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F. Ciências Sociais Aplicadas - 5. Arquitetura e Urbanismo - 1. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo
IGARASSU: MONUMENTOS E CAMINHOS
Alice Mesquita Jardim 1   (autor)   alicejardim@terra.com.br
Maria Angélica da Silva 1   (orientador)   mas@fapeal.br
1. Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Alagoas - UFAL.
INTRODUÇÃO:
Caracterizada como a primeira povoação da Capitania de Pernambuco, a Vila de Santa Cruz e dos Santos Cosme e Damião de Igarassu foi fundada em 1535 por Afonso Gonçalves, ordenado pelo donatário Duarte Coelho. Ali surgiu, em cima de um morro, a primeira edificação religiosa de Pernambuco: a igreja de São Cosme e Damião, marco da batalha decisiva entre índios e portugueses. A partir da fundação desta igreja, o morro se tornou um ponto de referência para a expansão da vila, sendo assim, um marco para instalação de novas edificações religiosas.
Com a passagem dos holandeses no Brasil, no século XVII, a vila passou por um processo de destruição. Saques de seu material arquitetônico serviu para construção da vila de Olinda. A visita de pintores trazidos da Holanda, como Frans Post, resultou em registros iconográficos representando o núcleo urbano da vila, onde pode-se observar algumas ruínas presentes na paisagem, talvez frutos daquela destruição.
Conhecida atualmente como Igarassu, a cidade ainda hoje possui um rico acervo arquitetônico remanescente do século XVI no seu centro histórico e é tombada como monumento nacional pelo IPHAN desde 10 de outubro de 1972.
Apesar de já existir este tombamento a nível nacional, o estudo do traçado urbano da cidade de Igarassu possibilitará um reconhecimento de marcas que possam ter passado despercebidas. Essa referência pode ser fundamental no entendimento do seu percurso urbano e reforçar a importância da preservação do seu patrimônio.
METODOLOGIA:
A metodologia do trabalho partiu do estudo comparativo entre dados históricos e a situação atual da cidade de Igarassu, através da análise bibliográfica, registros iconográficos existentes e alguns mapas do século XVI contrapostos a fotografias atuais.
Como uma primeira etapa, foi feita uma visita à cidade, onde foram levantados dados a partir da percepção in loco. Essa etapa foi de grande importância para o reconhecimento geral do local e, especificamente, do sítio histórico.
Em um segundo momento, foram levantados mapas e registros iconográficos do século XVI e dados bibliográficos, através de textos encontrados na Revista do Instituto Histórico Arqueológico e Geográfico de Pernambuco e outros livros relacionados ao assunto. Além disto, foi produzido um levantamento fotográfico da situação atual do seu sítio histórico.
Fazendo uma relação entre as duas etapas do trabalho, foi possível a identificação das permanências arquitetônicas a partir de uma contraposição entre o antigo x o atual.
RESULTADOS:
Segundo o autor Paulo Santos, o traçado urbano da antiga vila de Igarassu se encaixa ao padrão adotado na maioria das vilas e cidades do período colonial. Quando caminhamos por suas ruas tortuosas, podemos ainda hoje, por exemplo, observar da parte altas os eixos de expansão da vila e a paisagem natural que a cerca, avistando-se ao longe a vila de Itamaracá. Elas tiveram uma forte ligação no período colonial formando por uma rede de comunicação.
Devido a um incêndio ocorrido no Instituto Histórico de Igarassu, alguns registros escritos e mapas se perderam, porém o material iconográfico deixado por Frans Post, possibilita uma análise das principais permanências arquitetônicas na paisagem e posteriormente um estudo aprofundado para o entendimento do traçado urbano.
Com os dados levantados, foi possível identificar algumas edificações remanescentes do século XVI como a Igreja de São Cosme e Damião (1535), a Igreja e o Convento de Santo Antônio (1588) e as ruínas da Igreja Nossa Senhora da Misericórdia. Esse reconhecimento é fundamental para iniciar a segunda fase do trabalho, onde o estudo do traçado urbano, definido pela localização dos monumentos arquitetônicos, possibilitará a remontagem da malha urbana da antiga vila de Igarassu, através do uso de programas de computador como o AutoCAD ou Photoshop.
CONCLUSÕES:
A antiga vila de Igarassu, a primeira da capitania de Pernambuco, se desenvolveu a partir de um morro onde foi construída a Igreja de São Cosme e Damião, em 1535. A partir dessa localização, foram construídas outras edificações seguindo um percurso urbano comum às vilas e cidades do século XVI.
Contrapondo o material antigo x o atual é notável na paisagem de Igarassu as referências históricas da vila ainda presentes na cidade.
A partir deste ponto, começa a segunda fase da pesquisa, onde a importância histórica de cada edificação será relacionada com o desenho urbano da cidade para uma analise que responderá questões referentes não só ao arruamento, mas também aos caminhos delineados ao longo de toda a vila.
Esta investigação, cruzada com outros estudos que vêm sendo realizados sobre antigas vilas próximas a Igarassu, como Vila Velha e Olinda, por exemplo, poderá auxiliar na recuperação de um trecho do sistema de redes urbanas. Sendo este um dos objetivos do projeto “Estudos da Paisagem”, no qual se insere o trabalho apresentado.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Igarassu; iconografia; holandeses.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004