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A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
RESULTADOS DE UMA PESQUISA ETNOGRAFICA REALIZADA NAS AULAS DE FÍSICA I DA UFJF
Glauco S. F. da Silva 1   (autor)   glaucosfs@yahoo.com.br
José Acácio de Barros 2   (orientador)   acacio@fisica.ufjf.br
Julie Remold 3   (colaborador)   julieremold@yahoo.com.br
1. Inst. Estadual de Educação
2. Dep. de Física da UFJF
3. IFCS -UFRJ
INTRODUÇÃO:
Neste trabalho vamos mostrar os resultados encontrados de uma pesquisa etnográfica realizada durante as aulas de Física I da Universidade Federal de Juiz de Fora. A disciplina Física I é oferecida no ciclo básico dos cursos de Física, Matemática, Química e Engenharias. Esta disciplina vinha apresentando um alto índice de reprovação. Para tentar reduzir este problema, mudamos a sua estrutura didático -pedagógica (inicialmente para os alunos do curso de Física). Esta mudança consistiu em aplicações de técnicas de engajamento interativo. Com estas técnicas os alunos têm a possibilidade participar ativamente das aulas através de interações com o professor e com seus colegas de turma. As aulas foram divididas em duas partes: uma expositiva, onde o professor explica o conteúdo da disciplina; uma com atividades de grupo, em que os alunos resolvem algumas questões relacionadas com o tema da aula expositiva. Para resolver estas questões cada componente dos grupos recebia uma função que mudava a cada aula: líder (responsável pelo andamento das questões), anotador (responsável de registrar a anotações do grupo), cético (responsável por questionar cada questão). A pesquisa etnográfica realizada durante estas aulas teve como objetivo principal avaliar de forma qualitativa a aplicação do novo método tendo um foco principal para os alunos durante a as atividades de grupo.
METODOLOGIA:
Em nossa pesquisa etnográfica não utilizamos recursos de áudio -visual. Ela foi baseada em anotações feitas a partir de observações dos alunos e do professor. Para que se efetuasse a pesquisa, no primeiro dia de aula o professor apresentou aos alunos uma pessoa que estaria presente durante as aulas, mas que não seria um estudante daquela turma, o etnógrafo. A cada aula ele ficava o mais discreto possível a fim de não influenciar muito as atividades dos alunos. As anotações eram feitas com maior incidência durante as atividades de grupo, pois era quando ocorriam as interações entre os alunos. Além de observações, o etnógrafo também registrava as conversas que tinha com os estudantes. Quando um grupo terminava antes do término da aula, ele discretamente procurava alguns alunos e fazia perguntas relacionadas ao método utilizado para as aulas de Física I. Então, anotações continham como os alunos se portavam diante do novo método, algumas falas dos alunos durante as atividades de grupo e os seus comentários. Ao término do semestre fizemos uma leitura com bastante atenção das anotações e percebemos as várias tendências de comportamento dos alunos mediante ao novo
RESULTADOS:
Os resultados encontrados são interessantes e bastante informativos. Um resultado importante é a diferença de postura dos alunos nas aulas expositivas e nas aulas com atividades em grupos. Na primeira, mesmo o professor mantendo um ambiente interativo, os alunos ainda mostravam -se muito desinteressados, ao passo que até mesmo os mais tímidos, nos grupos mostravam -se participantes. Este comportamento era mais nítido quando assumiam a função de cético. Isto é uma pista para um outro resultado: as funções atribuídas a cada membro do grupo contribuíram para que os alunos tivessem uma participação ativa a cada aula. A forma com que o professor avaliava os grupos interferia diretamente nas suas discussões Para que os alunos pudessem ser dispensados era preciso que eles mostrassem os resultados e as respostas obtidos. Com isto, percebemos que os alunos não tinham o foco no processo de discussão e sim no resultado final. Através das falas dos alunos registradas foi possível perceber o quanto os alunos tinham mudado suas visões de mundo.Um exemplo mais forte disto é o que um aluno comentou durante uma aula: “não sei se o professor quer que eu escreva o que eu penso ou que ele pensa”. Os alunos no inicio do semestre se mostravam bastante resistentes a este tipo de atividade, pois achavam que tal pratica era incoerente com uma aula em uma universidade.
CONCLUSÕES:
Os resultados que nós encontramos nos revelam detalhes que não seriam percebidos apenas com resultados quantitativos. A pesquisa etnográfica nos forneceu assim, meios para que a aplicação de técnicas de engajamento interativo pudesse ser melhorada e ampliada para outras turmas de Física I do Departamento de Física da UFJF. Uma mudança a ser feita, é na avaliação dos grupos, onde os alunos devem ser levados a ter o foco no processo como um todo e não apenas no resultado final, como foi constatado. Esta avaliação de grupos tem sido nosso objeto de estudo. A etnografia em sala de aula permite ao professor uma constante reflexão de seu trabalho, pois vai ajuda-lo a desenvolver melhor as novas técnicas em sala de aula. Não realizamos uma pesquisa semelhante em turmas cujas aulas não foram modificadas, a fim de ser feita uma comparação, pois isto envolve outros professores do Departamento de Física e estes não demonstram muito interesse por pesquisas em Ensino de Física. A nossa proposta de trabalho futura é realizar esta pesquisa em mais de uma turma (com técnicas de engajamento interativo) comparando seus resultados.
Instituição de fomento: BCCG/UFJF, CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Engajamento Interativo; Ensino de Físca; Etnografia em sala de aula.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004