a p<0,001. Os resultados da ANOVA também indicaram significância para as interações entre os fatores Classe X Mão e entre Mão X Teste, com respectivamente p<0,02 e p<0,001. Os resultados da análise do teste a posteriori indicaram que as crianças da classe Orquídea (as mais velhas) apresentaram maior quantidade de erros espaciais do que as da classe Prímula. As crianças de ambas as classes melhoraram do Pré para o Pós teste e, ainda, o desempenho da mão não preferida (esquerda) foi melhor, ou seja, houve menor quantidade de erros em relação ao desempenho da mão preferida.
CONCLUSÕES:
A análise dos dados do presente estudo indica que os efeitos da prática variam em função do nível de desenvolvimento das crianças, pois elas apresentaram melhores resultados na habilidade motora fina do Pré para o Pós teste. A preferência manual é outro fator que influencia o nível de aprendizado da habilidade motora fina. A apresentação resultados obtidos com a prática orientada das habilidades selecionadas neste estudo salienta a importância da intervenção para a recuperação de crianças com problemas de coordenação motora. Do ponto de vista teórico, estes resultados realçam o papel das estruturas rítmicas e da organização espaço-temporal na aquisição de habilidades motoras finas que são primordiais no processo de alfabetização de crianças. Assim, a análise dos dados da avaliação inicial indicou a necessidade de um trabalho especificamente orientado para a aquisição de seqüências rítmicas, visando que as crianças apresentassem melhora nas habilidades relacionadas à coordenação. A comparação dos resultados da avaliação inicial com a avaliação final indica o potencial de aprendizagem destas crianças que, embora apresentassem déficit da coordenação motora fina, foram capazes de superar as dificuldades e desempenhar com segurança e facilidade a habilidade que foi foco do presente estudo.
Palavras-chave:  coordenação motora fina; habilidade motora; ensino-aprendizagem.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004